Rui Car
17/10/2019 15h10 - Atualizado em 17/10/2019 15h12

Os 7 tipos de relacionamentos “sugar daddy”

Em outras palavras, é uma troca: a mulher doa atenção enquanto o homem doa dinheiro

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Você sabe o que é um “sugar daddy”? Esse termo em inglês tem sido utilizado amplamente no Brasil também, embora seu significado literal não dê muitas pistas sobre o que realmente implica.

 

Em tradução simples, seria algo como “papai de açúcar”. Esse tipo de relacionamento é baseado em companheirismo, intimidade ou outras formas de atenção em troca de benefício pessoal, o que pode significar apoio financeiro, bens materiais ou promoção profissional.

 

Em outras palavras, é uma troca: a mulher doa atenção (e às vezes sexo) enquanto o homem doa dinheiro (literalmente ou em forma de algum benefício material ou profissional).

 

O estereótipo dos relacionamentos sugar daddy é este: um homem rico de meia-idade com uma novinha ou universitária bonita que não tem onde cair morta. Porém, a socióloga Maren Scull, da Universidade do Colorado em Denver (EUA), queria entender melhor que tipos de relações poderiam ser taxadas dentro deste mesmo estereótipo. E chegou à conclusão de que são muitas – pelo menos sete.

 

O estudo

Esses tipos de acordos podem até parecer uma novidade do mundo moderno, mas não são. Pense por exemplo na década de 1750, na qual as gueixas eram vistas como artistas e respeitadas socialmente, embora fossem pagas para divertir homens, geralmente sem sexo. Além disso, durante as duas guerras mundiais, soldados pagaram mulheres apenas por sua companhia, para jantar em um restaurante ou ir dançar.

 

“Sempre que leio um artigo sobre sugar daddies ou sugar babies, muitas vezes eu vejo a mesma inclinação sensacionalista: as mulheres estão desesperadas, são estudantes famintas e com desejo de prostituição”, disse Scull. “Como alguém que estuda desvio [comportamental], eu sabia que havia nuances mais importantes nesses relacionamentos”.

 

Para entender como esse tipo de relação funciona nos EUA, Scull entrevistou 48 mulheres sobre suas experiências como “sugar babies”, perguntando sobre o tipo de atividades que elas realizavam, se havia sexo na relação e se suas vidas estavam de alguma forma entrelaçadas com a de seus benfeitores.

 

 

Resultados

A socióloga descobriu que 40% das mulheres nunca haviam feito sexo com seus benfeitores, e as que faziam frequentemente tinham conexões genuínas com os homens. Ela também descobriu que a maioria dos acordos não é por dinheiro.

 

“Eu não tinha a intenção de criar uma tipologia, mas havia tanta variedade que eu sabia que tinha que destacar as diferentes nuances e formas que as relações de sugar daddy podem assumir”, explicou Scull. Ela identificou sete tipos desses relacionamentos: prostituição sugar, namoro compensado, companheirismo compensado, namoro sugar, amizade sugar, amizade sugar com benefícios sexuais e amor pragmático.

 

Os tipos

A prostituição sugar é uma relação sem sentimento que envolve sexo em troca de presentes. Namoro compensado, comum na Ásia, envolve compensação material ou monetária por encontros como tomar um café juntos, almoçar ou ir a uma festa. Companheirismo compensado envolve uma maior gama de atividades, e a vida da mulher é geralmente mais entrelaçada com a de seu benfeitor. Esses tipos não envolvem sexo.

 

Namoro sugar, o mais comum desses tipos de relacionamentos, combina companheirismo com sexo. Na maioria dos casos, as mulheres recebem uma mesada ou os homens pagam tudo que elas precisam.

 

Amizades sugar também envolvem vidas entrelaçadas – o benfeitor é considerado um amigo e faz parte da vida da pessoa. Amizades sugar com benefícios sexuais são menos claras, e às vezes envolvem o homem pagando tudo para a mulher, de moradia a roupas a férias.

 

Por fim, alguns desses relacionamentos envolvem duas pessoas que esperam passar a vida toda juntas sem que a mulher precise colocar qualquer dinheiro na relação, uma categoria que Scull chamou de amor pragmático.

 

“Quando agrupamos as relações sugar daddy como prostituição, isso marginaliza e criminaliza essas relações. Não vemos como elas geralmente são orgânicas e envolvem uma conexão genuína e emocional. Muitas das mulheres não pretendiam ter um benfeitor. Elas só encontraram alguém no trabalho ou durante um serviço de buffet que queria cuidar delas. Esses relacionamentos podem durar décadas”, concluiu.

 

Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica Sociological Perspectives. [Phys]

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