Rui Car
16/11/2020 08h54

MDB, PP, PSD e PSDB elegem 75% dos prefeitos de SC

Os emedebistas mostraram a tradicional força nos pequenos municípios e conquistaram mais uma vez o maior número de prefeituras: foram 96

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Itajaí, do prefeito reeleito Volnei Morastoni, é a maior das 96 cidades conquistadas pelo MDB em SC (Foto: Divulgação)

Itajaí, do prefeito reeleito Volnei Morastoni, é a maior das 96 cidades conquistadas pelo MDB em SC (Foto: Divulgação)

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Dois anos depois de provocar uma das maiores ondas de renovação já vistas na política estadual, os eleitores catarinenses resolveram escolher nomes conhecidos e partidos tradicionais nas Eleições 2020. MDB, PP, PSD e PSDB fizeram, somados, 75% dos prefeitos dos 295 municípios catarinenses.

Os emedebistas mostraram a tradicional força nos pequenos municípios e conquistaram mais uma vez o maior número de prefeituras: foram 96. Cinco delas estão nas 20 maiores cidades: Itajaí, Jaraguá do Sul, Brusque, Camboriú e Gaspar. O segundo partido com mais prefeituras será o PP, com 52. No entanto, tem apenas Tubarão entre os maiores colégios eleitorais. O PSD teve maior equilíbrio entre quantidade de eleitos e tamanho das cidades: venceu em 42, incluindo São José, Chapecó, Palhoça, Lages e Rio do Sul. Ainda disputa o segundo turno em Joinville, maior eleitorado do Estado. Fechando o grupo, o PSDB fez 32 prefeitos, incluindo Criciúma, São Bento do Sul, Caçador e Concórdia.

 

Não só nos números os catarinenses deram alento à política tradicional. Em 12 dos 20 maiores municípios do Estado, os atuais prefeitos foram reeleitos – todos os que concorreram. Neste grupo estão nomes como Gean Loureiro (DEM-Florianópolis), Volnei Morastoni (MDB-Itajaí), Clésio Salvaro (PSDB-Criciúma), Antídio Lunelli (MDB-Jaraguá do Sul) e Joares Ponticelli (PP-Tubarão). O número pode aumentar se Mário Hildebrandt (Podemos) vencer o segundo turno em Blumenau contra o ex-prefeito João Paulo Kleinübing (DEM). Em três cidades em que o prefeito não era candidato, venceu um aliado dele: Orvino de Ávila (PSD-São José), Eduardo Freccia (PSD-Palhoça), Ari Vechi (MDB-Brusque).

 

Em 2018, a bordo da onda que elegeria Jair Bolsonaro presidente da República, os catarinenses utilizaram seu partido à época, o PSL, como vetor de uma ruptura política. O recado era claro diante do cenário colocado pelos partidos tradicionais: o eleitor preferiu votar em desconhecidos aos de sempre. Assim, a chapa com Carlos Moisés e Daniela Reinehr foi eleita com 71% dos votos válidos no segundo turno, consolidando os resultados do primeiro turno, quando o PSL elegeu seis deputados estaduais e quatro federais.

 

Nestes dois anos, o PSL foi notícia mais por brigas internas do que por debates programáticos, perdeu Jair Bolsonaro e viu a liderança nascente de Moisés ser abalada por dois processos de impeachment – um deles, causador de seu afastamento do cargo para julgamento. Neste contexto, o PSL catarinense acabou elegendo apenas 13 prefeitos, nenhum deles nas 20 maiores cidades. Um resultado levemente superior ao de seu antípoda ideológico, o PT, que conquistou 11 municípios.

 

O próprio bolsonarismo não conseguiu mostrar força nas urnas no domingo. O PL do senador Jorginho Mello abrigou diversas candidaturas do grupo – com destaque para Júlia Zanatta em Criciúma e Sérgio Guimarães em Palhoça. Ela ficou em terceiro lugar, com 6%, mesmo com apoio declarado do presidente. Ele, em quarto. O PL foi o quinto partido que mais elegeu prefeitos, 28 no total, mas também naufragou nas maiores cidades. Sua maior aposta era uma aliada de outro partido, a deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania). Mas ela foi derrotada em Lages pelo prefeito Antonio Ceron (PSD) por escassos 56 votos de diferença.

 

Nesse cenário em que os catarinenses voltaram a optar por nomes e partidos tradicionais, a maior surpresa veio de um partido estreante nas eleições municipais. O Novo ocupou o espaço mal aproveitado pelos bolsonaristas em Joinville e conquistou uma vaga no segundo turno com o empresário Adriano Silva. Ficou a apenas 2.111 votos de fazer o mesmo em Blumenau, onde o promotor aposentado Odair Tramontin perdeu a vaga para Kleinübing em disputa acirrada. O Novo disputou eleições em apenas seis cidades e elegeu vereadores em todas elas.

 

Assim, Joinville torna-se agora o palco de uma disputa particular entre as chamadas velha e nova política. Se Adriano Silva vencer o deputado federal Darci de Matos (PSD) no segundo turno, consolida o Novo como uma dos vitoriosos da eleição catarinense e faz de Joinville uma vitrine para o projeto estadual do partido. No entanto, se Darci vencer, ficará muito difícil negar o PSD de Júlio Garcia, presidente da Assembleia Legislativa, e do ex-governador Raimundo Colombo como grande vencedor da eleição ao conquistar cinco das dez maiores cidades do Estado.


POR: UPIARA BOSCHI – NSC


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