Rui Car
05/09/2019 16h10 - Atualizado em 05/09/2019 13h46

Menina de 7 anos doa medula e salva a vida do irmão de 3

"A cura estava do nosso lado o tempo todo"

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O universo dos super-heróis costuma encantar as crianças, despertando nelas o desejo de quem sabe um dia salvar vidas com seu poderes. Mas, em Pernambuco, uma menininha de sete anos poderá contar aos amigos que é sim uma super-heroína. Acontece que Luiza Mello salvou a vida de seu irmão de três anos, Théo, ao fazer uma doação de medula óssea. O menino tinha uma doença rara e só assim seria curado.

 

Théo nasceu com uma síndrome chamada Blackfan Diamond, que afeta as células do sangue causando uma anemia profunda, e durante dois anos esperou no cadastro nacional um doador de medula. Foi então que em abril deste ano sua família viajou 2,3 mil km entre Petrolina e Curitiba, no Paraná, para uma consulta no Hospital Nossa Senhora das Graças e teve uma grata surpresa.

 

Arquivo pessoal
Arquivo pessoal

“A cura estava do nosso lado o tempo todo. Esse milagre estava preparado para nossa família”, conta a mãe das crianças, Cleonia Araújo, de 37 anos, se referindo ao fato de que a medula de Luiza era 100% compatível com a do irmão. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), esse é um fato raro já que a chance de compatibilidade entre irmãos é de apenas 30%.

 

E para completar a alegria da família, a pega medular – quando a medula já consegue produzir as células do sangue em quantidades suficientes e que ocorre em torno de 15 dias após o transplante – aconteceu no dia do aniversário de Luiza. “Por isso consideramos que agora os dois comemorarão o aniversário juntos”, diz Cleonia.

 

O amor da irmã para enfrentar uma rotina difícil

Segundo os pais, o transplante uniu ainda mais os irmãos. Quando Luiza soube que precisaria ajudar Théo para que ele sobrevivesse não relutou. “Expliquei que a cura dele estava dentro dela e ela concordou em ajudar”, lembra a mãe emocionada. Mas a atitude da menina não causou estranheza na mãe. Desde o nascimento do irmão, ela sempre foi dedicada e atenciosa com ele.

 

Por conta da rotina hospitalar, Théo sempre teve apenas a companhia de Luiza para brincar. “Quando ele completou um mês de vida, precisamos leva-lo imediatamente para o hospital, porque ele teve paradas cardíacas”, lembra Cleonia. Mesmo assim, o menino resistiu. Então, para se manter saudável, começou a receber transfusões de sangue a cada 20 dias, aproximadamente.

 

“Tentamos fazer o tratamento farmacêutico, com apenas um medicamento, mas a cada resfriado o quadro dele piorava. Ficamos com medo de infecções, mas nada aconteceu”, diz a mãe. Somente quando Théo tinha quatro meses é que a família soube que a única cura para a doença aconteceria com um transplante de medula óssea.

 

Arquivo pessoal
Arquivo pessoal

No hospital em Pernambuco, toda a família fez o teste para verificar a compatibilidade, que deu negativo, inclusive o de Luiza. Então, Théo entrou no cadastro nacional. Buscando mais informações sobre a doença, Cleonia soube que o processo para realização de um transplante aconteceria mais rápido em Curitiba e, em abril, a família viajou até a capital paranaense.

 

Ao apresentar os exames feitos anteriormente à equipe médica do Hospital Nossa Senhora das Graças foi constatado que, ao contrário do que havia sido dito, Luiza era a doadora perfeita para o irmão. O processo para o transplante durou dois meses e, em 8 de junho, Théo recebeu a medula da irmã e antes dos 15 dias previstos aconteceu tão esperada pega medular.

 

“Agora alcançamos a cura definitiva dele. Os médicos até nos liberaram para voltar para a casa antes dos 100 dias estipulados após o transplante. Em um ano, ele poderá passear no parque, brincar com outras crianças, como sempre quis”, finaliza a mãe.

 

O que é a síndrome Blackfan Diamond?

A síndrome Blackfan Diamond é uma doença congênita em que os glóbulos vermelhos (hemácias) produzidos pelo indivíduo são muito frágeis desde os primeiros dias de vida. Elas duram muito pouco na corrente sanguínea, o que provoca uma anemia profunda e pode prejudicar outros órgãos com o tempo.

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