Rui Car
22/03/2018 15h35 - Atualizado em 22/03/2018 15h38

Acampamento Marielle Franco: MST homenageia vereadora em Rio do Campo

Famílias chegaram no domingo, 18, na comunidade de Serra Mirador

Assistência Familiar Alto Vale
Acampamento Marielle Franco, na Serra Mirador, em Rio do Campo | Informações: Jornal Alto Vale Online - Foto: Aurio Gislon

Acampamento Marielle Franco, na Serra Mirador, em Rio do Campo | Informações: Jornal Alto Vale Online - Foto: Aurio Gislon

Delta Ativa

Quatro representantes do Fórum de Entidades do Campo e da Cidade do Alto Vale do Itajaí visitaram o acampamento das famílias sem terra na quarta-feira, 21. Famílias que chegaram no domingo, 18, na comunidade de Serra Mirador, no limite entre Rio do Campo e Salete.

 

As terras pertenciam a uma empresa madeireira de Salete que faliu. Atualmente pertence à União e já aconteceram dois leilões, sem aparecer interessados. A área em litígio tem em torno de 100 hectares. Desde 2015 entrou em processo judicial para o pagamento do passivo trabalhista. Nesse mesmo ano foi derrubado o pinus americano e, desde então, as terras estão paradas.

 

Comerciante de Salete torce para que agora os trabalhadores da cidade recebam as pendências trabalhistas para movimentar o comércio local, que perdeu muito com o fechamento do zoológico Cattoni Tur.

 

Entre as 27 famílias que estão reivindicando essa terra para plantar, 11 crianças, quatro idosos e 27 mulheres. Os adultos estão organizados por setor de saúde, educação, alimentação e infraestrutura.

 

No domingo, por volta das 7 horas, as famílias chegaram ao local. Houve muitos comentários negativos no município, mas a opinião pública logo mudou, à medida que foram circulando informações sobre as famílias e também por ser uma área em execução judicial, pertencente à União, para resolver dívida trabalhista.

 

A primeira decisão

O Código Ambiental de Santa Catarina prevê que seja preservada a vegetação numa faixa de 15 metros nas duas margens de córegos. A decisão deles foi de preservar 30, o dobro, de acordo com o Código Ambiental Brasileiro. Isso é muito importante para a criação e manutenção dos corredores ecológicos para preservar a flora e a fauna e cuidar bem da água.

 

Solidariedade

De acordo com os coordenadores do acampamento, Márcio e Ricleia, os agricultores da comunidade estão ajudando os acampados. Água é levada por um vizinho, em caixa transportada por trator. Madeireira instalada nas proximidades fez permuta e trocou sarrafos por dias de trabalho. As crianças já se beneficiam com o transporte escolar da comunidade e estão matriculadas e estudando.

 

Os representantes do Fórum de Entidades voltaram com a missão de organizar coleta de alimentos, roupas, colchões, cobertores, travesseiros e calçados para doar às famílias. Os coordenadores do acampamento, Ricleia e Márcio, também explicaram que nas imediações do acampamento tem um poço, mas que a água é um pouco suja. Filtros de barro seria a solução.

 

“Vamos fazer uma roça de alho, o tempero mais cheiroso da cozinha, para também vender e ter uma renda”, explicou Márcio.

 

A Reforma Agrária, o acesso à terra, a produção de alimentos saudáveis, fazem parte de uma política pública importante para a segurança alimentar e nutricional de um país que pensa no presente e no futuro. Política que fortalece a Agricultura Familiar, em benefício do conjunto da sociedade.

 

O acampamento foi batizado de Marielle Franco, em homenagem à vereadora brutalmente assassinada no dia 14 de março, no Rio de Janeiro (RJ).

 

Visitantes reunidos com acampados no barraco em construção para ser o “Plenário”, espaço comunitário
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