Rui Car
19/06/2019 14h18

Marta esquece susto com lesão e assume protagonismo também fora de campo no Mundial

Seis vezes melhor do mundo, ela sobe o tom no discurso e chama atenção por irreverência

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Globo Esporte

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Nem parecia uma atleta que sofreu uma lesão no começo de uma preparação para Copa do Mundo. Aqueles dias de tratamento intenso para o problema na coxa esquerda exigiram muita força mental de Marta. E, em processo de recuperação, é como se ela tivesse encontrado naquele momento de dificuldade um ânimo extra para esse torneio.

 

Nas últimas semanas, o que vemos na França é uma versão forte e ao mesmo tempo leve da melhor jogadora de todos os tempos. Também através de suas falas e atitudes, tem assumido um protagonismo no torneio.

 

 

Marta comemora com chuteira de igualdade de gênero em Brasil x Austrália — Foto: Jean-Paul Pelissier / ReutersMarta comemora com chuteira de igualdade de gênero em Brasil x Austrália — Foto: Jean-Paul Pelissier / Reuters

Marta comemora com chuteira de igualdade de gênero em Brasil x Austrália — Foto: Jean-Paul Pelissier / Reuters

 

Na vitória contra a Itália, aguentou mais tempo em campo do que esperava, saindo aos 37 da segunda etapa. A Rainha ainda não está 100% de sua forma, mas traz na Copa uma versão com características marcantes. Nas últimas semanas, Marta subiu o tom, como jamais fizera antes, ao pedir igualdade no esporte. Sabe da sua força no cenário do futebol, e fez barulho. Após o gol de pênalti que a levou a quebrar mais um recorde, de gols em Copas do Mundo, repetiu seu discurso.

 

– Sem dúvida é uma oportunidade que estamos tendo de pedir por mais apoio. De lutar por igualdade, pelo empoderamento, não é nada fora do normal, mas sim buscar demonstrar o quanto nós mulheres somos capazes de desempenhar qualquer atividade. Por ser uma Copa que está sendo vista por todos, a maior transmissão da história. Fique claro que não é só no esporte, é uma luta por igualdade para todas – disse Marta.

 

 

A brasileira trouxe esse discurso forte desde o seu primeiro jogo no Mundial, contra a Austrália. Na ocasião, a camisa 10 já atuou com a chuteira que pedia igualdade de gênero. Mas não somente de luta tem sido feita a quinta Copa do Mundo da melhor de todos os tempos. Ao acompanhar de perto a seleção brasileira, é notório a esforço que ela tem feito para manter o astral do grupo em alta.

 

A camisa 10 não larga de seu cavaquinho. Algo que gera até brincadeira entre as companheiras. Chama também atenção a forma irreverente e bem humorada que tem aparecido publicamente. Ao mesmo tempo, é uma das mais ”pilhadas’ nos treinamentos, grita, orienta. Sem saber se jogará outro Mundial daqui a quatro anos, é como se ela tivesse buscando viver tudo de forma especial.

 

A lesão que assustou semanas antes da Copa, aos poucos, vai ficando no passado:

 

– Lógico que voltando de uma lesão a gente sempre tem um receio. Eu fui até onde poderia ir sem sentir nada. O cansaço físico não foi o que afetou a minha saída, mas sim uma questão de pensar mais para frente. Se eu pudesse, ficaria o jogo inteiro, mas poderia correr o risco de sofrer uma nova lesão, ou sentir mais dores. Então, preferi prevenir – disse Marta.

 

– Fisicamente, não senti tanto o jogo. Fiquei até chateada por ter que sair, pois gosto de jogos assim, competitivos. Qual atleta não quer estar em um jogo como esse? Mas estou bem e vou sempre dar o meu melhor e buscar a superação – completou.

 

Aos poucos Marta vai readquirindo a melhor forma física — Foto: AFPAos poucos Marta vai readquirindo a melhor forma física — Foto: AFP

Aos poucos Marta vai readquirindo a melhor forma física — Foto: AFP

 

A seleção apresentou dificuldades em campo apesar da vitória sobre as italianas. Isso torna ainda mais necessário o protagonismo de Marta também dentro de campo. Com ela, o jogo flui melhor.

 

Próxima parada do Brasil

Por conta do equilíbrio da chave, o Brasil avançou na terceira posição do Grupo C da Copa do Mundo Feminina com duas vitórias, assim como Austrália e a líder Itália. Agora espera o encerramento das outras chaves para conhecer seu próximo adversário – e também saber a data do confronto pelas oitavas de final. Provavelmente, a seleção enfrentará a França no domingo, às 16h (de Brasília), em Le Havre.

 

Essa possibilidade pode se confirmar nesta quarta se a Argentina vencer a Escócia, pela 3ª rodada do Grupo D. No caso de qualquer outro resultado neste jogo, fica no ar ainda uma combinação em que o time de Vadão teria a Alemanha pela frente, sábado, às 12h30 (de Brasília), em Grenoble.

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