Rui Car
18/07/2019 16h35 - Atualizado em 18/07/2019 14h12

Análise: Inter vive maior vitória da “era Odair” e finca o nome pelo título da Copa do Brasil

Colorado devolve 1 a 0 do jogo da ida contra o Palmeiras com uma atuação de superioridade

Assistência Familiar Alto Vale
Por Eduardo Deconto — Porto Alegre - Globo Esporte

Por Eduardo Deconto — Porto Alegre - Globo Esporte

Delta Ativa

O pênalti de Moisés mal explode no travessão, e Odair Hellmann já irrompe inabalado até a arquibancada. Ele extravasa, canta com a torcida e empunha até bandeira. Uma hora mais tarde, com o avançar da madrugada, o treinador já está mais tranquilo, mas não menos sorridente e diz que beberá um “vinho venenoso” para celebrar a vaga do Inter à semifinal da Copa do Brasil.

 

Motivos não faltaram para o comandante passar o resto da noite em festa, entre um cálice e outro. Nesta quarta-feira, a equipe conseguiu a vitória mais expressiva nos 19 meses sob seu comando ao devolver a derrota por 1 a 0 no jogo de ida e vencer o Palmeiras pelo mesmo placar no Beira-Rio. A classificação veio nos pênaltis, com triunfo por 5 a 4.

 

O roteiro percorrido pelo Inter até a vaga é tão emblemático quanto a vitória em si. Forjou a classificação com autoridade e superioridade em inúmeros aspectos: “na bola”, na intensidade, na estratégia e na emoção. Tudo isso para postular de vez a candidatura ao título da Copa do Brasil. O rival na semifinal será o Cruzeiro.

 

 

Inter postula candidatura ao título da Copa do Brasil após eliminar o Palmeiras — Foto: Ricardo Duarte/Divulgação, InterInter postula candidatura ao título da Copa do Brasil após eliminar o Palmeiras — Foto: Ricardo Duarte/Divulgação, Inter

Inter postula candidatura ao título da Copa do Brasil após eliminar o Palmeiras — Foto: Ricardo Duarte/Divulgação, Inter

 

– A defesa deles não levava gols há mais de mil minutos. Isso é o tamanho da nossa classificação. Tem que reconhecer o grande jogo que o grupo fez contra um dos principais elencos do futebol brasileiro. Para conseguir um feito desses, você precisa estar fortalecido. Só gostaria que hoje não tivesse mais Copa do Brasil, que fôssemos campeões. Mas não significa nada contra o Cruzeiro – desabafou Odair.

 

Com a necessidade de reverter a derrota por 1 a 0 na ida, o treinador escalou D’Alessandro na vaga de Nonato. Mas a manutenção de Patrick diz tanto sobre a estratégia para a partida quanto a entrada de D’Ale.

 

O argentino deu mais criatividade à equipe, com liberdade para encostar em Paolo Guerrero e Nico López e servi-los com assistências. Patrick, por sua vez, garantiu a intensidade e a combatividade necessárias para enfrentar o jogo de vigor físico típico do Palmeiras.

 

 

Deu resultado, especialmente no primeiro tempo. O Inter encurralou seu adversário no campo de defesa e buscou o gol desde o início, com bom aproveitamento nas jogadas de bola aérea, apoio constante dos laterais que, por vezes, entravam na área, e sempre foram bem cobertos pela dupla Patrick e Edenílson. Os contra-ataques acabaram neutralizados pela defesa.

 

O Inter encerrou a etapa inicial com 63% de posse de bola e 12 finalizações. O prêmio maior? O gol anotado por Patrick, aos 40 minutos.

 

A superioridade do Inter no jogo:

  • Finalizações: Inter 20 x 15 Palmeiras
  • Chances reais: Inter 6 x 3 Palmeiras
  • Bolas levantadas: Inter 19 x 9 Palmeiras
  • Escanteios: Inter 9 x 1 Palmeiras
  • Roubadas de bola: Inter 18 x 12 Palmeiras

 

No segundo tempo, Nico López ameaçou duas vezes logo cedo e acertou a trave, mas o Inter logo reduziu o ritmo. A equipe não só parou de pressionar o Palmeiras como viu o rival ficar mais com a bola e rondar a área em busca do gol.

 

Em vão. A defesa colorada sempre esteve bem postada e pouco permitiu infiltrações, salvo o pênalti sofrido por Felipe Melo e anulado com recurso do VAR.

 

 

Em meados do segundo tempo, Odair se viu dividido entre tentar garantir o “certo” com o 1 a 0 ou arriscar pelo “duvidoso” na busca pelo 2 a 0. E optou pela ousadia: sacou Bruno e Uendel, deslocou dois volantes para as laterais e mandou a campo Nonato e Wellington Silva – um meia e um atacante.

 

– É um jogo de xadrez. E se faço uma substituição mais ofensiva e tiro um cara que bate pênalti? Tudo isso passa em frações de segundo e precisa tomar uma decisão – diz Odair.

 

O pensamento “grande” deu resultado. O Inter chegou ao 2 a 0 com Víctor Cuesta, após cobrança de escanteio de D’Alessandro. Os colorados vibraram, o Beira-Rio explodiu em festa…. Mas o árbitro reviu o lance no VAR, identificou falta do zagueiro argentino em Felipe Melo e causou revolta geral.

 
 

“(Foi a vitória) Mais significativa por ser eliminatória. Acredito que tenha sido a com gosto melhor. Mas a gente sabe que não vale nada se não formos adiante. Tem que por na cabeça que o esforço tem que valer a pena” (Edenílson).

O gol e a anulação ocorreram já à beira dos 50 minutos do segundo tempo. O baque e o abalo emocional com a inversão de expectativas seriam naturais. Não ocorreram: mesmo em meio aos protestos, o Inter teve frieza de sobra para vencer as penalidades por 5 a 4. E para fincar de vez sua candidatura ao título da Copa do Brasil.

 

Classificado, o Inter enfrentará o Cruzeiro na semifinal. Antes, a equipe tem pela frente o Gre-Nal do próximo sábado, às 19h, no Beira-Rio, pela 11ª rodada do Brasileirão.

Justen Celulares