Rui Car
03/03/2020 14h21

Empresários do Alto Vale analisam efeitos do coronavírus

Na região, gestores afirmam que a tendência é de aumentar as exportações já que a China diminuiu a produção

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Enquanto médicos e cientistas correm contra o tempo para entender melhor o coronavírus e buscar meios para controlar sua disseminação, empresários do Alto Vale tentam mensurar o impacto da doença no comércio global.

 

No entanto, com a redução das exportações chinesas e a consequente queda no crescimento do país asiático, a situação pode se transformar em uma oportunidade de marcado para algumas empresas brasileiras. Na região empresários afirmam que a expectativa é de aumento nas exportações, já que a China não consegue atender a demanda de produtos que eram comercializados antes do surto.

 

Conforme o gerente de exportação de uma empresa de utilidades domésticas de Rio do Sul, Daniel Stolf, a Europa e América estão buscando alternativas de mercado.

 

“A expectativa é de aumentar nossa exportação, já que a China diminuiu a sua produção e países que importavam produtos chineses estão buscando alternativas para suprir a demanda de mercado”, comenta.

 

O economista Luiz Alberto Neves, confirmou que outro fator pode influenciar no aumento da exportação brasileira.

 

“A alta do dólar também é um dos fatores que podem contribuir para o crescimentos nas exportações, já que o aumento do valor da moeda americana é um estimulador para o mercado internacional”, analisa.

Segundo Neves, muitos países estão restringindo a importação de produtos chineses, já que existe um risco mínimo de contaminação no transporte.

“Aí se leva em conta o fator psicológico. Mesmo que seja pequeno o risco de contaminação através do transporte dos produtos chineses, existe um pavor generalizado em todo mundo e os países estão evitando importar produtos chineses”, explica.

 

Problemas na importação

 

O surto já representa um grande abalo na economia chinesa, pois tem fechado fábricas e centros comerciais, colocado regiões inteiras em quarentena e deixado muitos cidadãos trancados em suas casas por medo do contágio, reduzindo dessa forma o consumo e a atividade econômica.

 

Mesmo em regiões que não estão em quarentena, eventuais suspeitas de contaminação têm levado ao fechamento total de algumas indústrias até que se descarte um novo caso .Empresas, inclusive do Alto Vale, que importam da China estão tendo de lidar com atrasos na entrega e a falta de produtos.

 

A gerente de compras internacionais de uma empresa de componentes para bicicletas, Bianca Soares, afirmou que por conta do surto, uma empresa chinesa atrasou a entrega de mercadoria.

 

“Só não tivemos maiores problemas porque o estoque supriu a necessidade da empresa”, disse.

 

Projeção

 

Embora ainda seja difícil estimar a magnitude do choque na economia, já é praticamente consenso que a economia global e o PIB (Produto Interno Bruto) da China deverão crescer menos que o esperado em 2020.

 

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu a previsão de crescimento da economia mundial para 2020, passando a projetar um crescimento de 2,4%, menor expansão desde 2009 e ante expectativa anterior de 2,9%, citando o coronavírus e as contrações na produção chinesa.

 

A projeção da OCDE para a China é de uma taxa de crescimento de 4,9% em 2020, 0,8 ponto a menos do que as estimativas de novembro. Em 2019, o PIB chinês desacelerou para 6,1%, o menor crescimento em 29 anos.

 

Vale lembrar que a China é a segunda maior economia do mundo, com uma participação no PIB global da ordem de 16%.

 

Informações: DAV/Jorge Matias

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