Localizado no valiosíssimo Vale dos Reis, no Egito — uma região específica onde os faraós eram todos enterrados em luxuosas e magníficas tumbas —, a tumba KV17 é mais conhecida por seu nome popular: a Tumba de Séti I.
Séti foi um faraó egípcio que comandou o reino, provavelmente, de 1290 a.C. até 1279 a.C., e recebeu seu nome em homenagem justamente ao deus do caos Seti. Pai de Ramsés II, por mais que a sua tumba seja uma das mais bem decoradas que se tem registro, é atualmente fechada para o público para preservar as delicadas pinturas do local.
Descoberta
A primeira vez que a tumba foi encontrada depois de ter sido selada foi pelo explorador italiano Giovanni Battista Belzoni, no ano de 1817. Giovanni era um ricaço que dedicava seus fundos para encontrar e conservar antiguidades egípcias.
O estado do local no primeiro contato dos exploradores com a tumba foi soberba, a tinta das paredes ainda parecia estar fresca, com uma excelente condição. Além disso, itens como resquícios de líquidos coloridos e pincéis utilizados pelos artistas podiam ser vistos pelo lugar.
A primeira teoria sobre a quem pertencia o lugar foi estipulada por Giovanni que, ao se deparar com um touro mumificado, acreditava se tratar de uma oferenda ao touro Apis, sagrado na mitologia egípcia. Assim, o primeiro nome do local foi Tumba de Apis.
Conservação
Tamanha era a qualidade da conservação até ser aberta, que até hoje é possível verificar cores em grande maioria das paredes do local. Com o passar do tempo, o material começou a rapidamente deteriorar, ainda mais sendo explorado em exaustão — por isso o fechamento quase total que existe hoje em dia.
Instalações
São 11 as câmaras e recintos laterais presentes na construção, tendo a mais longa delas 1,37 metros e 90 centímetros. Em todas essas instalações, excluindo apenas duas, estão relevos muito bem preservados, uma das câmaras traseiras é decorada em razão de um ritual para mostrar que as múmias estariam com seus órgãos vitais propriamente funcionando.
O ritual, chamado de Abertura da Boca, era considerado um dos essenciais para um faraó levar em seu pós-vida e, envolvia uma movimentação simbólica com ferramentas utilizadas para magicamente abrir a boca da múmia, dando-a vida para respirar e falar.
Um dos túneis do complexo segue pela encosta da montanha a que a tumba está localizada, seguindo diretamente para baixo do local onde o sarcófago estava na câmara funerária. Por mais que se acreditasse que poderia haver uma sala secreta em sua extensão, pesquisadores não encontraram nada, tendo o projeto sido, muito provavelmente, abandonado.
Exploração e danos
O sarcófago onde Séti está foi retirado da tumba em 1824, em nome do cônsul britânico Henry Salt. Agora, a urna mortuária permanece no Sir John Soane’s Museum, em Londres. Esse não foi o único dano sofrido no lugar, em 1829, durante a expedição do tradutor da Pedra de Rosetta, Jean-François Champollion, uma parede inteira foi removida em um corredor que apresentava esplêndidas imagens espelhadas em ambos os seus lados.
Outras paredes foram removidas em outras expedições lideradas sempre por europeus, e hoje estão expostas em coleções importantíssimas e valiosas no Velho Continente, como no Museu do Louvre, e nos de Florença e Berlim.
Mais recentemente, durante escavações na década de 50 e 60, inúmeras paredes acabaram colapsando também. Essas quedas acabaram resultando em um sério problema para o local, que recebeu uma considerável mudança em sua umidade, afetando as rochas ao redor e tornando o ambiente instável.