Rui Car
14/05/2020 16h49

Rodeado por desconfianças, futebol italiano corre contra o tempo mesmo sem certeza do retorno

Intenção é que a bola volte a rolar no dia 13 de junho e clubes já têm permissão para realizar treinamentos, mas o Governo afirma que o retorno das competições segue em análise

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Centros de treinamentos abertos, jogadores no gramado, bola no ar. A rotina dos clubes da elite italiana, ainda que a passos lentos, volta a ter ares de normalidade. Depois da permissão para os treinos individuais, as equipes receberam sinal verde para o retorno dos treinos coletivos a partir do dia 18 de maio.

 

A ideia é finalizar as doze rodadas restantes do campeonato italiano, mais quatro jogos adiados, até o dia 2 de agosto. Dentro desse período também seria possível finalizar a Coppa Italia, que ainda tem os jogos de volta das semifinais, entre Napoli x Inter e Juventus x Milan, e a final a serem realizados. O mês de agosto seria reservado para as competições europeias.

 

Retorno dos treinamentos e casos positivos

 

Enquanto aguardam a autorização do governo italiano para marcar a data do retorno na agenda, os clubes do país tentam se preparar da melhor forma. Desde o dia 4 de maio, os treinos individuais nos centros de treinamentos dos clubes foram autorizados, mas o resultado dos testes para o novo coronavírus, realizados em todos os envolvidos no retorno e obrigatórios conforme protocolo de saúde, mostraram uma realidade longe da ideal.

 

A mais afetada foi a Fiorentina, clube de Florença, que precisou colocar em quarentena três jogadores e três colaboradores que testaram positivo para COVID-19. Na Sampdoria, da cidade de Gênova, foram identificados três novos jogadores positivos e um reincidente. O Torino também confirmou a infecção de um atleta do time titular.

 

Dybala de volta aos treinos depois estar curado da COVID-19 (Foto: Divulgação/Juventus)

 

Na Juventus, que teve três jogadores positivos ainda no mês de março, Rugani, Matuidi e Dybala, o retorno aos treinamentos não trouxe à tona novos casos. A atual campeã italiana, no entanto, precisou chamar de volta para a Itália dez jogadores do seu elenco, incluindo Cristiano Ronaldo e os brasileiros da equipe. Antes de retomar os treinos no CT do clube, todos estão passando por quarentena de 14 dias. O único que ainda não desembarcou em Turim é o argentino Higuaín, que segue na Argentina por questões familiares.

 

Opiniões divididas

 

Se desde o início da pandemia, a posição da Federação Italiana de Futebol, da Lega Serie A e dos clubes da elite tem sido a mesma, de retomar as competições assim que possível, muitos torcedores pensam diferente.

 

Como eu vejo, essa temporada já foi. Mesmo que retorne, não terá o mesmo valor e interesse, mas o dinheiro fala mais alto assim mesmo”, diz um torcedor do Torino ao comprar um jornal na banca de revistas, numa praça de Turim.

 

“O contágio não vai parar totalmente, então, mesmo que tenha alguns positivos, tem que continuar jogando. Só tem que ter segurança e inteligência pra conviver com esse vírus”, responde o jornaleiro.

 

 

Algumas torcidas organizadas, de vários clubes, também se manifestaram contra o retorno do futebol. Em Bérgamo, norte da Itália, uma das cidades mais afetadas pela pandemia no país, torcedores da Atalanta estenderam uma faixa na porta do estádio do time: “Querem esquecer nossa dor… mas sem a sua gente, não faz sentido voltar a jogar”.

 

Torcedores do Lecce, atualmente na 18ª colocação do Campeonato Italiano, também se manifestaram na frente do estádio Via del Mare: “As mortes continuam, mas pra vocês o que importa é voltar. Contra esse futebol: sem resultados, sem retomada!”

 

Fonte: EI

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