O suspeito de matar Marcondes Namblá, de 38 anos, foi preso nesta sexta-feira (12) em Gaspar no Vale do Itajaí e confessou o crime, segundo a Polícia Civil. As agressões que levaram o professor indígena à morte ocorreram em Penha, no Litoral Norte.
Gilmar César de Lima é suspeito de espancar o indígena na madrugada de 1º de janeiro no Centro da cidade. As agressões provocaram a morte da vítima, no dia seguinte.
A prisão ocorreu durante uma operação da polícia da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Itajaí e Polícia Civil de Gaspar.
Ele teve a prisão preventiva decretada no dia 4 de janeiro. A polícia trabalha com a hipótese de que o espancamento do indígena tenha ocorrido por motivo fútil. “Ele [vítima] teria mexido com o cachorro dele [suspeito]. Não houve briga anterior”, disse o delegado Douglas Teixeira Barroco.
Namblá era do povo Laklãnõ-Xokleng, da Terra Indígena Laklãnõ, em José Boiteux e estava pela primeira vez em Penha para vender picolés e complementar a renda. Imagens de câmeras de monitoramento registraram o momento em que ele foi agredido por um homem que estava com um pedaço de madeira. O indígena foi atingido na cabeça, caiu e continuou a apanhar em seguida.
Professor formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ele ensinava crianças de tribos indígenas na mesma escola onde aprendeu a ler. O próximo objetivo dele era o mestrado. No ano passado, ele se tornou juiz das terras indígenas.
Protesto e cerimonia
Na quarta-feira (10), cerca de 200 indígenas do grupo Xokleng de José Boiteux participam de um protesto e cerimônia religiosa em Penha contra o assassinato. A cerimônia religiosa, feita na língua dos indígenas, durou cerca de uma hora. Depois da cerimônia, uma lança foi fincada no canteiro em memória de Marcondes e todos seguiram até a casa onde ele estava hospedado temporariamente em Penha, para vender picolés.
Investigação
Os indígenas não acreditam que a motivação do crime tenha sido fútil, como indica o inquérito da Polícia Civil, e pedem pra que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal investiguem o crime.
Segundo a PF, a corporação só atua em casos de disputas de direitos das comunidades indígenas, como territórios, e como para a PF não há indício desse tipo de situação, a investigação cabe à Polícia Civil. O MPF afirmou que acompanha a investigação e que procedimentos que serão adotados estão em processo final de elaboração.