Rui Car
26/05/2020 14h31

Mais da metade dos músicos dizem estar endividados ou sem recursos na pandemia

Dados são de pesquisa da Setorial de Música da cidade. 'A gente se reinventa', diz cantora que foca na venda de alimentos enquanto eventos estão proibidos.

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A pandemia do coronavírus afetou em cheio a vida dos músicos. Eventos estão proibidos em Santa Catarina desde que o governo publicou o decreto de emergência, em 17 de março, e não ha data para o retorno dessas atividades. Em Florianópolis, uma pesquisa feita pela Setorial de Música, que é parte do Conselho Municipal de Política Cultural da cidade, mostrou que mais da metade desses profissionais está endividada ou sem recursos.

 

Os dados foram coletados entre 6 e 20 de maio de forma online. De 300 respostas, 26,7% dos músicos disseram que já estão endividados. Outros 26% afirmaram que estão sem recursos e outros 21,7% declararam que só tinham recursos para o próximo mês. Juntos, esses três grupos representam 74,4% das respostas.

 

Pesquisa sobre músicos em Florianópolis — Foto: Reprodução/Setorial da Música

Dificuldades

 

“De cara, assim que começou o isolamento já me quebrou as pernas porque eu tinha dois shows grandes para tocar”, contou o cantor, compositor e instrumentista Jeisson Dias, que toca cavaquinho. Com o dinheiro dessas apresentações, ele pagaria uma obra que precisou fazer. “Agora direto em casa, né? E realmente sem dinheiro pra nada. Meus pais estão me ajudando com alimentação”, resumiu.

 

A situação também ficou difícil para a cantora Rachel Barreto, que buscou outro ramo que usava para complementar a renda para poder atravessar o período de proibição de eventos. “Eu estou vivendo com a ajuda da minha família e meu trabalho de cozinha. Comprei um freezer e vou focar. Apesar de eu amar também cozinhar, tinha isso como um adendo de renda”, contou. “A gente se reinventa”, disse.

 

Rachel, que também é presidente da Associação dos Músicos Profissionais de Florianópolis, não sabe quando a situação mudará. “Eu me sinto uma prisioneira sem sentença. Nós somos a última categoria que vai voltar a trabalhar. Os bares que eu canto tem dança. Quem é que vai dançar junto? Muitos bares não estão nem abrindo. Não tem demanda”, afirmou.

 

“Quando liberar os ônibus e as escolas, depois disso tudo que vai liberar a indústria do entretenimento”, disse Rachel. Para Jeisson, o momento é de cautela. “Agora é hora de guardar o dinheiro, a gente não sabe o que vai ser daqui pra frente. E na esperança de ter vacina, né?”, disse.

 

Auxílio emergencial

 

Como autônomos, músicos da capital tentaram sacar o auxílio emergencial de R$ 600 do governo federal. E relataram ter encontrado obstáculos. Jeisson conseguiu o auxílio, mas precisou tentar por duas semanas.

 

“Tivemos um pouquinho de problema para sacar o dinheiro porque sempre dava erro no sistema. Volta, tenta de novo. Erro, volta, tenta de novo. Às vezes saía do ar. Às vezes mesmo no ar o sistema pedia para a gente voltar de novo, mesmo a gente dando os dados certos”, relatou.

 

Já Rachel fez o pedido em 7 de abril e disse que deve receber nesta terça-feira (26) a primeira parcela do auxílio.

 

Fonte: G1

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