Rui Car
14/10/2019 08h46

Carille diz que Corinthians não fez dez bons jogos no ano e vê vaga na Libertadores e futuro dele em risco

Técnico ataca de "sincerão" na coletiva após a derrota para o São Paulo

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Globo Esporte

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O técnico Fábio Carille mostrou sua insatisfação com o futebol apresentado pelo Corinthians na derrota por 1 a 0 no clássico contra o São Paulo, neste domingo, no Morumbi, pelo Brasileirão. O treinador criticou o rendimento da equipe ao longo de toda a temporada e disse acreditar até que o Timão, hoje quarto colocado, pode ficar fora da zona de classificação para a Libertadores se não melhorar seu desempenho no ataque. Para o comandante, a não classificação colocará em risco até mesmo o emprego dele, algo descartado pela diretoria.

 

– Acho que de 63 jogos a gente não fez dez bons jogos no ano. A gente não fez. Até campeão paulista, já falei várias vezes, com dificuldade para jogar. Falei na coletiva passada a respeito do Boselli, que as características do nosso time não são para ele. Quando pedi a contratação dele, a gente imaginou que iam acontecer outras coisas (contratações), precisa de bola na área. E nosso time dificilmente busca profundidade, gosta de rodar com a bola.

 

– Em relação ao jogo, ganhou o melhor, quem acertou mais passe, quem buscou o jogo, quem foi ofensivo. A gente foi muito abaixo. O básico do futebol é o passe, a gente está com dificuldade no básico. O grupo é consciente de que está mal, vê no vestiário que poderia render mais. A gente tem que melhorar, e não é de hoje – afirmou Carille.

 
 

Fábio Carille no clássico contra o São Paulo — Foto: Marcos RibolliFábio Carille no clássico contra o São Paulo — Foto: Marcos Ribolli

Fábio Carille no clássico contra o São Paulo — Foto: Marcos Ribolli

 

Apesar da insatisfação, o Corinthians ainda é o quarto colocado, com 43 pontos. Mas, para Carille, o Timão corre o risco de sequer se classificar para a Libertadores se não subir de produção, principalmente no ataque.

 

– A casinha (defesa) está bem fechada. A gente tem de melhorar o ofensivo. E, se não melhorar, não classifica para a Libertadores – disse o técnico.

 

Questionado se a não classificação para a Libertadores pode colocar em risco a continuidade dele no clube em 2020, o treinador disse:

 

– Pode (colocar em risco). O que me chama a atenção das demissões é que não é só quem está mal que está sendo demitido. O Wagner Lopes, com 47 pontos, em terceiro, para subir na Série B, foi dispensado (do Atlético-GO). Pode. Isso é parte do futebol, da nossa cultura.

 

 

Sincero, Carille voltou a afirmar que, pelo futebol, o Corinthians não deveria estar no G-4.

 

– Hoje fui para campo com Vital, com Love, com Boselli e com o Clayson. A dificuldade não está na função dos jogadores, está no entender do jogo. A gente está com uma ideia que não é a do Corinthians, isso de muitos anos, de ficar recuando bola para o Cássio a toda hora. O entendimento está difícil, mas por incrível que pareça estamos em quarto. Não dá para entender, o que está jogando não era para estar em quarto. Era para estar fora da zona de classificação da Libertadores, alguma coisa tem de bom. A entrega, a vontade, organização defensiva. E a gente tem de crescer na parte ofensiva, e eu estou tendo dificuldade de fazer isso.

 

 

O técnico repetiu também o discurso sobre as carências do elenco e saiu em defesa do atacante Clayson, um dos mais criticados pela torcida após a derrota no clássico.

 

– Tem outras equipes que têm mais equilíbrio no elenco do que o nosso. Para a gente falta profundidade, jogadores que se posicionam para buscar a bola na frente. Não vamos começar a direcionar para um jogador só, tem muitos jogadores abaixo, não é só Clayson. E tem que buscar retomada no Corinthians.

 

Leia mais trechos da entrevista de Fábio Carille:

Vai fazer grandes mudanças?
– Não tenho tempo para isso. Jogamos quinta, jogamos hoje, tem jogo na quarta. Amanhã é repouso, terça faz muito pouco. A gente não tem tempo. Se a gente pensar em alguma coisa é para depois do jogo do Cruzeiro, que tem a semana limpa para trabalhar. Acredito muito nesse sistema. Temos que atacar o que nos falta para o Corinthians voltar a ser forte.

 

Pedrinho joga contra o Cruzeiro?
– Muito pouco tempo, ele joga amanhã com a Seleção. Não sei se tenho ele para quarta. Esperar ver o tempo que vai estar em campo. Eu o acompanho desde o sub-17, nunca vi jogar por dentro (como meia). Acho que para trazer uma mudança dessa tem que ter tempo para posicionar.

 

Sobre o acidente de Ralf
– Ele ficou fora deste jogo. A gente começa a pensar na possibilidade (para quarta) a partir de amanhã. Ver se já resolveu tudo, o clube está dando respaldo. Tenho poucas informações. Eu o vi no CT, mas só cumprimentei. Era sexta, 22h, e claro, acidentes piores que esse acontecem um milhão de vezes por dia. Mas o Ralf chama a atenção. Aconteceu. Ele tem que ter cuidado, mas ainda não entendi direito o que é para saber se tenho que falar com ele.

 

Responsabilidade de jogadores e treinador
 Não tem o que dividir. São características. Por mais que a gente treine, por mais que a gente peça, são jogadores que gostam de buscar a bola no pé para ir em cima. Entendo bem isso, a gente trabalha para melhorar. Em poucos momentos funciona, mas tem que ser mais.

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