Rui Car
04/01/2017 16h10 - Atualizado em 04/01/2017 14h08

Escola de samba do RJ vai criticar “agro” na Sapucaí

“O índio luta pela sua terra e da Imperatriz vem o grito de guerra”

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2017 abre o ano com um tema que é um tanto quanto antigo, mas infelizmente ainda muito atual. Desta vez o ultrapassado discurso do “agronegócio vilão” volta para as rodas de conversa, para a televisão e os jornais via Carnaval. É que a escola de samba Imperatriz Leopoldinense pretende levar para o Rio de Janeiro, desfilar e batucar pela Sapucaí ideias como as da ala intitulada “os fazendeiros e os seus agrotóxicos”, tese que deve ser reforçada pelo samba-enredo e por outras surpresas ainda não reveladas pela escola. Essa ideia caluniosa não me representa e tão pouco representa o que de fato é a agricultura, a agropecuária, o agronegócio brasileiro.

 

Na composição samba, letra e alas fica clara a construção do argumento “fazendeiro-destruição x índio-salvação” da floresta, das matas, dos rios, do Brasil. A música começa a tocar com o grito do sambista dizendo assim: “O índio luta pela sua terra e da Imperatriz vem o grito de guerra”. Um pouco mais a frente continua: “… o belo monstro rouba as terras dos seus filhos, devora as matas e seca os rios, tanta riqueza que a cobiça destruiu…”. Essa lógica que se pretende apresentar para o mundo inteiro no Carnaval do Rio mostra o quanto muitos brasileiros ainda ignoram o que é o grande talento do país, o agronegócio.

 

Enquanto o Brasil não enxergar e se orgulhar do seu verdadeiro talento, continuaremos a ser um país miserável. Miséria é a desgraça do desconhecimento cantado na antítese da produção vs. conservacionismo. Eu me pergunto, se essa ideia do “fazendeiro e seus agrotóxicos” fosse verdadeira, será que o Brasil ocuparia mesmo a posição de um dos maiores exportadores de alimentos do mundo?

 

A questão ambiental e social preocupa cada vez mais e é sabido que nós, consumidores, estamos exigentes, queremos saber a origem, como é feito. Será mesmo que um agronegócio que destrói rios, matas e culturas tem espaço ainda hoje?

 

Gostei muito da ideia defendida pelo jornalista Fábio Mezzacasa, de que não podemos generalizar. “Existem bons jornalistas e maus jornalistas, existem bons políticos e maus políticos, existem bons agricultores e maus agricultores”, diz ele.

 

Eu já andei pelo Brasil, visitei cidades do interior e capitais. Vi de perto o que é a agricultura brasileira, o agronegócio do país e digo, por experiência, vivência e convicção que os bons agricultores são a maioria, que o agronegócio não é vilão. Que pena que se atribui a um dos setores mais pujantes da economia brasileira a falsa responsabilidade do enfraquecimento da cultura indígena, que tem seu valor e precisa ser reconhecida por isso, do desmatamento dos rios e matas, sendo o Brasil o país que tem uma das mais rigorosas leis ambientais.

 

Não é cantando a vilania do agronegócio que a gente vai conseguir avançar. Que pena, Imperatriz, que seu samba canta a tristeza de um discurso retrógrado. Que pena!

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