A pandemia do coronavírus afetou em cheio a vida dos músicos. Eventos estão proibidos em Santa Catarina desde que o governo publicou o decreto de emergência, em 17 de março, e não ha data para o retorno dessas atividades. Em Florianópolis, uma pesquisa feita pela Setorial de Música, que é parte do Conselho Municipal de Política Cultural da cidade, mostrou que mais da metade desses profissionais está endividada ou sem recursos.
Os dados foram coletados entre 6 e 20 de maio de forma online. De 300 respostas, 26,7% dos músicos disseram que já estão endividados. Outros 26% afirmaram que estão sem recursos e outros 21,7% declararam que só tinham recursos para o próximo mês. Juntos, esses três grupos representam 74,4% das respostas.
Dificuldades
“De cara, assim que começou o isolamento já me quebrou as pernas porque eu tinha dois shows grandes para tocar”, contou o cantor, compositor e instrumentista Jeisson Dias, que toca cavaquinho. Com o dinheiro dessas apresentações, ele pagaria uma obra que precisou fazer. “Agora direto em casa, né? E realmente sem dinheiro pra nada. Meus pais estão me ajudando com alimentação”, resumiu.
A situação também ficou difícil para a cantora Rachel Barreto, que buscou outro ramo que usava para complementar a renda para poder atravessar o período de proibição de eventos. “Eu estou vivendo com a ajuda da minha família e meu trabalho de cozinha. Comprei um freezer e vou focar. Apesar de eu amar também cozinhar, tinha isso como um adendo de renda”, contou. “A gente se reinventa”, disse.
Rachel, que também é presidente da Associação dos Músicos Profissionais de Florianópolis, não sabe quando a situação mudará. “Eu me sinto uma prisioneira sem sentença. Nós somos a última categoria que vai voltar a trabalhar. Os bares que eu canto tem dança. Quem é que vai dançar junto? Muitos bares não estão nem abrindo. Não tem demanda”, afirmou.
“Quando liberar os ônibus e as escolas, depois disso tudo que vai liberar a indústria do entretenimento”, disse Rachel. Para Jeisson, o momento é de cautela. “Agora é hora de guardar o dinheiro, a gente não sabe o que vai ser daqui pra frente. E na esperança de ter vacina, né?”, disse.
Auxílio emergencial
Como autônomos, músicos da capital tentaram sacar o auxílio emergencial de R$ 600 do governo federal. E relataram ter encontrado obstáculos. Jeisson conseguiu o auxílio, mas precisou tentar por duas semanas.
“Tivemos um pouquinho de problema para sacar o dinheiro porque sempre dava erro no sistema. Volta, tenta de novo. Erro, volta, tenta de novo. Às vezes saía do ar. Às vezes mesmo no ar o sistema pedia para a gente voltar de novo, mesmo a gente dando os dados certos”, relatou.
Já Rachel fez o pedido em 7 de abril e disse que deve receber nesta terça-feira (26) a primeira parcela do auxílio.
Fonte: G1