Rui Car
07/11/2019 11h45 - Atualizado em 07/11/2019 09h31

Enfermeira adota rapaz com autismo para que ele pudesse passar por um transplante de coração

Nos Estados Unidos, para passar por um transplante, é necessário ter um “sistema de apoio”

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Imagine que você vive as dificuldades próprias de pertencer ao espectro autista. Imagine, além disso, que você precisa de um transplante de coração. Agora pense qual seria o sentimento de ter o nome tirado da lista de transplantes, por não ter um “sistema de apoio”, ou seja, alguém que possa cuidar de você durante o pós-operatório – um requisito para um transplante nos Estados Unidos. Foi o que aconteceu com Jonathan Pinkard, de 27 anos.

 

Reprodução/Youtube
Reprodução/Youtube

Um encontro, porém, mudou tudo. A enfermeira Lori Wood, de 57 anos, foi designada para acompanhar Pinkard em dezembro de 2018, no Piedmont Newnan Hospital, em Newnan, no estado norte-americano da Geórgia. Wood possibilitou que o nome de Pinkard voltasse à lista – adotando o rapaz. Para a enfermeira, a escolha não foi difícil. “Eu tinha de ajudá-lo. Não havia outra opção”, disse ela em entrevista ao jornal Today. “Ele morreria sem o transplante”.

 

Apenas dois dias depois de conhecê-lo, Wood perguntou se poderia se tornar sua guardiã legal. Pinkard, que vivia idas e vindas ao hospital, tinha que se recolher em um albergue para sem-teto quando não estava internado. Sem mal conhecer o rapaz, Wood o acolheu em sua casa. Com a mudança legal, ele pôde realizar o transplante.

 

“É preciso avaliar se o paciente poderá comparecer a consultas e seguir as ordens dos médicos”, explicou Anne Paschke, porta-voz da United Network for Organ Sharing, um grupo que seleciona os pacientes que passarão por transplantes de órgãos vitais nos Estados Unidos. “Se você passa por um transplante e não toma os medicamentos imunossupressores, a operação não servirá de nada”.

 

“Eu sabia que era isso que eu deveria fazer”

Reprodução/Youtube
Reprodução/Youtube

Wood e Pinkard logo estabeleceram vínculos de afeto. “Adoramos assistir a programas de perguntas e fazemos high five quando acertamos as respostas. Ele é muito amável”, contou a enfermeira. Ela monitora os medicamentos dele – são 34 comprimidos por dia – e o leva às consultas. “Ela me trata como a um de seus filhos”, afirmou Pinkard, que a chama de “mãe”. “Sou verdadeiramente grato por isso”.

 

O rapaz pretende voltar a trabalhar como auxiliar de escritório em dezembro. Wood o ajuda a desenvolver habilidades que o ajudem a viver de forma independente. “Tem sido uma alegria ter Jonathan conosco”, disse a enfermeira. “Eu sabia que era isso que eu deveria fazer”. Ela foi homenageada pelo hospital pela ação.

 

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