O momento não favorece o Golf no Brasil e no resto do mundo. Cada vez mais pessoas estão comprando SUVs, e a Volkswagen já está empenhada em atacar todos os segmentos possíveis para esses veículos. O caso é que, nessa história, os automóveis tradicionais estão perdendo espaço, mesmo os mais emblemáticos, como o icônico hatch médio da marca. Por isso, o fabricante vai promover uma revolução digital na oitava geração do Golf, especialmente no painel interno, o cockpit.
Os flagras feitos por Stefan Baldauf, da agência alemã SB-Medien, mostram o novo Golf praticamente despido. É possível ver que o modelo traz um escudo diferente da Volkswagen, com fundo preto e tipografia mais fina, em que as perninhas do “W” não encostam no aro. O hatch vai estreá-lo. Pela pouca camuflagem, a expectativa era de que a nova geração fosse estrear logo. Esse era o plano: lançar o Golf 8 em setembro, no Salão de Frankfurt, maior feira de carros do mundo, na Alemanha, sua terra natal.
Porém, algo atrasou. Relatos iniciais da imprensa alemã diziam que a montadora estaria enfrentando “falhas digitais” no painel, que a empresa caracteriza como revolucionário para os carros da marca. No entanto, o diretor de vendas e marketing, Juergen Stackmann, disse a jornalistas que o atraso é estratégico. Segundo ele, a VW decidiu priorizar em Frankfurt a apresentação do primeiro modelo da linha I.D., de carros 100% elétricos.
Dessa forma, a apresentação do novo Golf fica adiada para o último trimestre deste ano, com vendas no início de 2020 (na Europa). De acordo com o executivo, essa foi a solução para dar a devida atenção ao hatch. Stackmann também citou o Natal como justificativa. Ao contrário do que ocorre no Brasil, quando muitos trabalhadores vão às compras com o 13º salário, as vendas de veículos por lá costumam esfriar no fim do ano.
Brasil fora dos planos?
Faz um tempo que o Golf não produz resultados animadores no mercado brasileiro. Em 2018, somou só 3.070 emplacamentos, volume que não justificaria sua produção na fábrica de São José dos Pinhais (PR). Não por acaso, a VW tirou recentemente de linha a perua Variant e segurou a produção do hatch. Para ter uma noção do recuo, em 2014 a atual geração somou mais de 16 mil unidades vendidas.
Diante dos fatos, é certo que a oitava geração não será nacionalizada. Tampouco virá do México, onde a produção também deverá ser encerrada — para dar prioridade à produção do sedã Jetta e do SUV Tiguan, que têm maior saída nos Estados Unidos. Dessa forma, o novo Golf deverá chegar ao Brasil importado da Europa — e só em 2021.
A nova geração ganhará uma versão aprimorada da plataforma MQB e estreará um sistema híbrido leve (Mild Hybrid) de 48 Volts associado aos motores TSI, para cumprir metas de emissões. Por dentro, a principal novidade será o painel totalmente digital, que promete fazer história no hatch.