Rui Car
26/01/2020 17h55 - Atualizado em 24/01/2020 10h56

Especialistas buscam romper cultura machista por trás da violência doméstica em SC

Os autores de agressão são obrigados a participar das reuniões semanais

Assistência Familiar Alto Vale
TJ/SC

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Delta Ativa

A desconstrução da cultura machista impregnada na sociedade, através de 10 encontros semanais entre autores de violência doméstica e especialistas na matéria, é um dos principais objetivos do projeto “Passos para resiliência: um olhar sobre o homem denunciado por violência contra a mulher na condição de parceira íntima”, cuja terceira turma concluiu seus trabalhos na última quarta-feira (23/01).

 

O projeto é uma parceria entre o Poder Judiciário de Santa Catarina e a Polícia Civil, que em fevereiro completa um ano de implantação na comarca de Joinville. Os participantes do projeto são encaminhados pelo juiz Gustavo Schwingel, responsável pela 4ª Vara Criminal de Joinville. Os autores de agressão são obrigados a participar das reuniões semanais com o intuito de entender os aspectos que envolvem a violência doméstica.

 

“Nos primeiros encontros, sentimos nervosismo mas ao longo das semanas a troca de ideias vai fluindo bem. Às vezes, a gente está de ‘cabeça quente’ e não pensa direito. Na verdade, temos que pensar antes de agir sempre. Sem dúvida, os encontros foram muito interessantes e reflexivos”, explica um dos participantes desta turma.

 

Ele tem 56 anos de idade e continua casado com sua esposa. ¿Ressaltamos a importância de respeitar o próximo e promover uma reflexão. Ao final de cada turma, conseguimos perceber uma ótima evolução deles”, expõe a psicóloga Márcia Santos, servidora da Polícia Civil que integra a equipe multidisciplinar do programa.  

 

Ela explica que os trabalhos buscam também identificar o processo emocional que antecede a situação de violência, refletir sobre a responsabilidade no próprio ato de violência, promover práticas interventivas de auto monitoramento e autocontrole, e conhecer a dinâmica fisiológica do estresse por meio de recursos audiovisuais.

 

As técnicas parecem surtir efeito. ¿O grupo me ajudou a clarear as ideias. Percebi que precisamos valorizar mais a vida das outras pessoas, aquelas que estão ao nosso redor”, garante um homem de 37 anos, responsável pela agressão de uma mulher com quem namorava na época da ocorrência.

 

As reuniões, com temas distintos a cada encontro, contam com a orientação da psicóloga Márcia Santos; do coordenador do curso de Psicologia da UniSociesc, Adilson Aviz; da delegada Georgia Bastos; da assessora do TJSC, Samira Macedo Aceti; e das acadêmicas de Psicologia, Letícia Dias e Ângela Goldgaber Nunes.

 

Os encontros acontecem todas as quartas-feiras, a partir das 18 horas, na sede da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) de Joinville, localizada no bairro Bucarein. A próxima turma deve iniciar atividades nas próximas semanas.

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