Rui Car
16/03/2020 17h12

Análise: A máquina do esporte deve parar

O esporte existe para entreter as pessoas, mas tudo tem limite; o atleta, seu maior ativo, deve ser preservado

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É totalmente irresponsável os governantes, no Brasil e no exterior, declararem que o esporte não pode parar suas atividades em meio a uma pandemia apenas para cumprir sua função de “entretenimento” para o público.

 

As declarações dadas por líderes de Brasil e Argentina neste final de semana são o que há de mais abjeto. O esporte tem a obrigação de parar nos próximos meses. Não só por uma questão lógica de preservação dos torcedores que poderiam ir aos eventos, mas obviamente pelo fato de os atletas não serem obrigados a se expor ao risco de contágio.

 

É completamente descabido imaginar que o esporte deva seguir à margem do que toda a sociedade tem feito. Da mesma forma que se critica veementemente qualquer privilégio que possa ser concedido a clubes em perdões de dívidas, por exemplo, não se pode exigir do esporte continuar a existir em meio a um momento de total e necessária reflexão do nosso papel como indivíduos dentro de uma sociedade.

 

A máquina do esporte vai parar nos próximos dois meses como não acontece desde o período das Guerras Mundiais. E isso em um momento em que estamos com o esporte altamente profissional, movimentando bilhões de dólares e tendo toda uma indústria gravitando em torno dele.

 

Manter o esporte em atividade sem público nos estádios e ginásios é uma loucura sob todos os aspectos. Não apenas do ponto de vista da preservação da saúde, mas também por causa do próprio equilíbrio financeiro da cadeia esportiva. Jogar sem público significa perder uma considerável receita de bilheteria para o esporte. Mais do que isso, representa ter de pagar para atuar, o que leva a um enorme prejuízo financeiro sem previsão para ser sanado.

 

O esporte existe, sim, para entreter as pessoas. Mas tudo tem um limite. Agora que a pandemia do coronavírus chega às Américas, os governantes deveriam ter aprendido com a dura lição italiana de não subestimar a proliferação do contágio.

 

Nos Estados Unidos, a NBA foi a primeira liga a agir como necessário. Mas ainda existem aberrações como o UFC, que, olhando para a possibilidade de ganhar mais com o pay-per-view, não pretende paralisar suas atividades, atuando com portões fechados e não ligando para os riscos que isso implica à saúde do seu maior ativo, o atleta.

 

Se existe uma boa lição que o coronavírus nos traz é a de que tudo pode ficar para depois. A reunião inadiável, as horas noturnas de trabalho, etc. Qualquer coisa precisa parar se for para preservar a vida de alguém. E a máquina do esporte não é exceção.

 

Fonte: Máquina do Esporte

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