Rui Car
15/05/2018 13h42

O que todo mundo entende errado sobre os introvertidos

Introversão não é defeito

Assistência Familiar Alto Vale
HypeScience

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Você provavelmente pensa que uma pessoa introvertida é uma pessoa quieta, que prefere passar tempo sozinha e evitar situações sociais. Não é nada disso.

 

Ser introvertido não tem a ver com o quanto alguém gosta de passar tempo com outras pessoas. De fato, introvertidos podem ter algumas das amizades mais profundas e significativas.

 

A diferença é, na verdade, biológica, e se resume a como as pessoas processam situações sociais.

 

Estimulação cerebral

Segundo a psicóloga Perpetua Neo, em termos de química cerebral, os introvertidos têm um limiar mais baixo de sensibilidade à dopamina do que os extrovertidos. A dopamina é uma substância química associada à sensação de recompensa no cérebro – ou seja, sua liberação nos faz sentir bem.

 

Essencialmente, quanto menor o seu limiar de dopamina, mais facilmente estimulado você é.

 

“Introvertidos ficam mais energizados ao passar tempo sozinhos ou em grupos muito pequenos de pessoas em quem confiam”, explica Neo.

 

Logo, quando se encontram em um ambiente social que é altamente estimulante, enquanto o extrovertido fica cada vez mais estimulado e magnético, o introvertido começa a se “encolher”.

 

Muita estimulação x muita reação

O caminho que o cérebro de um introvertido ou extrovertido toma quando estão em contextos sociais é diferente. Enquanto os extrovertidos têm um caminho muito curto, os introvertidos possuem o que é chamado de “Via de Acetilcolina Longa”. O estímulo leva muito mais tempo, passando por muitas partes diferentes do cérebro.

 

Uma delas é o córtex insular frontal direito, a parte do cérebro que percebe erros. Introvertidos percebem todos os tipos de detalhes, o que os torna autoconscientes dos erros que estão cometendo.

 

Outra é o lobo frontal, que avalia resultados. Isso significa que um introvertido tem uma mente muito ocupada que se preocupa com o que vai acontecer. Ele também tende a acionar fortemente seu banco de memória de longo prazo ao falar.

 

Basicamente, para um introvertido, um evento nunca é apenas um evento. Embora os extrovertidos possam responder e reagir imediatamente aos ambientes, introvertidos não conseguem, porque muitas coisas estão acontecendo em suas cabeças ao mesmo tempo.

 

Recarregando sozinho ou em grupo

Por causa disso, introvertidos podem ficar um pouco mais ansiosos em contextos sociais, ou o que as pessoas podem chamar de um pouco mais “neuróticos”.

 

“Mas isso é apenas porque o seu cérebro é construído dessa maneira. Então, essencialmente, o que acontece é depois de muita estimulação social, seja em pequenos grupos ou em um contexto barulhento e superestimulado, o sistema nervoso de um introvertido fica sobrecarregado”, afirma a psicóloga.

 

Esse é o momento pelo qual introvertidos precisam gastar mais tempo sozinhos para se recarregar, o que é conhecido como “ressaca introvertida”. Isso ativa um caminho diferente no cérebro que estimula o sistema nervoso parassimpático, responsável pelas funções de “descanso e digestão”.

 

Os introvertidos gostam desse momento de recarga porque os ajuda a relaxar depois de liberar muitos hormônios, muito cortisol e adrenalina. Para os extrovertidos, estar sozinho pode ser mais estressante – e, assim, eles buscam situações sociais para se energizar novamente.

 

 

Você não é 100% introvertido ou extrovertido

Quão introvertido ou extrovertido você é – e é provável que você esteja em algum lugar no meio desse espectro, ao invés de ser simplesmente uma coisa ou outra – tem a ver, então, com neurodiversidade.

 

Não tem nada a ver com o quão tímido ou socialmente ansioso você é.

 

“A ansiedade social é quando você tem necessidade de evitar situações sociais porque tem medo de como vai se sair”, explica Neo. Ela acrescenta que uma pessoa socialmente ansiosa revive em sua mente todas as coisas que não deveria ter feito, ignorando todas as coisas boas. Isso a leva a evitar qualquer interação social futura, porque se sente exaustivamente desconfortável.

 

“Muitas pessoas confundem introversão com ansiedade social. Você pode ser extrovertido e ter ansiedade social, ou ser muito tímido. A diferença é que um introvertido tenderá a se recarregar por conta própria e um extrovertido precisa de um ambiente movimentado e de situações ocupadas para se recarregar”.

 

Introversão não é defeito

A introversão não é um insulto, nem algo ruim; é apenas uma maneira diferente de viver.

 

Onde quer que você esteja no espectro da introversão, o mais importante é aprender como usar suas diferenças a seu favor.

 

“Quanto mais confortável você está em dizer às pessoas: ‘Preciso de uma hora para mim mesmo. Vou dedicar um tempo a mim’, mais você poderá dominar e utilizar sua introversão a seu favor, ao invés de pensar que há algo errado com você”, conclui Neo. [ScienceAlert]

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