Rui Car
23/02/2017 16h40 - Atualizado em 23/02/2017 13h48

Gepe terá medidas preventivas e liga alerta com marginais na estrada

A possibilidade de confrontos no trajeto até Volta Redonda é uma das principais preocupações

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Globo Esporte

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A segurança é a bola da vez na semifinal do Campeonato Carioca entre Vasco e Flamengo, marcada, enfim, para sábado, às 17h, em Volta Redonda. E a selvageria entre torcidas já manchou a história dos clássicos na Cidade do Aço. Em 2005, um torcedor do Botafogo foi morto na estrada no caminho entre o Rio e estádio. Apesar de medidas adicionas de segurança que foram tomadas ao longo dos anos depois desse episódio, a ameaça de grupos que vão ao estádio com objetivos criminosos continua presente.

 

Uma reunião entre autoridades de Volta Redonda, Ferj e polícia, nesta quinta-feira, às 9h, definirá as diretrizes de segurança e logística da semifinal.

 

A possibilidade de confrontos no trajeto até Volta Redonda é uma das principais preocupações das autoridades para a realização da semifinal. Por isso, o Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe) tomará medidas preventivas para a partida. O comandante do Gepe, major Silvio Luiz, reconhece que grupos de “marginais” que não obedecem aos horários estipulados para a escolta sempre são ameaça.

 

–  (A solução é) Escoltar as torcidas, tanto é que isso não se repetiu desde 2005, já são mais de 10 anos. A escolta das torcidas foi criada mais para frente. O Gepe só trabalhava na parte interna do estádio. Mas é lógico que se grupos de marginais que se infiltram em torcidas organizadas resolverem não cumprir os horários estabelecidos pelo Gepe, os locais de concentração, e tentarem ir para a estrada fora desses horários…Lógico que isso pode acontecer. Mas agora o policiamento está passando por ali, faz a escolta, faz uma preventiva, vai na frente, para verificar se não tem outro grupo aguardando, tem todo um trabalho de prevenção que evita que isso volte a acontecer – explicou o comandante.

 

O major Silvio Luiz confirmou que a segurança interna do Raulino de Oliveira e escolta de organizadas serão garantidas pela unidade especializada. O GloboEsporte.com apurou que a Polícia Militar do RJ enviará efetivo de 100 homens para o interior do estádio e viaturas do Batalhão de Choque com 40 homens para atuar na área externa e escolta. Há a possibilidade de ser acionada a tropa de cavalaria..

 

Em 2005, morte com golpes de foice na estrada

Em 2005, o mesmo Flamengo x Botafogo que terminou em caos e morte no Engenhão no dia 12 deste mês e motivou a Justiça a impor torcida única no Rio de Janeiro – decisão suspensa para a semifinal em acordo homologado nesta quarta no Tribunal de Justiça -, foi pretexto para mais uma tragédia no futebol do estado. Na ocasião, o soldado do Exército e botafoguense Rhafick Tavares da Silva Cancio, de 20 anos, foi morto a golpes de foice em um confronto de torcidas. O assassinato ocorreu longe do estádio, na Serra das Araras, na estrada.

 

No dia 6 de novembro de 2005, um ônibus com alvinegros que não conseguiram entrar no Raulino de Oliveira – onde o Flamengo derrotou o Botafogo por 3 a 1 – teve um pneu furado. O grupo acabou emboscado por torcedores rivais que estavam na estrada, e Rakif foi brutalmente assassinado. 

 

O torcedor do Flamengo Jéferson do Carmo Melchiades Vieira, o China, foi preso em 2006, na Lapa, no Rio, e, em julho de 2007, foi condenado a 15 anos de prisão pelo assassinato. Ele seria condenado a 12 anos, mas teve a pena aumentada porque estava em liberdade condicional depois de cumprir parte de pena por roubo à mão armada.

 

O caso teve grande repercussão na época, e não havia ainda a escolta específica dos grupos de torcida organizada. 

 

Outro caso recente

Apesar de fatos semelhantes não terem acontecido no trajeto entre Rio de Janeiro e Volta Redonda, outros casos recentes mostram que a brutalidade pouco tem a ver com o jogo em questão e dão a dimensão do nível de animosidade entre as torcidas dos clubes que estarão em campo no próximo sábado. No dia 21 de novembro de 2016, um torcedor que voltava de um jogo entre Flamengo e Coritiba no Maracanã foi espancado até a morte em Realengo.

 

De acordo com familiares da vítima ouvidas em reportagem publicada pelo G1, Paulo Vítor Braga Araújo, de 29 anos, era membro de torcida organizada, mas não se envolvia em rixas. O tio da vítima contou ter ouvido relatos de que dois homens com um taco de beisebol e um pedaço de madeira com prego espancaram Paulo Vítor, que não resistiu, e outro rapaz quando desciam na estação de trem do bairro da Zona Norte. A polícia ainda busca os responsáveis.  

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