Rui Car
13/06/2018 10h45 - Atualizado em 13/06/2018 10h37

Morte de mulher de Salete foi a 51ª do ano na BR-470, no Vale do Itajaí

Fatalidade quebra sequência de 31 dias sem ocorrências com vítima fatal

Assistência Familiar Alto Vale
Augusto Ittner - Jornal de Santa Catarina / Educadora

Augusto Ittner - Jornal de Santa Catarina / Educadora

Delta Ativa

A BR-470 registrou nesta terça-feira a 51ª morte no trecho entre Pouso Redondo e Navegantes, que compreende as regiões do Alto Vale do Itajaí ao litoral norte do Estado. O acidente, que envolveu uma caminhonete no trecho de Trombudo Central e vitimou Ana Paula Souza, interrompeu o maior período sem vítimas fatais na rodovia desde o início do monitoramento feito pelo Santa, em 2014. Antes, o maior espaço de tempo sem ocorrências com óbito era de 27 dias, entre 9 de janeiro e 6 de fevereiro de 2016 – justamente em meio à temporada de verão. Neste ano, embora os primeiros cinco meses tenham sido violentos na principal rodovia da região, não havia registro de morte desde 11 de maio.  

 

Nesse meio tempo houve a paralisação dos caminhoneiros, é verdade, mas será que ela foi a única responsável por esse período de tranquilidade? Para Fábio Campos, coordenador estadual do Maio Amarelo, não. Conforme o especialista em trânsito, uma soma de fatores impacta nesses números.

 

– O momento de obras na BR-470 pode até reduzir a imprudência, com a falta de espaço para o condutor fazer manobras perigosas. Mas, acredito que esse período sem mortes já é reflexo de uma mudança no pensamento das pessoas. Pode ser pouco, mas tem. Querendo ou não, o mês passado foi muito intenso nas políticas de trânsito com o Maio Amarelo – explica.

 

O policial rodoviário federal Carlos Possamai explica ainda que esse período do ano, historicamente, registra menos ocorrências graves. Isso aliado à greve dos caminhoneiros contribuiu para a soma de 31 dias sem mortes.

 

– Os dias da paralisação cooperaram em meio a esses 31 dias, tanto que nesse período nem houve mortes nas outras rodovias federais de Santa Catarina. Dá para a gente dizer que houve duas semanas de atipicidade, já que mesmo após a paralisação dos transportadores levou um tempo para tudo voltar à normalidade – opina.

 

Para a especialista em trânsito, Márcia Pontes, não é possível comemorar esse índice, já que ele não indica o fim das ocorrências ou mesmo de acidentes que terminem com vítimas feridas. Na terça-feira, inclusive, além da morte em Trombudo Central, houve um capotamento próximo ao limite entre as cidades de Indaial e Blumenau envolvendo um veículo GM Corsa. 

 

Márcia diz que, do ponto de vista técnico, é difícil avaliar os motivos desse período sem mortes na rodovia federal, mas acredita que ele não pode ser tão festejado.

 

– No Brasil, 50 mil pessoas morrem por ano no trânsito e o batalhão de sequelados chega a 500 mil. Não há nada para comemorar. Vítima tem todo dia e são essas pessoas que entopem o sistema de saúde. Não é porque só uma alça de caixão foi segurada que a gente precisa festejar. Pode não ter gente matando gente agora, mas tem gente ferindo gente – argumenta.

 

Primeiro semestre foi violento na rodovia
Embora os 31 dias formem o maior período sem mortes desde 2014, o primeiro semestre deste ano é violento na BR-470. Em 11 de maio, quando ocorreu o penúltimo acidente com vítima fatal – envolvendo um motociclista de 52 anos, no Km 71 da rodovia, em Indaial –, chegou a 50 o número de mortes no trecho monitorado pelo Santa. Em 2016, até 12 de junho, 31 óbitos haviam sido registrados, enquanto no mesmo período de 2017 foram 33. Desde 2000, já são 1.900 mortes computadas no trecho da rodovia federal que corta o Vale do Itajaí.

 

– O número assusta. O mesmo ano em que tivemos um longo período sem mortes é o ano em que mais temos vítimas fatais. Esse aumento repentino e a coincidência, como a gravidade de alguns acidentes em Pouso Redondo, chamam a atenção. É algo que carece de estudos, mas é uma região sem dúvidas perigosa – argumenta o policiai rodoviário.

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