Rui Car
13/09/2018 11h30 - Atualizado em 13/09/2018 09h12

Mãe de um bebê fotografado junto às cinzas de seu irmão gêmeo fala sobre sua dor

Cherie descobriu, com 20 semanas, que Johnny tinha falecido

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Uma mãe, arrasada, fala de sua dor, depois de tocar na foto de seu filho, Tiger, posando ao lado das cinzas de seu irmão gêmeo falecido. A foto foi premiada, e a mãe disse que, embora esteja extremamente orgulhosa, nunca vai esquecer a dor de perder um filho.

 

A mãe neozelandesa Cherie Ayrton descobriu no seu ultrassom de 5 meses que um de seus gêmeos, Johnny, havia falecido, de acordo com o site Stuff, da Nova Zelândia. Ela o carregou até o fim e deu à luz ao natimorto. Caso contrário, seu irmão gêmeo, Tiger, não teria sobrevivido.

 

Uma foto de Tiger deitado ao lado das cinzas de seu irmão – com os dois conectados através de um cordão umbilical simbólico, feito de tecido – ganhou o maior prêmio na categoria recém-nascido no Prêmio de Mestres de Fotografia 2018, uma mostra de fotografia internacional. A fotógrafa Sarah Simmons, residente em Wellington, capturou o momento incrível.

 

Cherie disse que embora estivesse feliz por Sarah Simmons e ‘muito orgulhosa’ da imagem, o interesse na foto trouxe a ela muitas memórias traumáticas.

 

“Os últimos dias tem sido muito emotivos e trouxeram de volta vários sentimentos e memórias a respeito do que eu passei e continuo passando”, conta Cherie ao Yahoo Lifestyle.

 

“Eu também estou muito orgulhosa e honrada pelos compartilhamentos, devido ao talento incrível de Sarah. Estou muito feliz por ela e pelo seu sucesso”, disse ela. “Gosto de saber que a memória do meu filho pode ajudar outras famílias a passar pelas suas próprias jornadas.”

 

Cherie Ayrton diz que acredita haver a necessidade de uma conversa mais aberta a respeito dos natimortos. (Foto: Cortesia de Sarah Simmons)
 

Cherie descobriu, com 20 semanas, que Johnny tinha falecido, sem os médicos conseguirem dizer porque isso aconteceu.

 

“Se eu quisesse fazer testes eu poderia, mas correria o risco de entrar em trabalho de parto e perder o Tiger também. Então, claro, não fizemos nada”, disse ela.

 

“Eu tive que carregar [Johnny] até o parto. Foi uma experiência muito traumatizante, porque tivemos que o ver, através de uma tela de TV e ultrassons, ele se despedaçando lentamente”, disse Cherie. “Foi horrível, eu me senti como um caixão temporário. Essa é a única maneira que eu consigo explicar.”

 

Cherie acredita que não se fala o suficiente sobre os natimortos e que ela se conforta pelo fato de que a sua dor pode ajudar outras pessoas a se sentirem melhor.

 

“Eu tenho tentando aumentar a conscientização sobre esse tipo de perda, desde o ocorrido, por isso estou feliz por essa bela imagem estar sendo compartilhada”, disse ela. “Com sorte, minha dor pode ajudar outras pessoas. É uma jornada solitária, se ninguém fala a respeito disso”.

 

Sarah Carty

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