Rui Car
13/10/2021 09h54

“Crianças expostas à dor, tortura e morte”, por que sucesso da Netflix é alerta aos pais?

Série coreana "Round 6" é um fenômeno mundial e usa temática de brincadeiras de criança, mas especialistas alertam para os perigos da produção

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Entre as séries e filmes mais vistos da Netflix há semanas, a série coreana Round 6 é um verdadeiro fenômeno mundial de audiência e repercussão. Classificada para maiores de 16 anos, a produção tem chamado a atenção de crianças e adolescentes pela temática de brincadeiras e visual colorido e chamativo, mas é necessário atenção e o psicólogo André Leonardo Veridiano, faz o alerta. “Crianças e adolescentes são expostos a banalização da dor, tortura, sofrimento alheio e morte”, fala.

 

Ele salienta, ainda, que crianças e adolescentes podem desenvolver fragilidades e sofrimentos, inclusive na vida adulta. “Crianças e adolescentes que já se encontram com algum sofrimento ou fragilidade podem desencadear algum tipo de transtorno ou dificuldades sociais, visto que os personagens da série possuem algo em comum: ausência de empatia”, reforça.

 

A história gira em torno de pessoas endividadas, desajustadas, financeiramente falidas, corruptas ou endividadas que entram em uma “brincadeira infantil” com um prêmio milionário. No entanto, quem perde o jogo não é apenas eliminado, é assassinado.

 

O psicólogo ressalta que centenas de pessoas são executadas sem nenhuma preocupação logo nos primeiros episódios e não há nenhuma preocupação ou precaução com a maneira com a qual isso é retratado na série e, além disso, as mortes são realizadas dentro de jogos infantis, o que chama a atenção do público de crianças e adolescentes.

 

A combinação é extremamente perigosa, visto que o próprio criador da trama admitiu sua preocupação com o número de crianças atraídas pela série. A gameficação da vida é o fenômeno de trazer os jogos para a vida real e é por isso que os programas de televisão ou séries que tratam do assunto viralizam com facilidade. O problema está quando indivíduos ainda em desenvolvimento psíquico são expostos a conteúdos adultos”, avalia.

 

Veridiano reforça ainda o quanto os personagens “escolhem” voltar aos jogos mesmo quando há a possibilidade de abandonar os jogos “aceitando o pacto de tortura e violência”. O psicólogo chama a atenção, ainda para a mensagem que a trama traz. “Estamos vivendo tempos em que o dinheiro ocupa grande parte de nossas vidas e os detalhes da vida passam despercebidos. Mas quais são os limites para trabalhar uma temática tão delicada dentro de um universo infantil?”, diz.

 

Ele ressalta que é fundamental que os pais dialoguem com os filhos sobre os conteúdos, verifiquem a presença de gatilhos e procurem conteúdos adequados para a faixa etária. “É essencial acolher e informar crianças e adolescentes acerca dos riscos à exposição a estes conteúdos, já que a linha que separa o real e o não real vem ficando cada vez mais frágil com o avanço das tecnologias e dos efeitos especiais”, finaliza.


Fonte: ND+

Foto: Reprodução / Netflix

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