Rui Car
05/06/2020 13h57

2020 é o pior ano da história? Não de acordo com a ciência

Uma pesquisa feita em 2018 indicou qual foi o pior período histórico para se estar vivo

Assistência Familiar Alto Vale
Delta Ativa

Qual foi o pior ano já vivido pela humanidade? Nos últimos meses, usuários das redes sociais têm criado piadas e memes em cima da aposta no ano de 2020 como uma possível resposta a essa pergunta. Não é pra menos: de janeiro até aqui, o mundo já assistiu a especulações a respeito de uma Terceira Guerra Mundial, incêndios de enormes proporções, o estouro da pandemia de coronavírus, o colapso da economia em vários níveis, tensão e instabilidade política em diversos países – já fomos até ameaçados por abelhas gigantes asiáticas.

 

Mas, segundo os cientistas, 2020 é fichinha perto de 536 – este sim, o pior ano da história. A pesquisa sobre o assunto foi publicada na revista Science ainda em 2018, mas voltou à tona com os memes postados na internet nas últimas semanas. O historiador e arqueólogo Michael McCormick, da Universidade Harvard, que liderou a equipe que publicou o artigo, explicou, em entrevista à Science na ocasião, que 536 “foi o começo de um dos piores períodos para se estar vivo, se não o pior.”

 

Acontece que, naquele ano, um vulcão na Islândia entrou em erupção e cobriu o céu do hemisfério norte com cinzas – ao longo de nada menos que 18 meses, um ano e meio. “O Sol deu sua luz sem brilho, como a Lua, durante todo o ano”, escreveu Procópio, historiador da época. A temperatura média, no verão, caiu cerca de 2ºC; e a década de 530 foi a mais fria em 2,3 mil anos.

 

A falta de luz e calor impactou a agricultura; e uma crise de fome assolou o planeta: há registros de falta de alimentos em documentos de países tão distantes quanto Irlanda, Mesopotâmia e China. A crise ainda foi agravada por mais duas erupções vulcânicas, em 541 e 547. O ano de 541 também coincidou com uma epidemia de peste bubônica, que começou em um porto egípcio e se espalhou por todo o Império Romano do Oriente: a doença matou entre 35% e 55% da população do litoral do Mediterrâneo.

 

Os historiadores estimam que as consequências do desastre iniciado em 536 só foram plenamente superadas por volta de 640 – ou seja, um século mais tarde.

 
Fonte: NSC
Justen Celulares