O abastecimento de combustível no Distrito Federal começa a ser normalizado.
Umas das questões que mais causam polêmica e revoltam os consumidores de combustíveis no Brasil são os constantes reajustes anunciados na mídia e que nunca chegam efetivamente as bombas.
Mas porque isso acontece e porque o governo e os órgãos fiscalizadores oficiais nada fazem para tentar resolver essa polêmica eterna?
A equipe de Jornalismo da Rádio Educadora conversou com um especialista sobre a realidade dos repasses das distribuidoras no Brasil.
Primeiro vamos esclarecer como funciona a cadeia produtiva de petróleo no Brasil: A extração de petróleo é feita por várias empresas, porém com domínio da Petrobrás. Refinar combustíveis no Brasil é uma exclusividade da Petrobrás. Algumas distribuidoras importam gasolina e diesel de outros países, mas esse percentual não é tão significativo.
A distribuição é feita por diversas distribuidoras (bandeiras), algumas regionais outras nacionais e algumas internacionais. Por fim, temos os postos de combustíveis, que por força de lei são obrigados á comprar produto de alguma distribuidora (bandeira).
“É consenso entre as pessoas que a culpa dos repasses é do posto de combustíveis, como se o posto, o último elo da cadeia seja sempre o responsável por não repassar.”
Os Postos foram transformados em vilões nos últimos tempos. É mais fácil ir pra rede social dar um esporro no dono do posto, afinal eu conheço ele, ele é próximo ás pessoas da comunidade e tem que escutar mesmo. Ou talvez xingar o governo, seja ele do estado, ou do país, afinal criamos a cultura de que político é tudo “sem vergonha”.
Nos últimos tempos a pressão caiu em cima dos governadores por conta dos “monstruosos” 30% de ICMS que eles cobram sobre o preço de venda, que viram 50% ou mais sobre o preço de compra. Xingar a Petrobrás pouco resolve, afinal quem é o dono da Petrobrás? Não adianta, o dono, o presidente da Petrobrás não vai escutar mesmo.
“O que ninguém nunca pergunta e também ninguém sabe é que existe no elo da cadeia de distribuição um componente chamado DISTRIBUIDORA (ou bandeira) e aí que está um dos principais motivos pelo qual as baixas de combustíveis não chegam na sua totalidade aos consumidores.”
Mas de que adianta xingar a Shell, a Ale, a Petrobrás ou a Ipiranga? Se a população não sabe quem são os proprietários dessas bandeiras? Aliás, muitos nem sabem que existe essa cadeia.
Saiba que a Petrobrás Refinaria repassa as baixas anunciadas para as distribuidoras (bandeiras) na integralidade que são divulgadas, e como o mercado é livre as distribuidoras tem amparo legal pra repassar aos postos o quanto quiserem desta baixa. Na maioria das vezes, pra não dizer 100% das vezes a baixa se desintegra no caminho, e não chega aos postos, que por sua vez não conseguem repassar o que a mídia anuncia.
E aí começa a guerra! O consumidor não sabe que a distribuidora ganhou 10% de baixa e repassou metade ou menos disso para o posto, pois ninguém tem acesso á essa informação. As distribuidoras se escondem atrás de marcas renomadas, mundiais, não tem sedes gigantescas próximo aos consumidores finais , são “barrigas de aluguel” na cadeia de distribuição, pois a maioria nem base de distribuição tem. E ficam o tempo todo ocultas na grande mídia, não dão a cara á tapa como os postos.
Resumindo, Petrobrás baixa, governo anuncia, distribuidora fica com grande parte da baixa pra engordar seus caixas, os postos não recebe a baixa integral , não conseguem repassar e o povo atira a pedra em quem pode, que é o posto.
É passada hora de o governo rever essa relação, mexer na ferida , cobrar transparência das distribuidoras que estão escondidas atrás de grandes marcas e blindadas das críticas do povo que sente na pele o custo dessa atitude sem escrúpulos e gananciosa.
Alguém já viu alguma postagem em rede social criticando a distribuidora que ganhou 10% de baixa no preço da refinaria e repassou 3% pro posto?
A ANP, Ministério da Economia, Procon, órgãos de defesa do consumidor, o que estão esperando para fiscalizar e cobrar transparência das distribuidoras? Afinal a Petrobrás está fazendo a parte dela, o governo está fazendo a parte dele, os postos até tentam e se tornam o escudo de todas as reclamações (com razão) do povo.
E o elo oculto da cadeia , que bagunça tudo escondidinho protegido por uma legislação arcaica que obriga o posto por força de lei comprar obrigatoriamente combustíveis de uma distribuidora, como fica?
O presidente dando explicações, o governador dando explicações , o dono do posto dando explicações do inexplicável e quem faz toda bagunça (as bandeiras) ficam blindado, protegido, escondido porque a mídia e o povo não tem acesso a eles.
“O verdadeiro vilão do mercado de combustíveis hoje no Brasil são sim as DISTRIBUIDORAS! É hora do governo acordar, do povo acordar, dos órgão reguladores acordarem! O repasses só vão chegar integralmente ao consumidor se as distribuidoras baixarem o preço, e porque ninguém mexe com eles? Deixa o posto comprar direto da refinaria que o preço baixa, Deixa o posto comprar direto da refinaria que a baixa vai chegar ao consumidor sim. A culpa não é da Petrobrás, a culpa não é do governo, a culpa não é do posto, Quem não repassa as baixas integralmente são as distribuidoras e quem paga a conta é o povo!” Finalizou o especialista.
