Fonte: Globo Esporte
O Fluminense foi o único dos grandes clubes do Rio de Janeiro que não venceu no retorno do Campeonato Carioca após a paralisação pela pandemia do novo coronavírus. E sequer marcou gols nos dois jogos disputados. A derrota por 3 a 0 para o Volta Redonda e o empate por 0 a 0 com o Macaé despertaram críticas da torcida para Odair Hellmann, mas o treinador segue prestigiado com a diretoria. Em entrevista nesta sexta-feira ao canal “Praetzel FC” no YouTube, o diretor executivo de futebol tricolor, Paulo Angioni, saiu em defesa do técnico e negou que ele esteja pressionado:
– O Odair para mim já é consolidado, tem um grande conhecimento do que se propõe a fazer, que é ser treinador, e é uma pessoa que está sempre se aprimorando. Do lado dele tem o Mauricio Dulac, que é um profundo conhecedor de futebol, um dos melhores analistas de desempenho, serviu a Seleção por muito tempo. E o Odair é um estudioso. Outra coisa importante que ele tem é o processo da gestão, consegue gerir bem o ambiente sem conflitos. Para mim, aliado ao conhecimento de futebol, tem que ser bom gestor. A critica acontece em qualquer circunstância porque o compromisso é de vencer.
Durante a entrevista, Angioni foi questionado se o nível atual do Flamengo assusta, comparado aos demais clubes do Rio, e garantiu que não. O dirigente, que já trabalhou no Rubro-Negro nos anos 90, ainda foi além: elogiou a atual diretoria tricolor, que recentemente completou um ano de gestão, e disse acreditar ser possível no futuro chegar próximo do patamar em que se encontra o rival:
– Não me assusta. Digo com sinceridade, o Fluminense hoje tem uma gestão muito bacana, pessoas que pensam de forma muito futura, que para mim é o mais ideal. Sempre vivi o futebol pensando o futuro, cinco anos, 10 anos… O Fluminense pensa isso hoje, tem exercitado muito isso, o lado futuro do processo, e acredito muito que já está dando passos muitos largos institucionalmente. E vai continuar dando porque tem todo poder, convergência interna em todas as áreas, de ideias, transparência, projetos… Coisas bem avançadas do mundo moderno. (…) Não acho que vai ser difícil, não. Tem como encostar, chegar próximo (do Flamengo).
Por falar no Flamengo, Angioni não vê o rival como imbatível:
– Isso é uma das grandes belezas do futebol, ter o favoritismo do lado de fora. Quando começa o jogo você tem surpresas. Me lembro até pouco tempo de um clube que estava sempre enfileirado a ganhar títulos, os anos foram se passando e não ganharam. Não gosto muito do comparativo.
– Vejo condições, sim, do Fluminense ganhar do Flamengo. O Fluminense tem um corpo de jogadores grandes, bem desenvolvidos, de muita saúde que mescla (jovens) com jogadores mais experientes. Da mesma forma que nós temos que nos preocupar com adversários, eles também têm que se preocupar com a gente. Quando a bola rola, o favorito vai ser quem melhor está naquele dia, naquele momento.
Na entrevista, Angioni defendeu uma equiparação de salários no futebol brasileiro como forma de evitar um grande desequilíbrio. E apesar de considerar o “capitalismo dos pontos corridos” como uma forma de disputa sem justiça para o atual modelo, apostou em uma colocação “honrosa” do Fluminense no Campeonato Brasileiro:
– É impossível vencer 38 rodadas não havendo equilíbrio, não digo nem financeiro, porque é pouco provável conseguir encontrar, mas pelo menos de tabelamento de valores que se paga aos profissionais. Senão não tem graça. Se você tem um volume de dinheiro muito grande, vai ser desproporcional em qualquer competição longa. Se equiparar não o recebimento institucional, mas encontrar um formato onde equilibre salários, pelo menos cria um modelo melhor de competição.
– Eu sou sempre positivo, mas vou falar com minha convicção. Entendo o Fluminense hoje muito mais robusto do que ontem. Por isso vejo uma perspectiva de chegar a lugares bem honrosos na competição de pontos corridos. Podemos vir a surpreender, sim. Nosso momento hoje não é nem favorável para falar isso abertamente, mas sou espontâneo, verdadeiro.
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