Rui Car
22/04/2019 08h57

Pressão externa e desgaste: como situação de Alberto Valentim ficou insustentável no Vasco

Treinador não resistiu a nova derrota no comando do Vasco e foi demitido

Assistência Familiar Alto Vale
Globo Esporte

Globo Esporte

Delta Ativa

Alberto Valentim deu fim a sua primeira passagem como técnico do Vasco na tarde deste domingo, no Maracanã. A derrota por 2 a 0 para o Flamengo que culminou com a perda do título do Carioca foi a gota d’água para um desgaste que já vinha sendo administrado pela diretoria, mas que chegou ao seu limite, principalmente pela pressão externa que existia sobre dele.

 

Após o jogo, Alberto Valentim participou da roda com os jogadores, elogiou a atitude do time e foi para sua sala. No mesmo instante, membros da diretoria, inclusive o presidente Alexandre Campello, se reuniram dentro do vestiário e decidiram pela demissão do treinador. Ele recebeu a notícia antes mesmo de sair, tanto que nem se dirigiu para a coletiva de imprensa.

 

 

Desgaste e pressão da torcida

O trabalho de Valentim tinha um reconhecimento grande da diretoria administrativa do Vasco, desde quando assumiu o time na temporada passada e conseguiu escapar do rebaixamento. Internamente, comenta-se que ele ainda será um técnico de ponta. Mas, aos poucos, os resultados negativos deste ano e as constantes críticas da torcida foram minando esta proteção sobre ele.

 

Tudo ganhou uma proporção ainda maior após a perda da Taça Rio para o time reserva do Flamengo. O treinador vinha sendo perseguido pela torcida, que não o poupava durante os jogos. A derrota para o Santos, na última quarta-feira, na Vila Belmiro, quando o técnico entrou em campo com três volantes, também gerou uma série de questionamentos quanto ao seu trabalho. As críticas, que eram destinadas também para a diretoria, se voltaram para ele e deixaram a situação insustentável.

 

Preocupação com Copa do Brasil

Existia uma preocupação no clube de como seria o comportamento do torcedor na partida da volta, contra o Santos, pela Copa do Brasil, na próxima quarta-feira, em São Januário. O time precisa fazer três gols para seguir na competição. Se ganhar de dois de diferença, leva para os pênaltis. Por isso, a importância de se ter um ambiente favorável também pesou na demissão.

 

Mudanças constantes na escalação incomodaram parte do elenco

Maxi López comemora gol do Vasco — Foto: André DurãoMaxi López comemora gol do Vasco — Foto: André Durão

Maxi López comemora gol do Vasco — Foto: André Durão

 

Sem o rendimento esperado de suas principais peças, Alberto Valentim acabou fazendo muitas trocas nesse início de ano. E isso, muitas vezes, incomodou parte do elenco. Em algumas situações, jogadores que participavam de um jogo, por exemplo, nem eram relacionados para o banco no seguinte. Como foi o caso do zagueiro Oswaldo Henriquez, titular na derrota por 2 a 0 para a Cabofriense, no Espírito Santo, e depois, não mais aproveitado.

 

Questionado uma vez no treino se estaria entre os titulares, um jogador brincou: “Se ele sonhar comigo”

O afastamento de Thiago Galhardo do elenco foi um dos momentos mais marcantes do ano. O jogador foi cortado pelo técnico antes da chegada do elenco na concentração para a semifinal contra o Bangu, o que gerou uma dúvida muito grande quanto ao relacionamento dos dois.

 

Principal nome do Vasco, Maxi López também não andava satisfeito. Um fato que mostrou muito bem isso foi quando ele acabou substituído no primeiro jogo da final e saiu de campo visivelmente chateado. Segundo pessoas próximas, o argentino já não se comunicava tão bem com o treinador como antes – os dois costumavam se falar em italiano. Ambos atuaram por anos na Itália.

 

O fato é que o casamento acabou mais rápido do que muitos imaginavam. Resta ao Vasco encontrar um substituto logo antes da estreia no Campeonato Brasileiro, no fim do mês.

Justen Celulares