Rui Car
20/11/2020 10h54

Candidatos gastaram mais de R$ 3 milhões com propaganda nas redes sociais nas eleições em SC

Anúncios em mídias como Facebook e Instagram cresceram em uma disputa eleitoral marcada pelo distanciamento social

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Das cinco empresas que mais receberam dinheiro das campanhas eleitorais em 2020, três têm ligação com anúncios em redes sociais (Foto: Unsplash)

Das cinco empresas que mais receberam dinheiro das campanhas eleitorais em 2020, três têm ligação com anúncios em redes sociais (Foto: Unsplash)

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O valor gasto pelos candidatos nas eleições 2020 em impulsionamento de publicações em redes sociais como Facebook e Instagram foi o maior até hoje e, em Santa Catarina, já contabilizou mais de R$ 3 milhões. Essa cifra aponta um novo avanço na tendência de campanhas eleitorais cada vez mais voltadas para a internet, com as mídias sociais tomando um papel mais importante na política a cada dois anos.

 

Conforme a atualização mais recente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), feita na terça-feira (17), três das cinco empresas que mais receberam pagamentos dos candidatos no país são ligadas ao impulsionamento de publicações nas redes sociais. Estão na lista o próprio Facebook, que recebeu R$ 16,6 milhões, e duas empresas de pagamentos que processam as transações para a rede social e outras empresas de tecnologia: dLocal, que recebeu R$ 22,3 milhões, e a Adyen, que recebeu R$ 14 milhões.

 

Conforme levantamento feito pela reportagem do Diário Catarinense com base na atualização de terça do TSE, os candidatos a prefeito e vereador em SC já declararam R$ 3,4 milhões gastos com impulsionamento, somando também anúncios feitos no Google.

 

O maior valor foi injetado por candidatos do partido Novo, que lidera a lista de siglas que mais investiram nas redes sociais, com R$ 624,7 mil declarados até agora. Na sequência vêm o MDB, com R$ 526 mil, PSDB (R$ 386 mil), Podemos (R$ 337,9 mil), PSD (R$ 231 mil), PL (R$ 204 mil), PSL (R$ 195 mil), PP (R$ 162 mil), DEM (R$ 148 mil), e PT (R$ 125 mil). Os números ainda não são definitivos, pois muitos candidatos ainda não declararam todos os valores ao TSE.

 

Conforme os dados do TSE, o Novo tem os dois candidatos que declararam ter gasto mais verba em redes sociais. Candidato a prefeito de Blumenau, Odair Tramontin usou R$ 124 mil para impulsionar publicações no Facebook. Com 22,8 mil votos (14,24% do total), Tramontin ficou em terceiro lugar no pleito em Blumenau e quase conseguiu ir para o segundo turno, com cerca de 2 mil votos a menos do que João Paulo Kleinübing (DEM).

 

Sexto colocado na eleição para a prefeitura de São José, Thiago Paulo (Novo) também passou da marca dos R$ 100 mil em impulsionamentos no Facebook. Segundo o TSE, o candidato investiu R$ 102 mil nas redes sociais.

 

Também são do Novo os três vereadores que mais anunciaram nas redes sociais durante a campanha. Eleita para o primeiro mandato em Florianópolis, Manoella Vieira investiu R$ 32 mil em impulsionamentos, seguida pelo candidato Bruno Negri, que não se elegeu e usou R$ 31,5 mil. O mesmo valor também foi utilizado por Alisson Julio, que foi o vereador mais votado do pleito em Joinville.

 

Em nota, o presidente do partido Novo em SC, Vinícius Loss, reforçou que as eleições de 2020 foram pautadas pelas redes sociais em função do distanciamento social. “Nossos candidatos estavam nas ruas, mostrando suas ideias, ouvindo a população, mas também precisaram do grande alcance das redes sociais para difundir o máximo possível as nossas ideias e valores”, diz o texto.

 

Loss apontou também a necessidade de investimento na internet para compensar a falta de espaço do partido da TV: “Na medida em que nossos candidatos são, majoritariamente, de fora da política, não são pessoas conhecidas, precisam divulgar o máximo possível nas mídias sociais, única mídia de massa que está à nossa disposição. O tempo de televisão destinado ao Novo é diminuto, muito inferior ao destinado a partidos tradicionais, o que nos faz necessitar compensar com o uso das mídias sociais”.

 

Disputa pela internet em Joinville e Florianópolis

 

Segundo os dados do TSE, as maiores cidades de Santa Catarina tiveram também o espaço das redes sociais mais disputado pelos candidatos. Em Joinville, pelo menos R$ 490 mil foram gastos pelos concorrentes no impulsionamento de publicações, enquanto em Florianópolis o valor injetado foi de R$ 421 mil.

 

Em Joinville, maior cidade de SC, quem mais investiu nas redes sociais foi o candidato Ivandro de Souza (Podemos), que ficou em quinto lugar na disputa. A campanha dele já declarou R$ 93 mil pagos ao Facebook. Na sequência vem o candidato Doutor Dalmo (PSL), que investiu R$ 71,5 mil e ficou em sexto lugar, com 5,3% dos votos.

 

Já em Florianópolis, o TSE ainda não conta com todas as informações dos candidatos. Até terça-feira, o maior valor gasto com impulsionamentos era da campanha do prefeito reeleito Gean Loureiro (DEM), com R$ 48 mil. No entanto, dados da plataforma de transparência do próprio Facebook mostram que a candidata Ângela Amin (Progressistas) foi a recordista, com R$ 172 mil investidos. Todas as campanhas têm até o mês que vem para entregar todas as prestações de conta ao TSE.

 

Como é feita a prestação de contas

 

Todos os gastos feitos pelos candidatos durante a campanha são detalhados ao TSE. No caso dos anúncios feitos na internet, em muitos casos os candidatos declaram o pagamento para as empresas de cobrança que processam as transações, ao invés da própria rede social usada. No entanto, nas prestações de conta enviadas ao TSE os candidatos descrevem o serviço prestado, em que é possível filtrar quanto dinheiro foi injetado em anúncios no Facebook e no Instagram (que pertence ao Facebook).

 

Com base nesses arquivos do TSE e nas descrições de cada prestação de conta feita pelos candidatos em SC, a reportagem do DC chegou aos valores divulgados.

 

O que pode nas redes sociais

 

Conforme a legislação eleitoral, o impulsionamento de publicações nas redes sociais é permitido durante a campanha, desde que algumas regras sejam cumpridas.

 

O pagamento para patrocinar uma publicação pode ser feito apenas na página do candidato, partido ou coligação. A lei não permite o impulsionamento terceirizado por empresas ou feito por perfis pessoais de apoiadores, por exemplo.

 

Os candidatos só podem usar o impulsionamento de ferramentas próprias das redes sociais, como Facebook, Twitter e Instagram. No caso do WhatsApp, por exemplo, que não tem uma função de patrocínio, é proibido qualquer pagamento para anúncios. Envios de mensagens em massa, usando sistemas pagos que burlam a ferramenta, são proibidos.


POR: LUCAS PARAIZO / DIÁRIO CATARINENSE – NSC


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