Rui Car
25/06/2020 11h51

Três meses após primeira morte, SC tem pico de óbitos e contaminações

Primeira vítima fatal da doença no estado morreu no dia 25 de março

Assistência Familiar Alto Vale
Fonte: NSC (Imagem ilustrativa)

Fonte: NSC (Imagem ilustrativa)

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Três meses após a confirmação da primeira morte por covid-19, Santa Catarina vê o número de vítimas do coronavírus subir de forma rápida e vive um momento de recuo nas flexibilizações do isolamento social. Com 279 óbitos confirmados, o Estado divulgou nesta quarta-feira (24) o maior número de mortes em um único boletim até agora, com novos 16 casos fatais, ocorridos entre os dias 17 e 24 de junho. Somente neste mês, o número acumulado de mortes quase dobrou.

 

A primeira morte pela doença no Estado foi confirmada no dia 25 de março em São José, na Grande Florianópolis. Um idoso de 86 anos que estava em um asilo na cidade de Antônio Carlos, onde acabou contaminando outros moradores que também faleceram nos dias seguintes. Naquele dia 25, Santa Catarina tinha 122 casos confirmados de covid-19 e vivia o momento de isolamento social mais rígido desde o início da pandemia.

 

Hoje o Estado vive uma situação de incerteza em relação ao coronavírus. Após retomar praticamente todos os serviços e reabrir comércios, shoppings, academias e praias, o número de casos cresceu na maioria das regiões e motivou, nos últimos dias, uma série de recuos. Cidades como Florianópolis, Blumenau, Joinville, Itajaí e Chapecó reforçaram as medidas de isolamento e voltaram a suspender atividades que já estavam funcionando normalmente.

 

Conforme os dados do Ministério da Saúde, SC ainda é o quarto estado do Brasil com menos mortes por covid-19, atrás apenas de Mato Grosso do Sul, Tocantins e Roraima. O índice baixo de letalidade, segundo o governo e especialistas, tem a ver principalmente com um sistema de saúde que está conseguindo atender a demanda de pacientes. Embora a taxa de ocupação dos leitos de UTI no Estado esteja em crescimento, pelo menos 35% da capacidade segue livre até o momento.

 

– Lá no início SC foi o primeiro estado a se isolar, deu um passo à frente em relação a qualquer outro estado. Foi fundamental para o que estamos vivendo hoje, Santa Catarina é praticamente o último a ter que retornar as medidas restritivas como está sendo feito agora. Mas agora está errado falar em isolamento social, hoje Santa Catarina tem apenas distanciamento social, e as pessoas não entenderam, não respeitaram e estão agindo como se a vida estivesse normal, se não tivesse um vírus por aí – ressalta a infectologista Sabrina Sabino.

 

As cidades com mais mortes em SC são Joinville (33) e Itajaí (30). Juntos, os dois municípios representam 22,5% de todos os óbitos no Estado. Já foram registradas mortes em pelo menos 80 cidades catarinenses.

 

Homens idosos são maioria entre as vítimas

 

Conforme os dados do governo de Santa Catarina, 57% das mortes por causa do coronavírus no Estado foram de homens, e 201 dos 279 óbitos registrados foram de pessoas com mais de 60 anos. A faixa etária com mais vítimas em SC é dos 70 aos 79 anos, enquanto entre as pessoas contaminadas pela doença a maior proporção está entre os jovens de 30 a 39 anos.

 

– Quando falamos de infectados, de 30 a 39 anos, essa é a massa populacional que está trabalhando, quem circula mais e vai se contaminar mais. O perfil de óbitos das pessoas acima de 60 anos está seguindo todos os estudos do Covid-19. Tem mais óbitos por diversos motivos. São pessoas com mais comorbidades, principalmente diabetes e hipertensão, além de problemas pulmonares e cardíacos. É o perfil de óbito de qualquer doença na medicina. Quanto maior a idade, pior o status fisiológico da pessoa – explica a infectologista.

 

Embora os números evidenciem a letalidade da doença nos grupos de risco, casos em Santa Catarina de jovens sem histórico de doenças que também morreram com covid-19 mostram que a doença pode ter complicações em todas as faixas etárias. Conforme os dados do governo, 17 pessoas com menos de 40 anos morreram por causa do coronavírus no Estado.

 

Para Sabrina, Santa Catarina está em um momento em que deve olhar com atenção ao número de mortes e as taxas de contaminação da doença. Para ela, o número de casos seguirá subindo como qualquer vírus respiratório que está sendo testado massivamente, mas a retomada do isolamento social é importante para frear o crescimento das mortes:

 

– Não dá pra criticar comércio, shopping, ambientes fechados, porque as pessoas têm que ter a noção que não é hora de passear com a família. Elas precisam entender que é um vírus que mata.

 

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