Rui Car
19/06/2019 08h43

Três erros inadmissíveis no estudo e exposição da Bíblia

“Seja diligente nestas coisas; dedique-se inteiramente a elas, para que todos vejam o seu progresso” (1Tm 4.15)

Assistência Familiar Alto Vale
Por Tiago Rosas - Gospel Prime

Por Tiago Rosas - Gospel Prime

Delta Ativa

Poderíamos listar 30 ou 300 erros ao invés de apenas três, mas não faltarão oportunidades para abordarmos outros equívocos comuns entre os que pregam ou ensinam a Palavra de Deus.

 

Nosso intuito não é promover a crítica pela crítica, mas oferecer orientações que corrijam comportamentos equivocados no púlpito ou nas salas de aula da Escola Dominical, e que ao mesmo tempo ajudem os expoentes cristãos a prosseguirem rumo à excelência da pregação ou ensino.

 

Primeiro erro: o abuso do achismo

É claro que no estudo particular da Bíblia nós vamos formando opiniões que se confirmarão ou não na medida em que aprofundamos e expandimos nossa investigação. Há inclusive textos difíceis e obscuros que abrem um leque de possibilidades interpretativas. Estou consciente disso.

 

Entretanto, o achismo que é um erro a se evitar é aquela prática cômoda e negligente de opinar sobre tudo e nunca buscar um embasamento bíblico e teológico sério, comprometido com as regras da Hermenêutica e da Exegese. É o abuso do “eu acho que…”, “eu penso que…” ou “minha opinião é que…”, sem um compromisso com o que o texto bíblico realmente diz, quer seja no texto ou no seu contexto.

 

Se a Bíblia oferece respostas, então não precisamos ficar opinando. Onde Deus se pronuncia, nossas opiniões tornam-se inúteis.

 

O estudante e expositor da Bíblia precisa “manejar bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15), a fim de “responder com mansidão aos que pedirem a razão de sua fé” (1Pe 3.15). Se formos diligentes no estudo bíblico, e desenvolvermos afinidade com os bons livros de teologia bíblica, então naturalmente fortaleceremos nossas convicções e em nossa boca se ouvirá menos “eu acho que…” e muito mais “Está escrito…”, “A Bíblia diz que…” ou“Assim diz o Senhor…”.

 

Como dizia Charles Spurgeon, a Bíblia, toda a Bíblia, nada além da Bíblia é a verdadeira religião da igreja de Cristo. Assim sendo, mais Bíblia e menos achologia!

 

Segundo erro: contentar-se na ignorância

O apóstolo Paulo reiteradas vezes doutrinou as igrejas contra a ignorância (1Co 12.1; 1Ts 4.13) e o apóstolo Pedro orientou para crescêssemos em graça e em conhecimento (2Pe 3.18). Todos sabemos que Paulo era um homem de alto cabedal teológico e cultural, ao passo em que Pedro, não obstante apóstolo do Senhor, era um homem sem instrução formal, um simples pescador da Galileia. Ambos, porém, eram contra a ignorância!

 

Na era da globalização, da massificação da informação e do acesso facilitado às instituições de ensino teológico formal, não há mais espaço para pregadores e ensinadores cristãos que exaltam a ignorância e menosprezam o dever de estudar teologia. Noutros tempos bastava citar “a letra mata” para afugentar muita gente do estudo formal da Bíblia; hoje, porém, todos sabem que a letra de que Paulo falava não é o estudo teológico formal, mas a letra da lei mosaica que ordenava sentença de morte aos transgressores (conf. 2Co 3); a Lei trouxe condenação, mas o Evangelho trouxe salvação! Inclusive salva-nos da ignorância, já que Deus quer que o homem salvo “chegue ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm 2.4).

 

O ensinador da Palavra de Deus deve ser um incentivador da leitura e do estudo teológico, assim como Paulo estimulou o jovem obreiro Timóteo: “Persiste em ler…” (1Tm 4.13).

 

Terceiro erro: superficialidade travestida de espiritualidade

Alguns querem justificar sua antipatia pelo estudo bíblico e teológico usando de um falso discurso de espiritualidade: “Não preciso de teologia. Meu negócio é joelhogia!”. Dizem isso como se os joelhos substituíssem o cérebro, ou como se a teologia fosse em si mesma contrária às boas práticas devocionais. Ledo engano! Unção e instrução devem andar juntas no ministério de um bom expositor da Palavra de Deus!

 

Não é preciso cometer suicídio intelectual para poder servir a Deus, até porque é mandamento divino amar a Deus com o coração, mas também com todo o nosso entendimento (Mc 12.30). Deus nos deu cérebro e espera que façamos bom uso dele para servirmos mais e melhor ao nosso próximo e prestarmos adoração completa ao Senhor. “Tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome” (Sl 103.1) – isso inclui nosso intelecto.

 

É de todos conhecida a história de um velho crente que foi indagado sobre o que era mais importante, se a oração ou a Palavra, ao que ele respondeu sabiamente com outra pergunta: o que é mais importante, a asa direita ou a asa esquerda de um pássaro? A resposta todo sabemos. O pregador e mestre sabe que deve haver um equilíbrio entre oração e estudo bíblico para que possa estar devidamente habilitado para transmitir todo o conselho do Senhor. Igual equilíbrio deve haver entre unção e instrução, santificação e erudição. Como dizia Antônio Gilberto, “o Espírito Santo tem uma afinidade especial com a mente treinada, quando santificada”.

 

Conclusão

Se ponderarmos estas coisas, formos humildes para corrigir eventuais equívocos em nossa postura e demonstrar interesse de acertar, então certamente o Espírito Santo, nosso grande Professor, nos suprirá de todo auxílio necessário. Afinal, Ele é quem tem maior interesse pelo nosso progresso espiritual e pela correta execução dos dons que nos entregou. “Seja diligente nestas coisas; dedique-se inteiramente a elas, para que todos vejam o seu progresso” (1Tm 4.15)

Justen Celulares