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Junho chegou. E, apesar da pandemia, é tempo de festas juninas. Mesmo com as restrições sociais, entra em cena a culinária típica do período, composta pelo pinhão assado ou cozido, batata doce, pipoca, amendoim torrado, paçoca, pé-de-moleque, cuscuz, arroz doce, canjica e bolos de milho verde e aipim, entre outros preparos. E, é claro, o quentão, para acompanhar tudo isso. No sul do Brasil, o quentão é preparado com vinho tinto e especiarias. Uma tradição que aquece as noites frias de inverno e embala danças típicas como a quadrilha. Isso torna o vinho um ingrediente fundamental nas festas juninas do sul do país.
No Sudeste, o quentão é feito com cachaça (há um preparo com vinho, mas lá se chama vinho quente). Queima-se o açúcar com especiarias como o gengibre, o cravo, a canela e cascas de laranja e limão. Junta-se água e cachaça e se cozinha tudo. Ele pode ser servido puro ou com lâminas de maçã fresca. O quentão de vinho é preparado com as mesmas especiarias. E o processo de preparo é semelhante ao quentão de pinga. A diferença é que, em vez do destilado de cana de açúcar, utiliza-se o fermentado de uvas.
A origem do quentão
No Brasil, não há dados precisos sobre a data e a origem do quentão. Alguns escritos dizem que a bebida foi criada no interior dos estados de São Paulo e Minas Gerais, onde há uma grande produção de cana-de-açúcar e, consequente, de cachaça. Para aquecer as noites frias do inverno, as pessoas juntavam especiarias à cachaça e serviam o preparo bem quente, principalmente no período das festas juninas. Daí o nome, quentão. Alguns estudos relacionam o surgimento da bebida ao ciclo da cana-açúcar, que aconteceu no Brasil no início do período colonial.
No Sul do Brasil, o quentão está ligado à imigração europeia, que aconteceu a partir do século XIX. O uso do vinho remete à cultura dos imigrantes (particularmente dos italianos) e também ao fato da região ser uma grande produtora do fermentado de uvas.
A referência europeia
A Europa central mistura especiarias ao vinho há séculos. Na Idade Média, essa mistura era consumida fria. Comenta-se que o uso de especiarias era uma forma de melhorar o gosto do vinho, muitos deles de baixa qualidade. Num dado momento, a mistura passou a ser servida quente, nas noites frias. E recebeu no nome de vin brûlé (ou mulled wine). Na Europa, o vin brûlé é preparado e servido principalmente no inverno. Na Itália, é muito consumido nas regiões alpinas e frias. Além da canela, do cravo, das cascas de cítricos e do gengibre, o preparo pode levar cardamomo, aniz estrelado e noz moscada. A receita italiana não leva água e geralmente utiliza um vinho de bom corpo.
As festas juninas
As festas juninas tiveram origem pagã, no hemisfério norte. Elas aconteciam no início do período das colheitas, e celebravam o solstício de verão, no dia 21 de junho. Nas festas, os camponeses pediam aos deuses a fertilidade das terras, boas safras e colheitas fartas. Tudo acontecia em volta de fogueiras, com muitos cânticos, danças e, é claro, muito vinho. Com a ascensão do cristianismo, as festas foram incorporadas ao calendário religioso no século VI e o solstício passou a ser comemorado no dia 24 de junho, data de nascimento de São João Batista. No século XIII, foram incorporadas aos festejos as comemorações de Santo Antônio, no dia 13, e São Pedro, no dia 29. Os deuses pagãos foram substituídos pelos chamados “santos festeiros”.
A tradição das festas juninas europeias chegou ao Brasil com os portugueses. Aqui, foram agregadas a elas elementos culturais ligados aos índios, africanos e sertanejos. Entre eles, os preparos à base de milho verde e aipim, a canjica e músicas ritmadas por instrumentos como a viola caipira. Comenta-se que a quadrilha foi uma adaptação brasileira às danças de salão da nobreza europeia.
Viva São João!!!!
Segue uma deliciosa receita típica de quentão com vinho, para as noites festivas:
1 litro de vinho (geralmente colonial, mas pode-se usar um vinho fino)
500 ml de água (se quiser use menos)
1 xícara de açúcar
8 cravos da Índia
2 ramas de canela
2 ramas de anis estrelado
Cerca de 4 cm de gengibre fatiado
Uma laranja
Modo de fazer:
- Leve o açúcar a uma panela e deixe derreter.
- Quando começar a ganhar a cor caramelo, acrescente as especiarias (menos a laranja). Ferva por um minuto.
- Acrescente a água e misture bem.
- Acrescente as fatias de laranja e, por último, o vinho.
- Deixe levantar fervura (fogo médio).
- Ferva por cerca de 10 minutos.
- Desligue o fogo e abafe, por cinco minutos, para tomar mais gosto.
- Coe e sirva quente.