Rui Car
30/09/2020 10h15

Mauro Beting fala de negociação com o SBT e admite: “Não imaginava que seria o escolhido”

"Não tinha entendido essa possibilidade que poderia vir para o SBT", acrescenta ele

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Mauro Beting é um dos comentaristas da Libertadores (Foto: Reprodução/SBT)

Mauro Beting é um dos comentaristas da Libertadores (Foto: Reprodução/SBT)

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Contratado para comentar a Libertadores no SBT, principal competição sul-americana de clubes que fica na emissora até 2022, Mauro Beting diz em entrevista ao NaTelinha que já via esse “zum zum zum” e até então não tinha entendido essa possibilidade de ser contratado pelo canal de Silvio Santos. “Já tinha tido um namorico de um amigo em comum. Meu e da casa”, recorda o profissional. Mas admite: “Não imaginava que seria o escolhido”.

 

Mauro Beting não acredita ser o jornalista que mais trabalha, mas o que trabalha em mais coisas. São blogs, portais, internet, rádio, televisão e até comentarista do game PES (Pro Evolution Soccer), da japonesa Konami. “O pessoal brinca que sou o pai do Julius de Todo Mundo Odeia o Chris. Agora sou multiplataforma”, comemora.

 

Sobre a negociação com o SBT, relata que recebeu um telefone às 22h10 de um sábado à noite. “Acertamos as bases, mas precisávamos conversar com a Turner que prontamente respondeu e conseguimos compor algo que eu queria. E agregar mais um trabalho maravilhoso”, acrescentou.

 

Mauro também relembra quando transmitiu uma final de Champions League de sua própria casa, algo que hoje costumeiramente ocorre em função da pandemia do novo coronavírus (Covid-19): “O Esporte Interativo antes da parceria com a Turner, botou uma parabólica no meu prédio de três por três pra fazer um jogo de Champions League. O André Henning fez dos estúdios do Rio de Janeiro do Real Madrid, acho que contra o Basel. E eu de casa do meu escritório fazendo o jogo. De home office de comentarista”.

 

Confira a entrevista com Mauro Beting na íntegra:

 

Como você vê essa movimentação no mercado, com a Libertadores saindo da Globo e indo pro SBT? Bem como a Fórmula 1 que pode mudar de emissora, os jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo para o Qatar em 2022…

 

Mauro Beting – Tudo maravilhoso, qualquer mercado que haja mais opções para o público, mais até que para até nós profissionais, é melhor para todas áreas, ainda mais envolvendo a informação e pluralidade, que é fundamental. Nenhum monopólio, truste ou dumping, o nome que for o que é, mas como público, mais que como jornalista, quero ver mais opiniões. Temos que torcer pela pluralidade em tudo. Claro que quem tem o poder, o exerce, e quem tem o poder, o conquistou. Não é por acaso que as empresas de qualquer área são poderosas, porque tem gigantes méritos, mas as outras também têm. Quanto mais tivermos pluralidade, mais democracia teremos, pra discordar, concordar, ou ter outra visão. É fundamental que se tenham mais players, agentes, mais empresas, mais jornalistas, mais ex-jogadores, mais ex-árbitros se comunicando. E se comunicar não é só falar muito, é ouvir bastante. E nós da imprensa como um todo, precisamos ouvir mais. E chega de bloquearmos o debate. A gente pode defecar um monte de regra, por que o outro lado não pode defecar? Parece que a gente trabalha nas antigas Organizações Bloch, da rádio e TV Manchete. A gente precisa bater bola, trocar ideias. O futebol é coletivo, e o jornalismo também tem que ser coletivo, ainda mais o esportivo.

 

Qual sua reação imediata quando soube que o SBT havia adquirido a Libertadores?

 

Mauro Beting – Foi muito interessante porque já vinha o “zum zum zum” no mercado e eu mesmo anta, não tinha entendido essa possibilidade que poderia vir para o SBT. Já tinha tido um namorico de um amigo em comum. Meu e da casa. “Pô, de repente você trabalharia em outra emissora além da que você trabalha?”. Não sou o jornalista que mais trabalha, mas o que trabalha em mais coisas, em blogs, portais, internet, rádio, como comentarista do PES [game de futebol] desde 2011. Como curador do Museu da Seleção Brasileira, Museu Pelé, escrevi 20 livros, escrevi outros 11, terminando meu quarto documentário. Outros trabalham a mais, mas eu trabalho em mais coisas. Baita canal [o SBT], baita torneio, então fiquei muito feliz como telespectador e como colega, mas confesso que não imaginava que seria o escolhido.

 

Como foi o convite que você recebeu do SBT? E como foi a conversa com a Turner para sua liberação?

 

Mauro Beting – Foi muito legal, em cima da hora o SBT fechou a Libertadores, meio que imaginava porque havia muita especulação. 22h10 de um sábado me ligaram, conversamos, acertamos as bases, mas precisávamos conversar com a Turner que prontamente respondeu e conseguimos compor algo que eu queria. E agregar mais um trabalho maravilhoso. Como sou comentarista da Jovem Pan, Esporte Interativo, agora do SBT, blogueiro do Yahoo, no meu portal Nosso Palestra, um projeto de exposições, o PES (game), 11 livros, esse documentário que estou terminando e mais algumas coisas aí. Por que não agregar? Aprendi muito com meu pai (Joelmir Beting), não sou um jornalista tão brilhante como meu pai, mas aprendi a ser multimídia, como ele era antes de existir o termo multimídia. Agora sou multiplataforma, desenvolvendo branded content, sendo garoto propaganda de algumas marcas.

 

Foi uma conversa muito legal porque a Turner é maravilhosa. O pessoal brinca que sou o pai do Julius de Todo Mundo Odeia o Chris. Espero que todo mundo goste do Mauro, respeite. Consigo agregar o SBT, a Turner, me multiplico e consigo vestir a camisa do trabalho mais do que do emprego. De tanto dizer sim, querer fazer as coisas, acabo não trabalhando, mas me divertindo onde trabalho.

 

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Téo José, Mauro Beting e Ricardo Rocha (Foto: Reprodução/SBT)

 

Indo para a terceira semana de Libertadores no SBT, como você analisa os trabalhos?

 

Mauro Beting – Estamos indo para a terceira semana, né, cara? Não é Sistema Brasileiro de Televisão. É Seleção Brasileira da Televisão e tudo que o SBT faz, faz muitíssimo bem. Tudo que o SBT faz, faz muito bem, de uma maneira muito popular. Eu que nunca fui um cara que quis ser popular ou populista como lamentavelmente muitas vezes se é, ou se tenta ser, ou se acaba sendo. Fico feliz de trabalhar em TV aberta. Porque repito: embora trabalhe muito, não sou quem melhor entende de tática, quem melhor entende de história, quem melhor escreve, quem melhor entende de bastidores, mas talvez seja um dos mais versáteis no ofício, porque posso fazer qualquer tipo de programa mais sério, divertido, escrever qualquer tipo de texto, por isso sou multimídia. Me adapto sempre ao veículo que estou. E trabalhando no SBT é um gigantesco desafio, uma honra, um privilégio, por toda a força que tem o SBT e a Libertadores da América. E tem muita coisa a evoluir, e estamos evoluindo.

 

O Palmeiras, seu time de coração, marcou 10 pontos no primeiro jogo e 9 no segundo. Qual foi a reação da equipe? Estão satisfeitos?

 

Mauro Beting – Assim como o torcedor do Palmeiras é bastante corneteiro, a gente também é muito exigente no SBT e na televisão como um todo. Não trabalhamos pelos índices de audiência. E um dos problemas da TV há muito tempo, sobretudo a aberta, é dar mais bola aos índices de audiência. Pela origem popular desde a fundação em 1981, para o público e não pelos números que representam. Seja uma final de Champions League, um jogo que ninguém tá vendo. Essa pessoa que tá vendo merece todo respeito. Tendo a absurda audiência que temos no SBT ou não. A audiência pode não ser a melhor, pela força da qualidade dos concorrentes, os jogos que bateram com a gente, do Corinthians, que tem mais público que os do Palmeiras, pelo apelo que tem A Fazenda, e aí é o termo correto, é o apelo mesmo, a gente tem que entender tudo isso. Muda de canal, muda o hábito. E aí cornetando como palmeirense, embora tenha ótimos resultados, pode e deve jogar muito mais. Alguns jogos foram muito chatos, nem tanto da Libertadores, mas sobretudo do Brasileirão. E o time mesmo campeão Paulista, a torcida corneta, e isso se reflete nos números de audiência.

 

O Palmeiras não costuma marcar grandes índices na televisão. Esperam que o São Paulo vá melhor? Como está a expectativa? E para as fases finais?

 

Mauro Beting – O problema do São Paulo, é que a fase é muito ruim, as dificuldades são enormes, e o River Plate é um senhor time, é o melhor time da década. E tem acontecido com o Palmeiras algo que sei bem, não só por ser palmeirense, mas por trabalhar em vários produtos, já fiz três documentários do Palmeiras, vários eventos, o palmeirense consome muitos outros produtos, tem presença grande nos jogos do Allianz Parque. A audiência em televisão nem sempre reflete tudo aquilo que ele consegue fazer em livros, documentários, filmes, muitas coisas. O São Paulo pela situação delicada pela Libertadores talvez tenhamos problemas. O fundamental pra mim como jornalista é tentar fazer uma final de Copa do Mundo, ou como no caso temos os direitos, uma final de Libertadores da América. E a gente sempre sabe que isso vai crescer, e vai crescer muito, como no SBT as coisas crescem sempre.

 

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Como é seu acordo com o SBT?

 

Mauro Beting – O meu acordo com o SBT, o meu acordo com o SBT… Tem sigilo, então sobre ele, não comento.

 

Como está o clima no SBT com o futebol? Os funcionários ficaram em polvorosa, né? Acredita que pode vir mais investimentos por aí?

 

Mauro Beting – É muito legal, já trabalhei em quase todas as televisões abertas, só não trabalhei na Globo, eu trabalhei no SporTV. E não trabalhei na TV Manchete. Trabalho em TVs por assinaturas, em várias emissoras. Tudo que entra principalmente no futebol, anima toda a emissora, não tenha dúvida.

 

Além do SBT, você também está na TV paga pela Turner (TNT e Esporte Interativo). Recentemente, o canal conseguiu a maior audiência da história com a Champions League. Como é fazer parte dessa equipe?

 

Mauro Beting – É um privilégio, é uma das casas que mais me identifico, estava no primeiro time em 2007 porque já havia trabalhado na Top Sports em parceria com a Band. É uma casa que me sinto literalmente em casa até porque fiz a primeira transmissão da história da TV brasileira de casa. O Esporte Interativo antes da parceria com a Turner botou uma parabólica no meu prédio de três por três pra fazer um jogo de Champions League. O André Henning fez dos estúdios do Rio de Janeiro do Real Madrid, acho que contra o Basel. E eu de casa do meu escritório fazendo o jogo. De home office de comentarista. É uma casa maravilhosa, os números são fantásticos, a Champions League é f… E o Esporte Interativo tem essa tradição, de revigorar, foi crescendo muito quando a Top Sports fez parceria com a RedeTV!. Em 2004 foi pra Band e me contratou lá e estamos há muito tempo fazendo coisas. Um dos maiores prêmios dos meus 30 anos de jornalismo esportivo foi a Turner que me deu, o nome, o prêmio Mauro Beting, na época que fui para o Fox Sports mantiveram o prêmio. A gente tem esse DNA de paixão, de torcedor mesmo. Me sinto cada vez mais jovem com esse timaço dentro e fora de campo. É um trabalho de enorme prazer.

 

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Foto: Reprodução/SBT

 

A Turner também transmite jogos do Brasileirão e neste ano houve certa dúvida sobre a continuidade do contrato. Como você analisa essa situação de fora?

 

Mauro Beting – A Turner e o Esporte Interativo sempre batalharam com raça e vontade pra ganhar seu espaço. E conseguiram. E conseguem ainda mais com os clubes brasileiros no Brasileirão. Realmente teve uma dificuldade grande, mas mantiveram-se as bases até 2024 e é um privilégio. Já fiz o Brasileirão pelo SporTV, Band, Record, Fox. Já trabalhei em TVs, rádio, cobrindo o Brasileiro e é bacana como vestimos essa camisa. E não é que quebra o monopólio, mas a gente dá uma outra alternativa ao público.

 

Como você analisa a situação do Fox Sports, que foi adquirido pelo grupo Disney e está “morrendo” aos poucos, para a fusão com a ESPN?

 

Mauro Beting – A questão dessa fusão é muito complexa. Pra mim que saí um pouquinho antes em 2016, já vivenciei experiências como essas. Quantas vezes não fui demitido e readmitido? Televisões acabarem, rádios acabarem, e quando comecei do zero. Então, pelo carinho pelos canais Fox Sports, a ESPN, a única grande que não trabalhei.

 

Em 1999 fui convidado e não acertei as bases salariais, e da última vez quando o PVC foi para o Fox Sports, a ESPN me convidou. E pela amizade com ele [PVC], continuei. A proposta financeira era absurda, mas antes vejo as questões pessoais, mudaria muito minha vida. E também por isso saí da Fox [quando mudou sua sede para o Rio] em 2016, quando voltei para o Esporte Interativo.

 

Fico muito preocupado [com a fusão] porque são grandes profissionais. O Fox Sports é um canal querido, muito respeitável, como também a ESPN, se pudesse continuar os dois seria o melhor dos mundos. Nós mesmos, quando o canal linear Esporte Interativo deixou o ar, sofremos muito. É uma pena. É uma realidade que a gente vive e só torcemos pelas pessoas, pelos profissionais e pelo público que se afeiçoa a canais muito legais e que infelizmente acabam perdendo espaço, mas são coisas do nosso negócio. Uma pena.

 

FONTE: NA TELINHA – UOL

 

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