Rui Car
01/10/2019 17h00 - Atualizado em 01/10/2019 10h49

Ayrton Senna salvou “match point” em Jerez de la Frontera com atuação dominante há 30 anos

Brasileiro alcançou o "Grand Chelem" ao conquistar a 40ª pole position na Fórmula 1 e vencer de ponta a ponta com direito à volta mais rápida

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Há 30 anos, no dia 1º de outubro de 1989, Ayrton Senna conseguiu uma categórica vitória no circuito de Jerez de la Frontera para adiar a decisão daquele campeonato para as últimas duas corridas da temporada. Foi o que se chama de atuação perfeita, com pole position, volta mais rápida e vitória de ponta a ponta.

 

Precisando vencer as últimas três corridas da temporada para derrotar o rival Alain Prost, Senna aniquilou a concorrência durante todo o fim de semana. Nos treinos classificatórios, o brasileiro ficou 0s274 à frente do segundo colocado Gerhard Berger (Ferrari) e com 1s077 de vantagem sobre o “companheiro” francês. Era a 40ª pole position do brasileiro.

 

Senna largou com perfeição e, ao contrário do que ocorrera no Estoril, não deu chances a Berger na disputa pela liderança. Apesar de ter mantido a ponta, o brasileiro só não conseguiu despachar o piloto da Ferrari nas primeiras voltas. Porém, como os dois não eram ameaçados por Prost, que não se encontrou em nenhum momento do fim de semana, Ayrton controlava o ritmo.

 

Só a partir da 20ª de 73 voltas foi que Senna começou a se distanciar mais, preparando uma troca de pneus. Prost foi o primeiro a parar, mas não conseguiu grandes progressos com pneus novos. Berger e Senna fizeram os pit stops nas voltas 27 e 28 e voltaram nas duas primeiras posições. Ali os dois abriram definitivamente uma grande vantagem sobre o francês.

 

Com o segundo jogo de pneus, Senna aumentou bastante o ritmo, sobretudo a partir da 40ª volta, quando respirou em relação a Berger. Como sempre, o brasileiro partia com muita decisão para cima dos retardatários. A volúpia de Senna no tráfego era tão grande, que uma fechada de Philippe Alliot deixou o brasileiro transtornado como se viu pela câmera onboard do carro.

 

Mesmo com esse susto, Senna aumentou de cinco para 15 segundos a diferença entre as voltas 40 e 50, o que decidiu a corrida. A esta altura, já sem chances de vencer, Prost fazia corrida burocrática em terceiro lugar, a mais de 40 segundos do líder.

 

Na parte final da corrida, tanto Senna como Berger tiveram seus contratempos: o brasileiro passou a ter dificuldades com os freios e teve de reduzir para as curvas com mais cuidado, enquanto o austríaco via seu carro soltar fumaça nos trechos de aceleração.

 

Naquele momento, uma quebra de Senna daria o tricampeonato a Prost, já que apenas a vitória interessava ao brasileiro nas três corridas finais. Mas Ayrton conduziu com calma seu carro nas voltas finais para chegar à sexta vitória em 1989 contra quatro de Prost.

 

Senna cruzou a linha de chegada com 27 segundos de vantagem sobre Berger, com Prost em terceiro a 53 segundos. Com um fortes dores, o brasileiro deixou o carro mancando muito mas conseguiu subir ao pódio:

 

– Foi muito difícil! Senti dor nas costelas, no lado direito e no nervo ciático. Na pista, a pressão de Berger não me permitiu salvar os pneus como eu esperava. Depois da minha parada, no entanto, o comportamento melhorou significativamente. Mas outros três problemas se apresentaram, com um câmbio frouxo, uma falta de pressão dos freios e a quebra do meu computador de bordo, o que me privou de qualquer informação.

 
 
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