Rui Car
18/11/2020 13h58

Carne e óleo caros: entenda aumento de preços nos mercados de SC

Aumento do dólar, insegurança na produção devido a pandemia e fenômenos naturais que afetam colheitas contribuem para escalada dos preços nos mercados

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Ceasa de São José, que media venda dos produtores aos empresários da região. Supermercadistas percebem aumento expressivo nos preços (Foto: Anderson Coelho/Divulgação/ND)

Ceasa de São José, que media venda dos produtores aos empresários da região. Supermercadistas percebem aumento expressivo nos preços (Foto: Anderson Coelho/Divulgação/ND)

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Ivana Nunes tem sentindo no bolso o aumento de preços desde agosto. A moradora de de Itapema, no Litoral Norte de Santa Catarina, percebe que têm ficado mais caro principalmente produtos como óleo, arroz, feijão e carne. A escalada de preços nos mercados é uma realidade sentida por moradores de todo o Estado.

 

“Um óleo de girassol que eu pagava R$6, agora eu pago R$10. Em um pedaço de carne que eu pagava R$ 17, agora está dez reais mais caro”, afirma a moradora, espantada com os preços.

 

No arroz, o preço pago por um pacote de 1kg duplicou, chegando perto dos R$5. A saída encontrada por Ivana foi visitar diferentes estabelecimentos e aproveitar as promoções em cada um deles.

 

Leite subiu 56,8% em oito meses

 

Essas oscilações não ocorrem por decisão arbitrária de proprietários dos supermercados, segundo o presidente da Acats (Associação Catarinense de Supermercados), Paulo Cesar Lopes.

 

“Vale ressaltar que esta formação de preço ocorre na indústria e não no supermercado, que é um repassador e elo final da cadeia produtiva antes do consumidor”, explica.

 

A título de exemplo, o preço do litro de leite pago ao produtor estava na faixa de R$1,25 em fevereiro. Nos meses seguintes, o valor cresceu gradualmente, chegando a R$1,96 por litro em outubro, conforme dados da Epagri. O aumento foi de 56,8% em apenas oito meses.

 

Já na compra de verduras, legumes e frutas, os supermercadistas têm registrado aumento expressivo principalmente no valor da batata (30%), tomate (20%), chuchu (18%) e morango (20%).

 

“O consumidor fica sabendo de variação do preço na gôndola e quando existe reajuste, culpa o supermercado, que é apenas repassador”, afirma Lopes.

 

Uma gama de fatores influenciam este fenômeno, desde o aumento expressivo do dólar até as inseguranças causadas pela pandemia no setor produtivo. Em menor grau, a estiagem no Oeste e a passagem do ciclone-bomba também impactaram os preços.

 

Encarecimento na produção

 

Os brasileiros começaram o ano com o dólar cotado acima de R$ 4. Com a alta gradual, o valor mais alto foi registrado em maio, com cotação já beirando os R$6.

 

Agora, cada um dólar custa aproximadamente R$5,40, e previsões do Banco Central apontam que o valor não deve ser menor que R$5,25 no encerramento do ano.

 

Esse aumento na moeda americana – utilizada como referência no comércio exterior – afeta o preço de duas formas. Primeiro, estimula a exportação uma vez que vender para fora se torna mais rentável, o que diminui a oferta ao mercado interno.

 

Grãos, como a soja e milho, tiveram grande parte da produção volume exportados. Insumos básicos para alimentação de animais, o valor subiu 75,2% (milho) e 96,6% (soja), se comparado a outubro do ano anterior.

 

O aumenta do dólar encarece a produção ao afetar o preços dos insumos importados e utilizados na agricultura. O que acaba pesando no preço do produto pago pelo consumidor.

 

“Com a insegurança da pandemia, e os produtores não sabendo se iam vender ou não, acabaram diminuindo a produção. E está faltando matéria-prima, o adubo ficou caro, inseticidas e derivados do plástico também” explica André Medeiros, engenheiro agrônomo e gerente da Ceasa/Tubarão (Centrais de Abastecimento do Estado de Santa Catarina).

 

Estiagem e ciclone-bomba

 

Entre as culturas mais afetadas por esse encarecimento, Medeiros cita batata, tomate, pimentão, beterraba, cenoura e cebola, além de abóbora e batata doce. A frequência de chuvas de granizo também contribuiu para o prejuízo dos produtores.

 

Comunidades do interior de Chapecó estão recebendo abastecimento de água com caminhões pipa em função da estiagem severa no Oeste de SC (Foto: Prefeitura de Chapecó/Divulgação)

 

No Oeste ainda há outro fator a ser considerado: a estiagem rigorosa, considerada pela Epagri como a mais severa desde 2005Milho (silagem e grão), fumo e pastagens são as culturas mais atingidas até o momento, com quedas entre 2% e 7%.

 

ciclone-bomba que atingiu SC no dia 30 afetou principalmente a produção da banana, afirma Medeiros.

 

O impacto no bolso é sentido agora devido ao reflexo da safra de junho, afirma Medeiros, quando a produção já estava sobre influência da pandemia e da crise.

 

Na safra de novembro, o engenheiro acredita que a tendência do encarecimento deva continuar se manifestando. Principalmente em razão da baixa oferta de produtos e a maior procura, natural do final de ano.


POR: FELIPE BOTTAMEDI – ND+


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