Rui Car
21/06/2018 08h50

Estudo revela que quem bebe pouco tem menos risco de câncer do que pessoas que não bebem

Mas especialistas alertam que quem não bebe não deve passar a beber para melhorar sua saúde

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Os abstêmios têm mais chances de morrer mais cedo do que aqueles que bebem pouco, revela estudo. A pesquisa descobriu o risco de uma pessoa desenvolver uma série de cânceres e que a morte prematura é menor entre aqueles que ingerem álcool com moderação.

 

“O consumo moderado de álcool ao longo da vida foi associado à redução da mortalidade geral e relacionada a problemas cardiovasculares, em comparação com o consumo zero de álcool”, disse o estudo, conduzido por cientistas da Queen’s University, em Belfast, capital da Irlanda do Norte.

 

“Esperávamos que quem bebe moderadamente apresentasse um risco combinado semelhante aos que nunca bebem, por isso o risco reduzido em quem bebe pouco foi surpreendente”, disse Andrew Kunzmann, pesquisador da universidade e principal autor do estudo.

 

Foram considerados como moderados aqueles que consumem de um a três drinques por semana. No entanto, o risco de câncer revelou-se aumentar para cada drink adicional por semana.

 

Kunzmann disse que quem bebe moderadamente pode sofrer menos risco de desenvolver doenças cardiovasculares por outras razões, visto que essas pessoas tendem a ser mais abastadas e preocupadas com a saúde, de outras maneiras.

 

Além do mais, aqueles que escolhem a abstinência podem fazê-lo por outras razões de saúde, o que pode colocá-los em um risco global maior de morte em comparação com quem bebe moderadamente.

 

Kunzmann disse ainda que apoia as diretrizes do governo, afirmando que mulheres e homens não devem beber mais de 2,8 litros de cerveja por semana. Ele também alertou que quem não bebe atualmente, não deve passar a beber só para melhorar a saúde.

 

A pesquisa, publicada no periódico PLOS Medicine, analisou os dados de 99.654 adultos nos EUA, com idades entre 55 e 74 anos. Os dados, coletados entre 1993 e 2001, vieram do Teste de Triagem de Câncer de Próstata, Pulmonar, Colorretal e Ovariano do EUA.

 

Os adultos responderam um questionário de histórico alimentar que avaliou o consumo de álcool. Eles também foram acompanhados durante uma média de 8,9 anos, e seus diagnósticos de câncer foram encontrados através de registros médicos.

 

O estudo foi motivado por “mensagens confusas de saúde pública” relacionadas ao consumo de álcool e causas de morte, e um debate crescente sobre as implicações da ingestão de álcool na saúde.

 

Enquanto algumas mensagens alertavam sobre os perigos do consumo de álcool em relação ao aumento do risco de câncer, outras diziam que o consumo moderado de álcool poderia diminuir o risco de várias doenças cardíacas.

 

Em 2016, Dame Sally Davies, Diretora Médica da Inglaterra, gerou polêmica ao incentivar mulheres a “fazer o que eu faço” e pensar sobre os riscos do câncer de mama antes de decidir tomar ou não uma taça de vinho.

 

“Faça o que eu faço quando pego minha taça de vinho – pense: ‘Será que eu quero uma taça de vinho ou quero aumentar meu próprio risco de câncer de mama?’ disse ela aos membros do Parlamento, enquanto apresentava evidências a um seleto comitê da Câmara dos Comuns. “Eu tomo uma decisão toda vez que tenho uma taça”.

 

No final do ano, ela disse que sua advertência foi mal formulada e que “poderia ter explicado melhor” – acrescentando que ela própria desfruta de uma taça de vinho.

 

No Reino Unido, as orientações gerais para o consumo de álcool dos Diretores-Médicos recomendam o consumo de não mais do que 14 unidades por semana – ou menos de um drink por dia – regularmente.

 

 

Maya Oppenheim

The Independent

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