Rui Car
28/02/2020 11h19

Ameaça do coronavírus e busca de sucesso continental: a vida na Malásia de Diogo

No novo clube, ele conviveu com a preocupação pelo surto do coronavírus e a diferença religiosa entre os dois países

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Fonte: Globo Esporte

Fonte: Globo Esporte

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Desde que a epidemia do coronavírus eclodiu na China, o futebol asiático vive momentos de incerteza. Se o campeonato chinês está paralisado, outros países do continente estão retomando as atividades no início de temporada. O Japão cancelou eventos esportivos nas duas próximas semanas. Nos últimos dias, o vírus se espalhou para a Europa e provocou o adiamento de quatro partidas no campeonato italiano.

 

Na Malásia há um ano, o atacante brasileiro Diogo, ex-Flamengo e Palmeiras, não pôde entrar em campo contra o Guangzhou Evergrande, da China, pela Liga dos Campeões da Ásia. Isso porque todos os jogos de clubes chineses foram adiados na competição. Atualmente, Diogo defende o Johor Darul Ta’zim (JDT).

 

Até o momento, a Malásia registrou 23 casos e nenhuma morte decorrente do novo vírus, de acordo com um levantamento da universidade americana Johns Hopkins. No entanto, Diogo e os jogadores do JDT sentiram de perto os efeitos que a epidemia provocou no futebol local.

 

– Eu estava no Brasil de férias. Não tinha a noção exata, só ouvia as notícias do vírus. Só quando fomos para a pré-temporada em Dubai é que descobrimos a dimensão do que era. Nos aeroportos, muita gente usava máscaras e isso preocupou o time.

 

Em 2019, ele trocou o Buriram United, da Tailândia, pelo Johor Darul Ta’zim. Em quatro anos no time tailandês, ele foi campeão da liga local e fez 133 gols em 156 partidas. Dentro de campo, a mudança não trouxe tanta diferença na adaptação para o atacante. Mas fora das quatro linhas Diogo percebeu como dois países vizinhos podem ter traços culturais tão diferentes.

 

– A mudança foi tranquila. A principal diferença é que um país é budista (Tailândia) e outro muçulmano (Malásia). Mas aqui não é tão fechado quanto outros lugares. Mesmo assim, tem a reza cinco vezes por dia e às vezes os jogadores param o aquecimento para rezar.

 

O desejo da Malásia de estar entre os grandes do continente

 

Controlados pela elite local, os clubes malaios têm como missão figurar entre os principais da Ásia, fato que ainda não ocorreu. Mas o projeto de colocar a Malásia no mapa do futebol mundial passa também por adquirir equipes estrangeiras.

 

As experiências mais famosas, no entanto, não foram positivas: o dono da companhia aérea AirAsia, Tony Fernandes, rebaixou o QPR, da Inglaterra, à segunda divisão em 2015 e Vincent Tan, que comprou o também britânico Cardiff City, levou os torcedores do clube à ira ao trocar a tradicional cor azul do time pelo vermelho. Depois de três temporadas, ele voltou atrás, mas o time hoje em dia também está na segunda divisão inglesa.

 

No cenário local, o JDT é um exemplo desse investimento. O clube domina o futebol malaio desde 2012, quando o príncipe do Estado de Johor, Tunku Ismail Sultan Ibrahim, assumiu o controle do time. A equipe venceu os últimos seis campeonatos locais e constrói uma estrutura para rivalizar com as potências do continente. Recentemente, o JDT inaugurou o moderno estádio Sultão Ibrahim – homônimo ao pai do mandachuva do clube -, com capacidade para 40 mil torcedores.

 

– A estrutura aqui é incrível, tanto o nosso centro de treinamento quanto o estádio que a gente inaugurou. É pau a pau com os melhores times do Brasil – disse Diogo.

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