Rui Car
13/02/2019 16h23 - Atualizado em 13/02/2019 16h25

Flamengo: Indenizações não terão valores iguais e devem considerar expectativa de carreiras

Especialista calcula até R$ 10 milhões por jogador

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Mesmo sem ter valores específicos, a diretoria do Flamengo tem uma base de cálculo para as indenizações das famílias dos dez jogadores mortos no incêndio do alojamento no Ninho do Urubu, na última sexta-feira, em Vargem Grande.

 

A conta é extremamente subjetiva, ainda mais por se tratar de jovens em formação, com um futuro difícil de prever. Porém, o clube adotou referências para identificar uma média.

 

 

Acostumado a revelar ano a ano jogadores para o mercado do futebol, o Rubro-Negro, hoje, tem exemplos factíveis de jovens promissores que chegaram ao profissional e estouraram. O mais notável é Vinícius Júnior, que, aos 18 anos, está no Real Madrid e ganha mais de R$ 2 milhões por mês.

 

Outro caso de sucesso vindo da base é Lucas Paquetá, hoje no Milan. No clube italiano, ele vai receber na temporada quase R$ 8 milhões (algo em torno de R$ 600 mil por mês).

 

Os dois jogadores, porém, estão num patamar muito acima da média. No primeiro contrato profissional, por exemplo, passaram a receber o teto destinado aos jovens da base, de R$ 50 mil. Boa parte não passa dos R$ 10 mil em vencimentos, e os aumentos ao longo dos anos levam em consideração a progressão dentro de campo e convocações e jogos pela seleção.

 

Muitos, no entanto, chegam à idade limite para o profissional, não são aproveitados no time principal e acabam emprestados ou vendidos para clubes de menor expressão.

 

— É muito delicado. Pela idade dos meninos, a imprevisibilidade do futuro é grande. Não dá para saber se seria um novo Neymar ou um jogador comum — diz Luiz Fernando Leven Siano, especialista em direito internacional e esportivo.

 

Editoria de arte do Extra
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Por isso, a conta não deve ser igual para todas as famílias. De acordo com o especialista, o clube deverá avaliar cada caso por parâmetros específicos, como tempo de casa no Rubro-Negro e presença em seleções das categorias de base. O goleiro Christian Esmério, por exemplo, atuou tanto pela sub-15 e quanto pela sub-17:

 

— Se os critérios forem justos, as famílias se sentirão acolhidas. Mas, se eu estivesse no clube, jogaria os valores para cima para evitar ações.

 

Especialista calcula até R$ 10 milhões por jogador

Em um cálculo rápido, o especialista em gestão de crises e em Direito Internacional e Leven Siano faz uma soma média de cerca de R$ 10 milhões por família, considerando um salário médio de R$ 50 mil ao longo de uma carreira de 18 anos.

 

Ele lembra que o peso de ser um jogador de base do Flamengo é muito diferente de um clube de segunda divisão, por exemplo. A conta deve ser feita tendo em vista que o jovem formado no rubro-negro teria mais chances no mercado do futebol.

 

E, ao contrário dos jogadores da Chapecoense, mortos num acidente de avião em novembro de 2016, o cálculo se torna mais complicado. Afinal, nenhum dos meninos do Flamengo tinha contrato profissional.

 

Independentemente das apurações da polícia e da Justiça, caso as famílias não concordem com os valores oferecidos pelo clube, elas poderão acionar o clube judicialmente.

 

— Dificilmente o clube escaparia de uma indenização milionária numa ação judicial. Ainda que o incêndio tivesse uma causa fortuita, como um raio, o Flamengo é responsável pelos meninos — explicou.

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