Rui Car
14/01/2021 10h22 - Atualizado em 14/01/2021 11h34

Casos de Febre Amarela em macacos do Alto Vale ligaram o alerta para a doença no Sul do país

Saiba como o vírus se propaga na natureza e entenda o importante papel dos animais

Assistência Familiar Alto Vale
Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Delta Ativa

No último mês, Braço do Trombudo emitiu um alerta para casos de Febre Amarela que já mataram mais de 25 macacos no reservado município de quase quatro mil habitantes. Atalanta foi outra cidade do Alto Vale que também teve mortes de macacos pela doença.

 

Com isso, a Vigilância Epidemiológica de Braço do Trombudo passou a visitar casas próximas ao local onde os animais foram encontrados. Assim, um mapeamento detalhado da região foi feito. A orientação dada aos residentes é que eles se vacinem contra a doença.  

 

Dentre os 25 primatas encontrados, a maioria estava em estado avançado de decomposição, o que impediu que seu material genético fosse coletado para exames mais detalhados. Apenas 11 foram investigados mais afundo. Quando o resultado do primeiro deles chegou, foi constatada a infecção por Febre Amarela.  

 

Porém, apesar disso, a Secretaria de Saúde de Braço do Trombudo informou que, até o momento, não há registros de pessoas infectadas com a doença. Mesmo assim, a entidade reforçou a importância e necessidade das pessoas se imunizarem contra a doença.  

 

Os surtos de febre amarela também relembram um triste fato no Brasil. Por ignorância, muitas pessoas acabam agredindo e até mesmo matando os animais por acreditarem que eles são culpados pela doença. 

 

A Febre Amarela 

 

Segundo o portal Drauzio Varella, a Febre Amarela é uma doença cujo reservatório natural são os primatas não humanos que habitam florestas e matas tropicais. De acordo com estudos genéticos, a doença surgiu na África, há cerca de três mil anos, chegando ao Brasil junto aos escravos que eram trazidos para trabalharem exaustivamente nas minas e lavouras.  

 

Como naquela época as cidades não dispunham de saneamento básico e sofriam com a infestação de mosquitos, a junção desses fatores acometeu as pessoas e trouxe trágicas consequências de saúde para a população.  

 

De acordo com o portal, a Febre Amarela possui duas variantes: a silvestre e a urbana. A primeira delas é a que acomete os primatas, que são hospedeiros do vírus, que é transmitido pela picada dos mosquitos Haemagogus e Sabethes a outros macacos ou a seres humanos que não se imunizaram.  

 

Esses insetos possuem o hábito diurno e comumente vivem em áreas de mata e, principalmente, nas copas de árvores do cerrado. Uma vez acometidos pelo vírus, eles se tornam vetores até morrerem. Assim, a morte de macacos representa um alerta de que o vírus está circulando por determinada região.  

 

Já a Febre Amarela urbana é transmitida a humanos através da picada de outro mosquito: o Aedes Aegypti, o mesmo que pode portar a dengue, a zika e a chikunguya. Habituado em grandes cidades, o inseto vive perto das casas, em reservatórios de água parada. 

 

Segundo o portal, no Brasil, os casos urbanos da doença já foram erradicados, sendo que o último caso desse tipo ocorreu em 1942, no Acre. Os registros seguintes foram todos da variante silvestre.  

 

Outro ponto importante de se ressaltar é que os macacos não transmitem a doença para os humanos, eles são apenas vítimas do vírus, assim como nós. Especialistas alertam que os primatas não tem que ser encarados como ameaça, muito pelo contrário, eles são importantes para o monitoramento da doença, se tornando um importante aliado em seu combate. 

 

Afinal, quando é constatado que um primata morreu de Febre Amarela, significa que o vírus está rondando a região. No ciclo silvestre, os mosquitos picam o macaco infectado e depois podem picam os humanos não imunizados.

 

Mas a constatação da morte de um primata pelo vírus pode dar tempo para que as autoridades adotem medidas de controle capazes de evitar a contaminação em humanos. Os macacos agem como uma espécie de ‘sentinelas’ do vírus. 

 

Tratamento e prevenção 

 

Não existe um medicamento específico para acabar com a Febre Amarela após um paciente ter sido contaminado, por isso, é importante evitar automedicações, afinal, remédios que contenham ácido acetilsalicílico, por exemplo, como a aspirina, pode aumentar o risco de sangramentos.  

 

A melhor coisa a se fazer nesses casos é manter o paciente bem hidratado e procurar ajuda médica especializada, que aplicariam drogas, caso necessário, para equilibrar a pressão arterial da pessoa infectada. 

 

Além disso, existe uma vacina segura e eficaz contra o vírus que é aplicada há anos por serviços públicos de saúde. Em vários estados brasileiros, inclusive, ela já faz parte do Calendário Nacional de Vacinação. 

 

Em 2013, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que uma única dose da vacina já é capaz de prevenir as pessoas da Febre Amarela por toda a vida.  

 

Outros casos recentes 

 

Além da região sul do país, a Febre Amarela também voltou a ligar o alerta do Distrito Federal. Como mostra matéria publicada pelo Correio Braziliense em 7 de janeiro, a Secretaria de Saúde local iniciou uma etapa itinerante de vacinação em São Sebastião.  

 

A ação começou no dia 4, semanas após ser anunciada a morte de quatro macacos na região do Jardim Botânico e de São Sebastião. Na ocasião, entretanto, apenas um deles foi diagnosticado com a doença, mesmo assim o serviço de saúde achou melhor iniciar um processo preventivo.  

 

Em três dias de ação, mais de 990 tiveram sua situação avaliada. Ao todo, 11 delas foram imunizadas naquele período. Além disso, as demais tiveram sua carteira de vacinação avaliada e, caso estivessem com alguma em atraso, era recomendado o comparecimento no posto de apoio para receberem as doses pendentes. 


POR: FABIO PREVIDELLI – AVENTURAS NA HISTÓRIA / RÁDIO EDUCADORA 90,3 FM

Participe de um dos nossos grupos no WhatsApp e receba diariamente as principais notícias do Portal da Educadora. É só clicar aqui.

Justen Celulares