Ex-Santos e companheiro de Neymar, lateral vira empresário e procura clube

O lateral-direito George Lucas guarda na memória grandes momentos vividos ao longo da carreira como jogador. Revelado pelo Grêmio, passou pelo Atlético Mineiro, foi para o Celta de Vigo, da Espanha, e esteve presente em uma das gerações de Meninos da Vila no Santos, com craques como Neymar, Paulo Henrique Ganso e André. Com 32 anos, o gaúcho ainda não abandonou as chuteiras, mas desde o ano passado deixou os gramados um pouco de lado e investiu em um outro caminho, o de empresário.

 

George Lucas fixou residência em Belém desde 2015, quando atuava pelo Remo. No ano passado, passou um período no Vila Nova, seu último clube. Na capital paraense decidiu expandir os negócios que já tinha com o irmão, no Sul. Hoje ele é proprietário de uma churrascaria, mas ainda pensar em voltar a jogar.

 

 

– A vontade é de voltar a jogar é grande, seja no Remo ou em uma outra equipe. Estou preparado para isso, treino todos os dias com um personal, estou em forma, à espera de uma proposta, se valer a pena, estou dentro. Tem um convite de Luxemburgo (país da Europa Ocidental) e mais outros do Sul do país. Devo ir lá nas próximas semanas para conversar sobre essa possibilidade, apesar de que minha ideia é permanecer por aqui mesmo – adiantou.

 

 

 

Mesmo que de longe, George Lucas acompanha o desenvolvimento da carreira de Neymar no Barcelona. Ele já havia lembrado de uma história curiosa do atacante, que foi barrado em um baile nos Estados Unidos. Nesta segunda-feira, dia 30, em entrevista ao programa GE na Rede, do GloboEsporte.com, o jogador falou dos conselhos dados ao ex-companheiro de Santos e a possibilidade dele, um dia, vir a se tornar o melhor jogador do mundo. 

 

– Dividi quarto com o Neymar na viagem que fizemos aos Estados Unidos e em outros momentos, durante uma pré-temporada pelo Santos. Na época, ele conversava comigo, dei alguns conselhos. Quando estava no Santos, era eu que batia falta, escanteio, pênaltis, e o Neymar ficava comigo, treinávamos juntos. É um cara muito rápido sem a bola, e fica quase impossível de marcá-lo. É um talento nato, uma pessoa que sempre buscou se aperfeiçoar, melhorar… Ainda vai crescer muito mais e conquistar os seus objetivos no futebol.

 

Lucas ficou no Celta de Vigo de 2006 a 2009. Lá, teve a oportunidade de jogar o Campeonato Espanhol, a Liga dos Campeões e enfrentar alguns dos atletas que entraram para a história do futebol, como Ronaldinho Gaúcho, Zidane e David Beckham. Entretanto, nenhum deles apresentou tanta dificuldade do que Messi. O lateral respondeu de uma forma bem humorada como foi marcar o argentino eleito cinco vezes o melhor do mundo.

 

– Eu também queria saber, pois não consegui… Existe um respeito, você toma mais cuidado em como partir para cima dele. O Messi é um gênio e se destaca, também, em razão de ter uma grande equipe ao lado dele, que é o Barcelona. Eu diria que uma pessoa sozinha não consegue marcar ele. Independente disso, você tem que se preocupar em jogar, caso contrário, entra na roda.

 

George Lucas se sente um privilegiado no futebol. Como se não bastasse ter jogado contra ou ao lado de grandes jogadores, ainda foi comandado duas vezes por Tite, atual treinador da Seleção Brasileira, no Grêmio e, em seguida, no Atlético Mineiro. Ele afirmou que, naquela época, o conterrâneo já apresentava as duas características que hoje o fazem ser celebrado no Brasil: gerenciador de grupo e antenado com a evolução do futebol.

 

– O Tite me lançou para o futebol no Grêmio, quando eu tinha 17 anos. Em seguida, ele também me levou para o Atlético Mineiro. Ele tem um poder muito grande para levar o jogador para o lado dele, procura saber a vida do atleta, como tratar, dar a devida atenção. Era assim desde o Grêmio e só foi aperfeiçoando mais. O Tite consegue passar a ideia de trabalhar de uma maneira clara. Se alguém acompanhar uma semana do treino dele percebe que ele dá ao reserva a mesma importância do titular. Na parte tática também é muito importante, ele estuda muito.

 

Ao GE na Rede, o lateral revelou um momento vivido por Tite no ano sabático que teve após deixar o Corinthians, ao final de 2013. O treinador fez uma espécie de “estágio” no Real Madrid, passando alguns dias ao lado de Carlo Ancelotti, fato que, de acordo com George, atesta a humildade do técnico da Seleção que, a partir dali, passou a aprimorar os seus conceitos técnicos e táticos, e crescer ainda mais na carreira.

 

– Umas das coisas mais legais do Tite é a humildade. Ele já tinha sido campeão mundial com o Corinthians e, durante uma dessas idas dele à Europa para fazer estágio, essa história quem me contou foi um amigo treinador muito próximo dele, passou cerca de seis horas em um jantar com o Carlo Ancelotti, que estava no Real Madrid. Antes havia dito para o Cléber Xavier, auxiliar dele: “anota tudo o que esse cara falar”. Naquele dia ele percebeu que não sabia tudo de futebol, continuou buscando conhecimento. Não é à toa que hoje está na Seleção.