Rui Car
13/01/2017 15h40 - Atualizado em 13/01/2017 13h38

Jornal espanhol mostra cartas de esposas de atletas vítimas do voo da Chape

Letícia, a esposa de Danilo, relatou sua vida ao jornal Marca

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O jornal espanhol Marca lançou uma série nesta sexta (13), na qual 11 esposas de jogadores falecidos no acidente com o avião da Chapecoense, no dia 29 de novembro, contam como estão suas vidas depois de perderem pessoas tão queridas.

 

As primeiras a terem seus relatos publicados foram Letícia Padilha, esposa de Danilo, e Bárbara Monteiro, de Ananías. Todos os relatos são em primeira pessoa e dão ideia do drama que vivem desde o dia 28 de novembro, quando a delegação da Chapecoense e jornalistas brasileiros deixaram o Brasil com destino a Medellín, na Colômbia, e uma parada em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, onde embarcaram no voo da Lamia, que caiu por falta de combustível.

 

Letícia fala de sua dor, que mudou para a casa dos pais, em Arapongas, no Paraná, e que o filho Lorenzo, de apenas dois anos, sempre pergunta do pai Danilo.

 

“Ninguém está preparado para suportar tanta dor, mas muito menos na situação em que perdemos Danilo. Era um momento de felicidade para todos. Para ele, para mim, para nosso filho, para a Chapecoense. Vivemos diariamente porque respiramos, mas a sensação de estar vivos não nos tira a dor que nossas almas têm impregnada pela falta desse ser maravilhoso.  Eu não entendo porque ele não está em nosso lado nesse momento. Essa ligação de vocês tinha que ter sido feita para ele, para que ele pudesse lhes contar as coisas que fazia como goleiro da Chape, para contar como entrou no coração da torcida. Danilo foi grande, um campeão”, diz Letícia, que ainda conta sobre o dia a dia com perguntas do filho do goleiro.

 

“Cada dia espero que ele chegue em casa. Ainda não acredito no que aconteceu. O mais difícil é escutar Lorenzo falando do pai: “Mãe, olha a roupa do papai”; “mão, esse é o carro do papai”. Assim, várias vezes, quando ele está vendo a uma partida, se emociona pensando em Danilo. Há uns dias, quando estava chovendo, ele me disse: “mãe, papai está no céu”. O resumo de todo esse sofrimento se faz em uma pequena reflexão de Lorenzo, com seus dois anos, que me pede uma explicação, uma resposta a sua pergunta: “mamãe, por que o papai joga fora sempre”?

 

A esposa de Ananías também exalta a dificuldade de seguir a vida sem o marido e o filho pequeno, Enzo.  “A dor que me acompanha é a mesma sentida por Enzo, que sempre teve o pai muito presente, um companheiro para todas as horas. Ele ama muito o pai e sofre com muita saudade”, diz Bárbara.

 

“As recordações que ficam dele me fazem chorar e sorrir ao mesmo tempo, pela a saudade de sua partida inesperada, mas também pelo amor que vivemos que me traz alegria recordar. Tento transformar a dor que sinto em força para seguir adiante. Tenho Ananías como um grande exemplo para conseguir”, ressalta a esposa.

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