Rui Car
16/10/2020 11h41

Ataques cibernéticos marcam início da campanha de vereadores em SC

Em Rio do Sul, candidato quase perdeu a conta no Facebook

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Candidata a vereadora de Chapecó teve problemas em duas reuniões de vídeo e invasores reproduziram até mensagem nazista no ataque cibernético (Foto: Reprodução)

Candidata a vereadora de Chapecó teve problemas em duas reuniões de vídeo e invasores reproduziram até mensagem nazista no ataque cibernético (Foto: Reprodução)

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A campanha para conquistar uma cadeira de vereador em Santa Catarina tem recordes de candidaturas em diversas cidades. Na Capital, dos 23 vereadores em exercício, 20 buscam a reeleição e há mais de 500 nomes na disputa. O cenário é acirrado e há registros de ataques cibernéticos e situações constrangedoras, que nada têm a ver com a democracia.

 

Em busca da sobrevivência – reflexo do fim das coligações na eleição proporcional – os partidos lançaram mais candidatos do que na última eleição municipal.

 

Em Florianópolis e em Joinville, o crescimento é de 35% nas candidaturas. Eles ainda são tímidos nas ruas e deixam um ou outro santinho perdido no chão, mas nas redes sociais, a história é diferente.

 

Ainda durante a pré-campanha, a candidata Fafá Capela (PCdoB) foi atacada por hackers em uma live sobre política. Ela estava fazendo uma transmissão no Instagram, com as ex-vereadoras Clair Castilho e Angela Albino.

 

No momento da invasão, Albino falava sobre a política ser um espaço masculino e foi interrompida por um gemido de conotação sexual. Em seguida, o invasor pede: “Ô gente, sem fazer barulho”.

 

Capela registrou um boletim de ocorrência e aguarda a conclusão da investigação policial. Situação parecida ocorreu em Chapecó, com a candidata Carol Listone, também do PCdoB. Ela estava em uma plenária virtual na plataforma Meet, com apoiadoras da campanha, e teve a reunião invadida. A candidata procurou a Delegacia da Mulher, registrou BO, e também aguarda retorno.

 

Os hackers reproduziram vídeos nazistas e músicas com letra de baixo calão. Eles comemoraram o ataque e reproduziram o ataque cibernético no Canal do Youtube Antonimus, que registrou outras invasões a reuniões de advogados e psicólogos, por exemplo. O vídeo da invasão na reunião de Listone tem mais de 200 mil visualizações. 

 

Candidato de Rio do Sul ficou sem acesso ao perfil

 

Candidato a vereador de Rio do Sul, Ivo Wessner (PSDB) é estreante em eleições e diz que faz a campanha de um homem só. Músico com 33 anos de palco, criou e executou um vídeo no mínimo diferente, com um jingle totalmente original, para o lançamento de sua campanha. 

 

A publicação já está com 7,6 mil visualizações, mais de 700 interações e centenas de compartilhamentos do vídeo no Facebook, mas, nem todo mundo gostou.

 

Após o boom de acessos, o perfil de Wessner na rede social chegou a ficar três dias fora do ar. O candidato acredita ter sido foi alvo de milícias digitais, pois, o Facebook informou que ele teria publicado vídeo de nudez. Ele alega que não.

 

Com a palavra, o Facebook

 

Todos os meses, 143 milhões de pessoas acessam o Facebook no Brasil. Os dados se referem ao segundo trimestre de 2020. A reportagem do ND+ questionou a empresa sobre as denúncias que derrubaram o perfil de Ivo Wessner. Eles informaram que não é uma prática comentar casos isolados com as contas de seus clientes.

 

A empresa também apresentou à reportagem uma série de medidas adotadas para informar seus esforços, nos diversos aplicativos, para garantir a integridade das eleições municipais de 2020 no Brasil.

 

Vale ressaltar que as redes sociais se transformaram em alternativa de boa parte dos candidatos para garantir a aproximação com o eleitor.

 

O espaço do TV e rádio está menor, a pandemia impede candidatos de se apresentar e fazer campanha nas ruas e, com isso, a rede social é o principal palco.

 

Propostas estão em cards e lives do Facebook e Instagram, santinhos chegam pelo WhatsApp, reuniões de campanha são realizadas pelo Zoom, ou Google Meet e outras plataformas, como Twitter e até os e-mails estão na ordem do dia, carregando e espalhando as bandeiras dos candidatos.

 

Soluções apresentadas

 

Mais importante do que nunca em uma eleição e traumatizados com os problemas nos EUA e Brasil nas eleições de 2018, o Facebook se preparou melhor em 2020. Nas palavras da empresa, a ideia é “proteger a integridade das eleições e garantir que as pessoas possam expressar suas vozes”.

 

A rede social elaborou um conjunto de informações, que foi enviado à imprensa, onde detalha suas ações, como bloquear milhões de contas falsas e fazer parcerias com agências de checagem independentes, como por exemplo, a Agência Lupa e a Aos Fatos, ambas certificadas pela IFCN (International Fact-Checking Network).

 

O Facebook também informa, no documento, que quando algum conteúdo viola os Padrões da Comunidade, é removido da plataforma assim que identificado, seja por mecanismo de inteligência artificial ou denúncias dos próprios usuários.

 

É o que pode ter ocorrido com a conta de Wessner. Segundo a assessoria do Facebook, a conta dele foi bloqueada inicialmente por uma semana, mas voltou em três dias e o candidato já está usando normalmente.

 

O que dizem os especialistas sobre segurança digital

 

A reportagem do ND+ também ouviu o especialista em segurança digital da Teltec Solutions, Frederico Pereira, e pediu um guia de boas práticas para os candidatos na internet.

 

Segundo Pereira, os candidatos devem avaliar bem, antes de publicar em suas redes. Ao navegar na internet, ele diz que é preciso ter cuidado redobrado e cuidar com links, para não instalar nada errado ou suspeito no computador.

 

Pereira orienta cuidados no uso dos perfis pessoais e de campanha e lembra que é preciso trocar as senhas periodicamente. Ele também falou sobre cuidados em reuniões online.

 

“O ideal é que os candidatos escolham plataformas que dão maior controle para quem está promovendo a live. Também é importante que haja moderadores. A partir do momento que você está abrindo um canal público, onde várias pessoas podem entrar, é preciso ter alguém controlando”, explica Pereira.

 

No caso da publicação feita no Facebook, o especialista em segurança digital explica que a rede faz uma análise inicial dos conteúdos e, quando identifica um palavreado diferenciado, algo que considere ofensivo, pode tirar a página do ar mesmo, por isso, reforçou os cuidados.

 

Em uma eleição onde a presença digital vale ouro e pode ajudar a eleger, não custa redobrar os cuidados e pensar bem a comunicação da campanha. Em 2020, ao que tudo indica, a eleição será mais nas redes e menos nas ruas.

 

POR: NÍCOLAS HORÁCIO – ND+

 

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