Rui Car
02/09/2019 11h12 - Atualizado em 02/09/2019 08h50

Sem os braços catarinense de 12 anos se destaca no xadrez e cubo mágico

Gustavo nasceu sem os braços por conta de uma síndrome genética chamada tetra-amelia

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Aos 12 anos, o catarinense Gustavo Laurentino Galvani coleciona medalhas conquistadas no xadrez. Recentemente ele foi vice-campeão brasileiro juvenil no esporte. Além disso, ele é especialista em cubo mágico e quer conquistar o título brasileiro em breve. Tanto reconhecimento se deve à dedicação do adolescente, mas também representa uma história de constante superação. É que Gustavo nasceu sem os dois braços.

 

Foi uma síndrome genética chamada tetra-amelia que fez co100m que Gustavo não tivesse os membros superiores. Geralmente quem nasce com essa condição também não tem as pernas, como é o caso do palestrante motivacional Nick Vujicic. Jucemara, a mãe de Gustavo, soube do problema no quarto mês de gestação quando fez o exame morfológico. “O choque é para todo mundo. Ele é o primeiro filho e a gente não esperava algo assim”, lembra.

 

Arquivo pessoal
Arquivo pessoal

Cercados de amigos e familiares, Jucemara e o marido Romário se prepararam durante a gestação para os desafios que viriam. “Fomos nos cuidando psicologicamente até ele nascer. Sabíamos que a vida seria diferente, mas ele veio com muita saúde”, comenta ela. Até os seis meses de idade, quando fez uma cirurgia, Gustavo usou gesso por ter nascido com o pé direito torto. Há dois anos ele passou por outra operação no mesmo membro.

 

Tanto cuidado com o pé direito é porque ele equivale à mão direita de Gustavo. Com esse pé ele faz suas jogadas no xadrez e resolve com maestria o cubo mágico. Mas se você pensa que nesse último período em que o adolescente esteve com o pé engessado, a sua vida parou, se engana: ele tratou de aprender a usar o pé esquerdo para as mesmas funções.

 

Sem qualquer limitação

Essa coragem de Gustavo para superar qualquer limite e se destacar naquilo que faz tem grande influência de sua família. Jucemara conta que em casa tudo é feito sem que haja distinção em relação a ele e o adolescente jamais se sentiu excluído em casa ou fora dela. “A gente sempre levou a vida normal sem pensar que ‘ah, ele é deficiente’”, explica.

 

A rotina familiar é como outra qualquer, com cada um tendo suas obrigações. Além de Gustavo, Jucemara e Romário têm uma filha de sete anos, chamada Helena. “Quando eles terminam de almoçar, já peço para que escovem os dentes e arrumem suas coisas e o Gustavo faz tudo tranquilamente”, diz ela, apontando que em algumas atividades ele precisa de ajuda: “Para trocar de roupa e tomar banho nós auxiliamos”.

 

Na escola tudo sempre foi tranquilo também. Gustavo está na mesma instituição particular desde os quatro meses de idade. Para recebê-lo diariamente, a única adaptação da escola foi em relação ao assento, que fica na altura da carteira. “Ele tem uma escrita muito boa e desenha muito bem. Faz tudo como se tivesse os braços”, diz Jucemara.

 

Arquivo pessoal
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Foi nessa instituição, inclusive, que Gustavo conheceu o xadrez. O interesse pelo esporte veio aos quatro anos. “Como eu ficava na escola o dia todo participava das aulas extras comecei a jogar xadrez”, conta. “E eu gosto do jogo até hoje porque ele me faz ter concentração, pensar em estratégias e também estimula o meu raciocínio“, explica o menino que já tem 12 medalhas neste esporte.

 

E a facilidade com os jogos lógicos trouxe há alguns anos mais uma paixão para a vida deste catarinense: o cubo mágico. Aqui, além do pensamento estratégico, Gustavo precisa ser ágil. E ele não deixa por menos: na modalidade com os pés ele já conseguiu duas medalhas. “Mas agora eu quero bater também o recorde mundial que é de 20 segundos”, finaliza esperançoso.

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