Rui Car
23/05/2017 09h30 - Atualizado em 23/05/2017 08h48

Delator diz que pagou para Dário Berger votar em Renan contra LHS para presidente do Senado

Em 2015, Renan derrotou LHS pela presidência do Senado em eleição secreta

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Texto: Leonardo Thomé e Upiara Bosci / Diário Catarinense - Foto: PMDB SC

Texto: Leonardo Thomé e Upiara Bosci / Diário Catarinense - Foto: PMDB SC

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A delação do executivo da JBS Ricardo Saud na Operação Lava-Jato cita outros políticos e partidos de Santa Catarina em supostos repasses de  propina dissimulada para campanhas no Estado. Em trecho do depoimento gravado em vídeo à Procuradoria Geral da República (PGR), o senador Dário Berger (PMDB) é relacionado com o beneficiado de R$ 1 milhão, em 2014, que teria sido repassado pelo também senador Renan Calheiros (PMDB-AL).

 

– O Dário Berger era candidato a senador por Santa Catarina, do PMDB, com chances reais de ganhar. Então, o Renan investiu nele R$ 1 milhão para comprometer o voto (para a presidência do Senado, cuja eleição seria realizada em fevereiro de 2015). Até foi um desgaste porque o falecido senador Luiz Henrique era o candidato do PMDB de Santa Catarina à presidência do Senado com o Renan. Houve um desgaste, e o Dário acabou votando no Renan por causa desse comprometimento – diz Saud no vídeo.

 

O valor de R$ 1 milhão citado por Saud faz parte de um total de R$ 9,91 milhões da JBS que teriam sido distribuídos para Renan, via PMDB nacional, na forma de propina dissimulada como doação oficial. O dinheiro foi distribuído para vários candidatos de diferentes partidos e Estados. Essa é a primeira vez que o nome de Dário aparece em delações premiadas da Lava-Jato.Além desse trecho, o senador peemedebista é citado em outros momentos nos anexos da Petição 7003 da PGR. Em uma planilha onde constam centenas de políticos, o valor ao lado do nome do catarinense é de R$ 500 mil. 

 

TSE tem registro deR$ 500 mil em doação

Na prestação de contas declarada no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Dário recebeu três pagamentos da JBS nas eleições de 2014. O primeiro deles em 17 de setembro de 2014, por meio de Michel Temer (PMDB-SP), então candidato a vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff (PT), no valor de R$ 100 mil em cheque. Já em 22 de setembro daquele ano, Dário recebeu também em cheque, R$ 200 mil, via diretório nacional do PMDB. Dias antes de decidir nas urnas a vaga ao Senado, em 2 de outubro de 2014, Dário recebeu novo aporte de R$ 200 mil, novamente em cheque e por meio de Temer.

 

Porém, o trecho que relaciona o senador catarinense ao recebimento de R$ 500 mil não especifica se a quantia foi paga em espécie, cheque ou transferência bancária. A reportagem entrou em contato com o senador Dário Berger, mas ele estava com o telefone celular desligado. O advogado Nilton Macedo, que faz a defesa de Dário em processos existentes no Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ), disse desconhecer a citação ao nome do cliente na delação premiada de Ricardo Saud, da JBS.

 

— Não tenho conhecimento, não. Mas é tudo muito esquisito. Essas operações estão se constituindo nisso: salta uma formiguinha aqui, daqui a pouco vira um formigueiro, e não se investigou a formiguinha.Também por meio de telefone, a assessoria de imprensa do senador afirmou que ele desconhece o conteúdo da gravação e que irá se posicionar depois de ter acesso ao conteúdo completo da delação.

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