Rui Car
24/01/2017 11h37 - Atualizado em 24/01/2017 08h21

Gestão do lixo: quem paga o desperdício? Todos nós!

E se as famílias brasileiras não jogassem comida fora?

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São Paulo, a maior cidade do Brasil, com mais de 12 milhões de habitantes, produz cerca de 20 mil toneladas de resíduos por dia, segundo a prefeitura. Desta montanha de lixo, aproximadamente 12,5 mil toneladas são de coleta domiciliar e pelo menos 35% tem possibilidade de ser reciclado. Mas, somente 6,56% deste potencial é aproveitado. Sendo que nos anos anteriores era ainda pior. Antes da gestão de Fernando Haddad, este número não chegava a 2%.

 

No país, o total de resíduos sólidos urbanos produzidos em 2015 foi de 79,9 milhões de toneladas, alta de 1,78% sobre 2014. Parece pouco? Levando em consideração que a população aumentou menos de 1% neste período e o PIB teve uma retração de 3,8%, esta alta representa muito. Passamos a gerar 218.874 toneladas por dia ou 1,071 kg por pessoa, equivalente a um crescimento de mais de 26% na década, de acordo com os dados do relatório Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil, divulgado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

 

Fica ainda pior. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), um em cada três alimentos produzidos no planeta vai parar no lixo. Enquanto, uma pessoa em cada oito vai dormir com fome todos os dias. Então, mesmo o mundo produzindo o suficiente para 12 milhões de pessoas, o desperdício faz com que os alimentos não cheguem à mesa de todos e ainda faltem nos mercados, aumentando os preços para os consumidores e causando prejuízo de R$ 1,6 trilhão ao ano.

 

E se as famílias brasileiras não jogassem comida fora, o fim do desperdício traria benefícios imediatos ao bolso delas. Com acesso a produtos mais baratos, elas poupariam R$ 90 todos os meses. A estimativa do Instituto Akatu, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ainda aponta que cada uma descarta, em média, 20% dos alimentos que compra.

 

Além disso, o ambiente também sairia ganhando. O mundo deixaria de emitir 3,3 gigatoneladas de CO2 para a atmosfera, já que se o descarte de alimentos fosse um país ficaria em terceiro lugar no ranking dos maiores emissores de gases de efeito estufa, atrás apenas da China e dos Estados Unidos, de acordo com a FAO.

 

Boas novas

O Brasil reciclou quase 97,9% das latinhas de alumínio em 2015, equivalentes a 292,5 mil toneladas, segundo a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas). Segundo o levantamento, somente na coleta foram investidos cerca de R$ 730 milhões na economia brasileira e a reciclagem deste material consome apenas 5% da energia que seria utilizada para a produção das mesmas latas de bebidas a partir do alumínio primário, extraído da bauxita.

 

Outra boa notícia, é que existem várias práticas de incentivo ao consumo consciente como a plataforma FARMSQUARE. Idealizada pelo ator e apresentador Rodrigo Hilbert, ela permite trocar ou doar comida excedente com outras pessoas, visando o combate ao desperdício e a alimentação saudável. Podem participar pessoas comuns, agricultores urbanos, supermercados e até restaurantes.

 

 

Por Daiane Brito.

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