Rui Car
05/12/2019 13h48

Mulher alega que dieta baseada em carne vermelha a ajudou a emagrecer depois da gravidez

Mas essa dieta é saudável?

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Sara Zielke, de 26 anos, contou ao Daily Mail que teve dificuldade para perder peso depois de dar à luz os dois primeiros filhos. Ela ouviu falar da dieta baseada em carne vermelha em outubro de 2018 e decidiu experimentar.

 

Assim, começou a comer apenas carne – incluindo miúdos, como fígado -, ovos e lácteos. Sara conta que antes de engravidar do terceiro filho – ela está na 17ª semana de gravidez -, já havia perdido mais de 13 quilos e estava com a pele lisinha.

 

“Eu percebi vários benefícios, como maior saciedade, melhor composição corporal, pele mais brilhante e sem acne. Também me senti mais calma, com mais energia, e parei de sentir dores no corpo”, explicou a mulher de Wisconsin ao jornal.

 

Mas essa dieta é saudável?

Na verdade, não. Stacey Pence, nutricionista do Wexner Medical Center da Universidade Estadual de Ohio, explica ao Yahoo Vida e Estilo que dietas restritivas como essa não fazem bem à saúde. “No geral, as dietas muito restritivas ou que cortam certos tipos de alimentos não são recomendadas para a saúde, a menos que a pessoa tenha alguma alergia, intolerância ou condição física que exija que ela evite ou elimine alguns alimentos”, explica Stacey.

 

Ela continua: “Com uma dieta limitada à carne, deixamos de fora muitos nutrientes, como os fitoquímicos presentes nos alimentos à base de plantas, que podem reforçar o sistema imunológico e reduzir inflamações, entre outros benefícios. Além disso, faltam muitos outros nutrientes nas dietas baseadas apenas em carne.”

 

De acordo com o Guia Alimentar Americano 2015-2020, as pesquisas indicam que uma dieta rica em vegetais – frutas, verduras, grãos, legumes, oleaginosas, sementes e cereais integrais – pode reduzir o risco de desenvolvimento de doenças crônicas. Para prevenir o câncer, o Instituto Americano de Pesquisas Oncológicas recomenda limitar o consumo de proteínas de origem animal a um terço ou menos de cada prato, preenchendo os dois terços restantes ou mais com frutas, verduras, legumes e/ou cereais integrais.

 

Stacey também destaca que a gravidez não é o melhor momento para se fazer dietas tão restritivas. “O bebê está em formação e precisa de nutrientes, então não é recomendável seguir dietas muito restritivas ou que eliminam certos tipos de alimentos nesse momento da vida”, explica ela. “Durante a gravidez, é ainda mais importante consumir nutrientes de fontes variadas para favorecer o desenvolvimento do feto.”

 

Entenda o emagrecimento

No entanto, não é de surpreender que Sara tenha perdido peso antes da gravidez com essa dieta baseada em carne. Mesmo com uma alimentação pouco balanceada e saudável, é possível emagrecer. “Perder peso é uma questão de déficit de energia ou calorias”, explica Stacey. “Com a eliminação de um grupo alimentar ou a diminuição das porções, reduzimos as calorias, e isso leva ao emagrecimento. A redução de qualquer macronutriente – carboidratos, proteínas, gorduras – pode gerar déficits de calorias e resultar na perda de peso.”

 

No caso das dietas restritivas, os carboidratos normalmente são os primeiros a ser eliminados. “Infelizmente, os carboidratos não têm uma boa fama”, diz Stacey, explicando que é preferível consumir carboidratos na forma de lácteos com baixo teor de gordura, frutas, verduras, cereais integrais e grãos. “Os carboidratos são apenas um dos três macronutrientes que servem como fontes de calorias na nossa dieta. Quando consumimos muitos carboidratos, que não dão tanta sensação de saciedade, podemos ganhar peso, mas isso também vale para o excesso de qualquer macronutriente – carboidratos, proteínas, gorduras.”

 

Stacey explica também que embora “muitas pessoas superem a porção recomendada de carboidratos, o que pode engordar, os carboidratos não são nossos inimigos. O problema é o tamanho das porções!”

 

Uma dieta à base de carne pode acabar com a acne?

Sara, a mãe, afirma também que a dieta baseada em carne acabou com a acne dela. Mas a dermatologista Nava Greenfield, do Schweiger Dermatology Group em Brooklyn, Nova Iorque, explica ao Yahoo Vida e Estilo que isso é improvável. “Uma dieta exclusivamente à base de carne é muito difícil”, explica ela, “e não há evidências de que esse tipo de dieta possa acabar com a acne.”

 

Stacey, no entanto, diz que existem alimentos de origem animal ricos em vitamina A, como fígado de boi e óleo de fígado de bacalhau, que podem ajudar a melhorar a pele. “A vitamina A nesses alimentos é um tipo de vitamina A pré-formada conhecida como retinol, uma substância que pode deixar a pele mais saudável”, ela explica. “O retinol costuma ser usado em produtos dermatológicos.”

 

Nava diz que, de uma forma geral, “uma dieta saudável e balanceada melhora a aparência da pele, enquanto o excesso de álcool e as dietas com altos índices glicêmicos e que cortam grupos alimentares podem deixar a pele opaca e com aspecto pouco saudável. Para funcionar bem, a pele precisa de nutrientes e vitaminas, e estes são obtidos por meio da alimentação.”

 

Nava também explica que pode ser benéfico tomar multivitamínicos quando não comemos refeições balanceadas, mas que a melhor forma de ter uma pele boa é “tomar bastante água, comer alimentos saudáveis e variados e evitar alimentos processados e com ingredientes químicos. Recomenda-se comer muitas frutas e verduras e moderar o consumo de álcool.”

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