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Poucos jogadores encerraram 2016 com tanta moral quanto Gabriel Jesus. Alçado à titularidade da Seleção, campeão brasileiro com o Palmeiras e vendido para o Manchester City, time pelo qual estreará em breve, o jovem talento da base alviverde terá uma fase difícil em sua carreira a partir de agora. No competitivo futebol inglês, Jesus enfrentará novos desafios.
Para começo de conversa, ele não chegará para ser titular, pelo menos em teoria. Com Sterling e Agüero saindo na frente pelas vagas no ataque, Jesus teria Iheanacho e Nolito como verdadeiros concorrentes. Isso faria dele a terceira ou quarta opção, isso se Pep Guardiola não respeitar o fato de que Iheanacho já está há algum tempo brigando por espaço.
Espera-se que Gabriel aceite logo de cara o status de reserva. Em uma hipótese mais otimista, ele comeria a bola nos treinos e seria o reserva imediato de Agüero, mas talvez nem o próprio atacante acredite nisso no momento. Então temos a primeira dificuldade exposta.
Outro obstáculo óbvio será o idioma e o ambiente em Manchester. Longe das badalações de São Paulo, da família e dos amigos, Gabriel provavelmente ficará seus primeiros meses ao lado da comunidade brasileira no elenco. Os volantes Fernando e Fernandinho serão fundamentais neste período de adaptação à Inglaterra. Sabendo disso, não podemos cravar que Jesus estoure em menos de um mês no clube sob o comando de Guardiola, com esses elementos em consideração.
Se já não ficou claro, elucidamos também: Gabriel terá adversários muito mais qualificados. Diante da grande liga em termos de competitividade, é de se esperar que ele sempre tenha de fazer seu melhor para continuar em boa forma. As coisas já estavam difíceis no Brasil? Pois é, agora o nível sobe e não é pouco.
A questão é que Jesus não chegará como um jovem qualquer no elenco. Ele é simplesmente o camisa 9 de uma das maiores seleções da atualidade, o que pesa bastante para receber atenção por parte de Guardiola. Não que Pep não soubesse disso quando o contratou.
Ainda há mais uma preocupação: a proteção de sua vida particular. Na Inglaterra, terra onde os tabloides se proliferam, o jovem craque do City terá sua privacidade esmiuçada por veículos de imprensa e precisa mostrar que é um bom menino. Qualquer escorregão ganhará as capas de jornais, porque é simplesmente assim que eles agem. Sterling, que chegou em 2015 ao City e já era relativamente famoso em seus tempos de Liverpool, sofreu bastante com isso. O inglês tinha uma trajetória parecida com a do novo companheiro, o que o tornou alvo de reportagens maldosas. Gabriel precisa estar atento a isso também.
Esportivamente falando, Gabriel tem tudo para se dar bem. Ao subir mais um degrau em sua trajetória, o menino do Jardim Pery tenta escrever mais uma história de superação com base no talento com a bola nos pés. Se ele conseguiu cativar uma torcida tão exigente quanto a do Palmeiras, ser ídolo no Manchester City não parece mais um bicho de sete cabeças. Com paciência e empenho, ele deve mesmo manter a sua linha de evolução. Afinal de contas, ele agora é um jogador internacional e um dos principais da nova fase da Seleção Brasileira de Tite. Isso já é uma baita de uma responsabilidade.
