Aos 104 anos, Bernardina Angeli Fagundes, mais conhecida como Dona Dinha, comemora o fato de ter conseguido o emprego de volta. Aposentada desde os 65 anos, nos últimos 15 anos a ex-lavradora de São João Batista, na Grande Florianópolis, ajudou a filha a produzir estopas de limpeza, do tipo usado em oficinas mecânicas, mas havia parado de exercer a profissão.
Semanalmente, uma confecção de Porto Belo, no Litoral Norte, levava até a casa de Dinha o material para produzir as costuras, mas com a morte do proprietário, a produção havia sido interrompida. “Gosto muito de trabalhar e fiquei triste quando paramos de receber as estopas”, contou.
O trabalho não era feito por dinheiro, disse a aposentada Terezinha Fagundes, de 70 anos, filha de Dona Dinha.
“Há dois meses, nosso patrão morreu, a produção parou e ficamos sem trabalho. Recebemos R$ 0,50 por quilo de costura, não trabalhamos por causa desse valor, mas para nos mantermos ocupadas. Enquanto trabalha, minha mãe não tem com o que se preocupar, fica concentrada. Ela foi criada na lavoura, não consegue ficar parada”, contou.
Dinha com a filha Teca com quem produz estopas em São João Batista (Foto: Plácido Vargas/Divulgação)
Recontratação
A situação de Dona Dinha começou a mudar depois de ter encontrado, durante um passeio pela localidade de Colônia, na zona rural do município, o secretário de Desenvolvimento Econômico Plácido Vargas.
“Ela chorou ao contar que estava sem trabalho. Eu corri para casa, peguei meu celular para fotografá-la e brinquei: ‘se, aos 104 anos, Dona Dinha procura emprego, nós vamos ajudar’”, contou.
A foto de Dinha no sofá de casa com um sorriso no rosto foi parar nas redes sociais junto ao relato sobre a tristeza por estar sem trabalho. A informação chegou aos filhos do antigo patrão e Dinha foi “recontratada”.
“Na quarta-feira, o filho dele trouxe mais trabalho para a gente. Minha mãe voltou a montar a estopa na mesa, com o forro feito com retalhos de tecido e as capinhas, que eu costuro”, contou Terezinha.
Mãe de três filhos e viúva há 65 anos, Dinha mora com a filha Terezinha. “Eu gosto muito de trabalhar, já fiz muita costura de roupas de todos os tipos. Acordo às 6h, tomo café feito no fogão à lenha e começo a trabalhar. Nós também criamos galinhas e pintos, temos muito o que fazer. Não sei qual o segredo para viver bem e feliz, quem manda na minha vida é Deus”, relatou.
Segundo a prefeitura de São João Batista, Dona Dinha é considerada a moradora mais antiga da cidade.
Dinha é considerada a moradora mais antiga da cidade (Foto: Dirleni Dalbosco/Divulgação)
Por G1 SC