Rui Car
22/04/2017 05h25 - Atualizado em 21/04/2017 17h17

Filho de Cleber Santana não é aprovado no Sub-15; viúva desabafa, e Chape se justifica

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A polêmica envolvendo os conflitos entre Chapecoense e familiares das vítimas de 29 de novembro ganhou mais um capítulo. Dessa vez, mais específico, envolvendo os herdeiros de Cléber Santana. O filho mais velho do meia, Clebinho, de 14 anos, foi reprovado em peneira para ingressar nas categorias de base do Verdão, no início do ano, em episódio que não foi bem digerido por sua mãe, Rosângela Loureiro. Para a viúva, faltou sensibilidade aos responsáveis por causarem uma nova frustração na criança, tão pouco tempo após a tragédia na Colômbia. O clube, por sua vez, garante que as portas seguem abertas para o garoto, mas que não há distinção no processo de avaliação.

 

Clebinho já tinha participado de um processo seletivo na Chape na temporada passada e, após um curto período, parou com os treinamentos. De acordo com a mãe, o processo estava cansativo e houve consenso em casa para que o jovem reiniciasse em janeiro de 2017, para que tivesse igualdade de condições com os concorrentes. No retorno, em peneira com 683 inscritos, de acordo com o clube, o rendimento foi abaixo do esperado e o desejo de seguir os passos do pai adiado.

 

Os amigos dizem que é canhoto, que vai ser igual o pai. Aí, chegou lá e não passou por estar sem condicionamento. Como uma criança, passando por isso tudo, vai ter condicionamento? Se fosse uma pessoa sensata, não faria isso. Ele quando crescer quer começar na Chapecoense. Eu disse: “Você começa onde for, mas não nessa Chapecoense” – desabafou Rosângela.

 

Responsável pelas categorias de base da Chape, Mano Dal Piva explica o procedimento e aponta o porte físico de Clebinho como determinante para o resultado da avaliação. Apesar de reconhecer a importância de Cleber Santana para o clube – é apontado como um dos principais jogadores da história -, o dirigente reforça que não pode existir privilégios no processo seletivo:

 

– Ele veio fazer avaliação, ficou uns dias e não voltou mais. Era bem franzino e pequeno, achávamos até que era sub-13. Segundo o pessoal, no ano passado ele foi fazer avaliação e parou. O próprio Cleber deve ter visto que era preciso fazer algo diferente por estar muito abaixo dos demais.

 

Dal Piva, por sua vez, deixa as portas abertas para um retorno de Clebinho, assim como o presidente Maninho. O diretor geral da base lembra ainda que avaliações constantes são naturais em meninos tão novos, como os da categoria sub-15.

 

– Ele pode voltar daqui a três meses, avaliamos, fazemos algo diferente. Se percebemos que qualquer um tem potencial, desenvolver, é algo bem tranquilo. Os meninos mudam muito de tempo em tempo nessa fase de crescimento, vai amadurecendo. Ninguém está fora e ninguém está garantido.

 

As explicações, no entanto, não são suficientes para Rosângela. Mais do que a questão técnica ou física, a viúva de Cléber Santana ressalta que faltou cuidado com a parte emocional no teste do início do ano:

 

– O que está acontecendo com ele, aconteceu com o pai, que era magrelinho, pequenininho para a idade. Mas não importa o tamanho, o que importa é que joga bola. Não cobro que coloquem meu filho no time, cobro que tivessem coração pelo que ele estava passando.

 

O filho caçula de Cleber Santana também está dando seus primeiros passos no futebol longe da Chapecoense. Haroldo, de 12 anos, até começou o ano no núcleo de Chapecó da escolinha do Verdão, mas atualmente defende o Grêmio.

 

 

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