Rui Car
01/10/2019 11h08

Em 20 anos mortes por câncer de mama crescem 158% em Santa Catarina

Apenas em 2019 o Instituto Nacional do Câncer estima 2.190 diagnósticos no Estado

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A chegada do mês de outubro nesta terça-feira (1°) acende anualmente o alerta para uma doença silenciosa e crescente: o câncer de mama. A mobilização nasceu em 1997, nos Estados Unidos e tem uma conotação especialmente preocupante em Santa Catarina. Ao observar os dados dos últimos 20 anos, partindo do ano que deu inicio a mobilização nacional, nota-se um crescimento de 158% nas mortes por tumores malignos de mama, de acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM).

 

Os dados do Sistema único de Saúde (SUS) estão disponíveis até o ano de 2017 e apontam um crescimento progressivo da doença a partir de 2002 em todas as regiões do Estado. No período de 1997 a 2007, o número de vítimas passou de 241 para 623.

 

A médica ginecologista, Luísa Guedes, explica que alguns fatores podem estar relacionados aos dados, como por exemplo o aprimoramento dos procedimentos médicos aliado a conscientização e o consequente aumento no número de diagnósticos.

 

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) aponta um avanço na faixa etária das mulheres com câncer de mama. Na última avaliação do órgão que levou em conta um período de 36 anos notou-se que a idade média aumentou cinco anos. Em 1980, era de 56 anos, em 2016, chegou a 61 anos.

 

O órgão explica que isso está relacionado ao aumento na proporção de mulheres idosas no Brasil, que passou de 6%, em 1980, para 13%, em 2016. Além disso, também destaca na pesquisa que as taxas de mortalidade estão fortemente relacionadas ao acesso aos serviços de saúde e à qualidade da assistência que é ofertada.

Apenas neste ano o Inca estima 2.190 novos diagnósticos em Santa Catarina, sendo a região Sul do país a que tem a maior taxa de incidência da doença no Brasil. No Estado são 61,9 casos a cada 100 mil habitantes. No Paraná o valor é de 64,7. No Rio Grande do Sul o número é ainda mais elevado: 88,23. O número de casos estimados de câncer de mama feminina no Brasil para 2019 foi de 59,7 – com taxa de 56,3 por 100 mil mulheres.

A médica Luísa Guedes explica que há situações que são já amplamente relacionadas à ocorrência da doença. Segundo ela, percebe-se que há uma série de atitudes relacionadas a um estilo de vida comum na sociedade moderna que podem influenciar no aparecimento der tumores.

— Fatores como não amamentar, ter filhos depois dos 30 anos, menstruar cedo, menopausa tarde e reposição hormonal por mais de cinco anos podem influenciar no surgimento dos tumores — diz Luísa.

A profissional cita também os riscos genéticos como histórico familiar de câncer de mama, ovário e etc, junto de outros evitáveis, como obesidade, tabagismo e ingestão de bebidas alcoólicas em excesso. Ela ressalta que é fundamental o monitoramento de rotina, com consultas regulares ao médico, já que o câncer é muitas vezes silencioso. Quanto mais cedo for o diagnóstico, maior é a chance de cura.

— A maior incidência vai dos 50 aos 70, por isso recomenda-se que a partir dos 40 se faça exame de mamografia anualmente. Já pessoas com fatores de risco às vezes precisam começar mais cedo, em torno de uns 10 anos antes do familiar mais jovem que teve. Antes dos 40 a mamografia não é recomendada, pois a incidência é baixa — recomenda a ginecologista.

Sintomas e tratamento

O sinal mais comum de câncer de mama é o aparecimento de nódulo, geralmente indolor, duro e irregular. Outros sinais de câncer de mama são:

– Edema cutâneo – pele semelhante à casca de laranja.

– Dor.

– Inversão do mamilo.

– Descamação ou ulceração do mamilo.

O tratamento de câncer de mama, está previsto no Sistema Único de Saúde (SUS) que deve oferecer todos os tipos de cirurgia, como mastectomias, cirurgias conservadoras e reconstrução mamária, além de radioterapia, quimioterapia, hormonoterapia e tratamento com anticorpos. A lei nº 12.732, de 2012, estabelece que o paciente com neoplasia maligna tem direito de se submeter ao primeiro tratamento no SUS, no prazo de até 60 dias a partir do dia de diagnóstico.

 

 

NSC

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