Rui Car
06/01/2017 17h40 - Atualizado em 06/01/2017 14h15

A paciência da imprensa espanhola com Ganso acabou de vez

O forte dele sempre foi o passe e a visão de jogo

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Uma atuação desastrosa em apenas 45 minutos pelo Sevilla foi mais um argumento para os críticos de Paulo Henrique Ganso. Na derrota para o Real Madrid no meio de semana, o meia foi substituído ainda no intervalo e recebeu duras cornetadas da imprensa espanhola. Para os grandes veículos do país, o meia “foi um a menos em campo”.

 

O humilhante para o Sevilla, na Copa do Rei, foi apanhar de 3-0 do misto do Real Madrid. A atuação espetacular de James Rodríguez resolveu o duelo. O colombiano também vinha sendo muito criticado. Entretanto, a situação de Ganso já não era boa. Sem tantas chances e mostrando sua falta de mobilidade, o meia brasileiro estampou jornais e sites da Espanha como um atleta que só serve para países com nível mais fraco no futebol.

 

O que surpreende nessa história toda é o fato dos espanhóis desconhecerem o perfil de Ganso, que já jogava assim pelo São Paulo. O forte dele sempre foi o passe e a visão de jogo, não a sua capacidade de desarme, marcação ou movimentação. Quem contratou Ganso, com 27 anos e sem saber do que ele era capaz é igual ou mais incompetente do que acusa o ex-atleta do São Paulo.

 

Olheiros servem para apontar capacidades e limitações de jogadores para que dirigentes decidam se o contratam ou não. Pelo visto, alguém no Sevilla contratou só pela fama. E a imprensa espanhola foi na onda. É claro que é possível criticar Ganso por se eximir de suas responsabilidades e é sabido também que ele tem atuações bem discretas eventualmente.

 

Outra tecla batida pelos jornais é que Jorge Sampaoli é o grande responsável pela contratação de Ganso e que o técnico foi obrigado a substituir o jogador quando notou que o Real Madrid estava fazendo uma verdadeira festa no setor onde o meia se encontrava. Como o Sevilla melhorou após a saída do brasileiro, o argumento do “Ganso era um a menos” ganhou força.

 

Não é a primeira vez que a capacidade de Paulo Henrique é posta à prova. Mas ele não faz o estilo de craque que muda completamente o jogo para se redimir. Mostrar que o valor gasto nele no ano passado foi um bom investimento é um esforço talvez grande demais para o ex-são paulino. Pelo menos parece grande demais no contexto atual do Sevilla, uma equipe focada na agressividade e no empenho de seu elenco.

 

Com tanta pressão e cobranças envolvendo seu futebol, dificilmente Ganso terá paz para dar a volta por cima. Se tantos clubes brasileiros estão interessados em contar com ele para 2017, um retorno não seria um passo tão atrás assim na sua carreira. Mesmo porque, quando a imprensa espanhola cisma com algum jogador, a perseguição vai bem longe. Ninguém de lá terá a paciência que o Santos e o São Paulo tiveram com Ganso, o que por si só já é um obstáculo difícil de superar.

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