Rui Car
26/01/2017 10h20 - Atualizado em 26/01/2017 08h47

“Vou ganhar a medalha agora, mas perdi R$ 1 milhão”, diz atleta brasileiro

"É a minha primeira medalha e estou muito feliz"

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Quase nove anos após cruzarem a linha de chegada do revezamento 4x100m dos Jogos Olímpicos de Pequim, o quarteto brasileiro formado por Vicente Lenílson, Sandro Viana, Bruno Lins e José Carlos Moreira – o Codó – enfim vai ganhar a sua medalha. Com a desclassificação da equipe jamaicana após doping de Nesta Carter, o time nacional, que acabou em quarto, herdará o bronze.

 

A informação da eliminação dos jamaicanos foi divulgada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) nesta quarta-feira e comemorada com entusiasmo pelos atletas brasileiros, que só esperam a oficialização do terceiro posto. Mas para Vicente Lenílson os sentimentos se misturam. Ao mesmo tempo em que está feliz por ganhar a segunda medalha de sua carreira – foi prata no revezamento 4x100m em Sydney -, ele lamenta o fato de o doping ser divulgado de maneira tardia. O motivo? Deixou de embolsar R$ 1 milhão.

 

“Eu era atleta da Rede Atletismo naquela época e se o doping tivesse ocorrido dentro da competição (só foi comprovado após reanálise da urina de Carter), teria ganho a medalha lá em Pequim mesmo. E o clube dava R$ 1 milhão para cada atleta independentemente da cor da medalha. A sensação é de alegria, mas também de frustração né? Eu perdi R$ 1 milhão. E agora, como fica?”, disse Lenílson em entrevista ao UOL Esporte. A equipe deixou de existir em 2010 após diversos atletas seus se envolverem em escândalo de doping em 2009.

 

Hoje com 39 anos e aposentado das competições de alto rendimento, Lenílson espera agora ansiosamente pela chegada das medalhas em um processo que deve tardar alguns meses. A equipe feminina do 4x100m, que herdou o bronze de 2008 após doping na equipe russa, ainda não recebeu a premiação.

 

“Vamos ver se realmente vai vir para o meu pescoço. Temos que esperar ela chegar. Mas independentemente da medalha dá uma frustração. Não é toda hora que se perde 1 milhão”, afirmou o ex-velocista que hoje atua como sargento do Exército e mantém um núcleo de iniciação esportiva em Cuiabá que atende 80 crianças.

 

Além de Lenílson, faziam parte da Rede Atletismo José Carlos Moreira e Bruno Lins. Este último, inclusive, foi pego no doping com a substância Eritropoietina (EPO) em 2009 que levou ao fim da equipe.

 

“Já passei por isso (doping) e fico triste pela equipe da Jamaica, sei o quanto é difícil. Não sei qual tipo de problemas vai poder gerar para eles. Mas ao mesmo tempo estou muito feliz por ganhar esta medalha. A ficha ainda não caiu”, disse.

 

Bruno, que tem 30 anos e pretende competir na Olimpíada de Tóquio-2020, não lamentou tanto o dinheiro que deixou de receber, mas sim o status que uma medalha olímpica poderia ter lhe dado.

 

“É a minha primeira medalha e estou muito feliz. Não vou dizer não me importar com a parte financeira, mas a sensação é muito boa. Mas penso que esta medalha tivesse vindo antes, ali na hora, tudo poderia ser diferente na minha carreira. Mas estou na ativa e com o foco de chegar bem em 2020”, afirmou.

 

Quem também segue competindo é o Codó. Ele preferiu festejar a conquista a lamentar o fato de não ter embolsado R$ 1 milhão.
 
 
“Claro que seria um dinheiro importante, mas eu prefiro ver pelo lado positivo, da conquista. Todo atleta sonha em ser medalhista olímpico. Passou a época da Rede e o momento da glória chegou agora. Quero curtir este momento”, disse.
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